Na primeira parte da nossa cobertura do IV Encontro Brasileiro de Autos Antigos de Águas de Lindóia (galeria aqui e o vídeo mais abaixo), demos ênfase aos colecionáveis mais exóticos presentes no evento, como a Ferrari 225 S, a Alfa Romeo 6C 2500 Boneschi, Jaguar E-Type, De Dion e os Hupmobile; bem como os antigos britânicos e alemães. Agora é hora dos americanos das décadas de 1950 e 1960 e dos clássicos nacionais.
GT40: o classificado dos entusiastas! Caros amigos, o www.gt40.com.br, projeto-irmão do FlatOut, está no ar! O GT40 é uma plataforma revolucionária de classificados voltada para carros clássicos, exóticos e de entusiastas. Ainda nesta semana, habilitaremos o GT40 para que pessoas físicas possam anunciar seus veículos e traremos todos os detalhes do site. Recentemente, apareceram por lá brinquedos como Alfa Romeo clássicas, Ferrari 308 GT4, BMW M235i, Escort XR3, Passat inteiraços e Porsche da década de 80!
Em tempo, para quem não viu o nosso primeiro vídeo-cobertura de Lindóia, assista abaixo. Aproveite e assine o nosso canal do YT, pois muita coisa bacana está por vir! Ainda nesta semana, teremos mais dois vídeos, um focado em muscle cars e customizados em geral (incluindo um Charger R/T com motor V10 de Viper!), e outro mostrando alguns carros à venda no evento.
Agora, pegue aquele café quentinho e recline-se na poltrona. Deguste as fotos sem moderação – para ampliá-las, basta clicar nas imagens!
Na praça principal, havia um verdadeiro esquadrão de Impala e Bel Air, com destaque especial para a dupla 1959 (verde e azul, cupê e conversível) e para o conversível 1958 na cor Mountain Haze, um tipo de malva de baixa saturação com a cara dos anos 50. O acabamento interno destes automóveis era um espetáculo à parte: coluna de direção, volante, painel, tudo da mesma cor da carroceria – arrematado por muitos frisos cromados e forrações bastante sofisticadas.
Ao ver todos estes carros juntos, fica clara a transição de design ocorrida entre os anos 50 e 60. Note como os modelos dos anos 50 eram mais verticalizados, ainda com forte herança de estilo da década anterior. Conforme os anos 60 foram se aproximando, as silhuetas foram ficando mais esguias e menos rebuscadas, a ponto de em 1961 o Impala perder o rabo de peixe, vide cupê vermelho. A influência da aeronáutica nas linhas de todos eles é bem clara, especialmente na silhueta da cabine.
Abaixo temos um Chevy Nova 1968, terceira geração. Como todo gearhead com pé um pouco mais pesado, ficou difícil não imaginar um sleeper por trás desta cara de bom cidadão – de um 350 fuçado com comando bravo, muita taxa e diferencial de relação curta a algo obsceno como a receita completa de um Yenko 427 sob essa pele de cordeiro. Na sequência, um belo ‘Vette conversível C3 de 1974 em diante (note a ausência dos para-choques cromados, inclusive na traseira), um Ford Thunderbird de sexta geração, branco, que foi restaurado ao nível concours e apenas com peças OEM new old stock (peças novas de estoques antigos, sem reproduções) e uma belíssima dupla de Cadillac – o Series 62 1960 conversível vermelho era uma obscenidade.
Abaixo, os dois grandes rivais do automobilismo brasileiro do começo dos anos 60: GT Malzoni e Willys Interlagos. Tração e motor dianteiros, três cilindros e dois tempos; versus tração e motor traseiros, quatro cilindros e quatro tempos. Um delicioso antagonismo que temperou nossas provas de rua e de autódromos com duas equipes oficiais (DKW-Vemag e Willys) que fizeram história, seja com fumaça azul, seja com derrapagens controladas – Bird Clemente, Luis Pereira Bueno, irmãos Fittipaldi, José Carlos Pace, Anísio Campos, Chico Lameirão, dentre muitos outros. Na sequência, dois belos colecionáveis: Karmann-Ghia cupê e cabriolet.
Sou extremamente suspeito para falar de Dodge V8 nacionais, mas de fato, a seleção estava muito boa. Destaque especialíssimo para um carro extremamente raro: o Charger LS 1974, penúltimo ano da versão “standard” do Charger. Sua calota era exclusiva, o que torna sua restauração uma missão de arqueologia para iniciados do mais alto grau. Os pneus diagonais Goodyear Polyglas são fabricados atualmente pela Kelsey Tire, garantindo uma reposição historicamente apropriada sem riscos. Vemos estes mesmos pneus no Charger R/T 1975 marrom iguaçu e no Charger R/T 1976 amarelo tenerife.
Apesar do nome com referências à Ford, Lincoln é presidente do Chrysler Clube do Brasil e um dos colecionadores mais respeitados do meio. O que temos aí embaixo é um legítimo survivor, um Le Baron 1979 monocromático (aliás, não perca nossa reportagem especial sobre o charme e a nostalgia dos interiores monocromáticos) com pouco mais de 50 mil km que ele adquiriu há pouco menos de um ano. Fechamento de portas como uma manteiga, carroceria totalmente íntegra e um interior com aquele clássico perfume de carro que nunca foi restaurado. Amplie a foto para ver a descrição da nota fiscal, que coisa curiosa. Os bancos do Le Baron são algo que todo entusiasta precisa experimentar, nem que seja por alguns segundos.
Abaixo, uma festa de Chrysler americanos: começando com a plataforma B-Body (um pouco mais longa e larga que a A-Body, que forma os Dart e Charger brasileiros), temos um Super Bee 1970, um Dodge Coronet R/T 1970, um delicioso Charger R/T 1968 Tuxedo Black, um Plymouth Roadrunner 1970 e um Challenger 1973 ou 1974 (plataforma E-Body, mais larga e mais curta que a A-Body) calçando um jogo de rodas Torq Thrust. Essa seleção estava digna de um evento gringo, tanto em elenco quanto em nível de restauração dos veículos.
Abaixo, um raro Chrysler Hurst 300 (de 1969 – 1970), um cupê full size (plataforma C-Body, ainda maior que a B-Body) de quase duas toneladas com um V8 de 7,2 litros sob o capô.
Nem todo Lancer é da Mitsubishi: este Dodge Royal Lancer D500 Hardtop Coupé deixa claro que o estilo malvado de ser já fluía no sangue da marca muito antes da era dos muscle cars.
O cantinho dos Studebaker, terreno que tem como embaixador o grande representante da marca no país, Mario Ferretti, é passagem obrigatória aos entusiastas: temos nas fotos um cupê Champion 1948 e uma dupla de caminhonetes “E” da década de 1950.
Os clássicos brasileiros da década de 1960 e 1970 já são tradição em Lindóia. Aqui temos apenas alguns: Dodge D100, Veraneio Deluxe, Rural, Simca Chambord, Polara e muitos Opala e Galaxie (não se preocupe – você os verá no próximo vídeo que publicaremos esta semana!) são presença obrigatória. Entre os Maverick, destaque para um modelo laranja metálico, customizado e preparado com um V8 302 stroker 347 com compressor mecânico.
…e sem os aircooleds, também não teria festa: muitos sedãs 1600 S impecáveis (incluindo um quatrilho de modelos amarelos), uma bela trinca de SP2 era ponto de parada obrigatória, um maravilhoso Envemo Super 90 branco ao lado de uma réplica de Porsche 718 RSK (alguém aí sabe a marca?) e o grande destaque, que está aí embaixo: o VW 1600 Luxo 1969, com interior de couro marrom no padrão original de fábrica. É uma combinação tão pouco usual e uma versão tão rara que muitos pensaram se tratar de uma customização.
Algo que está dando gosto de ver é a crescente valorização da indústria brasileira dos anos 80 e 90. Muitos temiam que estes carros iriam desaparecer pela falta de importância dada até então, mas o fato é que a cada evento de antigos vemos mais e mais veículos oitentistas de placa preta e com níveis de restauração e/ou conservação dignos de um carro de concurso de elegância, com detalhes como reservatórios d’água e borrachas em estado impecável. Amplie as fotos e viaje no tempo!
Esta dupla de Rolls é um registro que deveria estar na primeira galeria que publicamos, mas por deslize meu acabou ficando de fora. Como as nuvens de prata caíram muito bem à dupla, seria uma injustiça deixar essa imagem de fora apenas pela falta de contexto. Clique e amplie!