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Não, Jeremy Clarkson não saiu do Top Gear – ainda

Se você acompanha o FlatOut, há grandes chances saber que o futuro de Jeremy Clarkson como apresentador do Top Gear é incerto. Primeiro, foi o ultimato em maio deste ano. Depois, no início da semana, ele foi suspenso do programa por brigar com um dos produtores e agora, um artigo do site britânico Autoevolution diz que Jezza foi demitido e que Top Gear foi cancelado para sempre. Mas que é verdade e o que não é nesta história toda?

A verdade é que ninguém sabe ao certo, e por isso nós vamos tentar esclarecer as coisas.

Primeiro: Jeremy Clarkson não deixou o Top Gear, e não, o programa não foi cancelado – ainda. Então por que todo mundo está falando disso?

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O artigo do Autoevolution, provavelmente, foi o primeiro a cravar a saída de Jezza e o fim de Top Gear como certos, e logo foi seguido de diversos outros sites (alguns, apenas reproduzindo o texto do site britânico na íntegra), fóruns na Internet e grupos no Facebook.

A razão para isto foi um artigo que Jezza publicou em sua coluna semanal no tabloide The Sun. Para acessar o artigo na página do jornal é preciso ter uma assinatura, mas não é difícil encontrá-lo reproduzido em centenas de outros lugares, como na página do Reddit dedicada ao Top Gear.

Trata-se de um texto aparentemente sem nexo, que reúne diversas metáforas sobre como uma coisa precisa deixar de existir para dar lugar a outra – ainda que não necessariamente melhor ou pior. A primeira delas fala de dinossauros:

Acho justo dizer que a natureza cometeu um erro quando inventou o dinossauro. Ele era grande demais, violento demais e tinha bracinhos tão pequenos e frágeis que nunca seria capaz de operar maquinário pesado ou mesmo ou curtir um tempo “sozinho”.

Então, um dia, todos os dinossauros morreram – e agora, muitos e muitos anos depois, ninguém chora a morte deles.”

Não é difícil fazer uma ligação entre o “dinossauro grande e violento demais” e a figura alta e falastrona de Jeremy Clarkson. E também não é difícil ligar o fim de Top Gear à frase que aparece algumas linhas mais tarde.

Estas criaturas grandes e imponentes não têm lugar em um mundo que já as superou.

Mais à frente no texto, Clarkson também comenta brevemente a suspensão que recebeu após trocar socos com um dos produtores de Top Gear, dizendo que está “de saco cheio” desta história, mas que ficou “emocionado e grato” por todas as pessoas que expressaram apoio. Mas ele também diz algo que pode ser interpretado como uma constatação de que uma petição publicada no site Change.org intitulada #BringClarksonBack, que pede à BBC que cancele a suspensão de Clarkson e reuniu mais de 900.000 assinaturas (e contando), foi em vão:

O fato é que você pode fazer quantas campanhas quiser e pedir o apoio de políticos de todos os lados, mas vai chegar o dia em que você terá que dizer adeus aos grandes monstros e seguir em frente.

O que o Autoevolution fez, como fizeram todos os outros sites e grupos no Facebook, foi interpretar tudo isto como uma despedida disfarçada e uma prova concreta de que Jeremy Clarkson foi, de fato, demitido (ou pediu demissão) e que o Top Gear acabou – ao menos como o conhecemos.

Clarkson, piadista que é, até aproveitou para fazer piada com a situação, colocando seu perfil no site de currículos LinkedIn com seguinte a descrição: “Sou (provavelmente) um dos apresentadores do programa automotivo da BBC2, Top Gear”. Estaria ele procurando um novo emprego?

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Não, ou ao menos não ainda. E há muito mais motivos para acreditar nisso do que qualquer boato que diga o contrário. Primeiro, porque o Top Gear é uma verdadeira mina de ouro para a BBC. Como já dissemos, o programa rende, anualmente, £ 150 milhões à emissora por ano – e Clarkson, sozinho, responte por 10% desta quantia.

Só que, embora Clarkson seja só um dos três apresentadores, quem assiste ao programa sabe que a química entre ele, May e Hammond é uma das grandes razões para o sucesso do programa. Se um deles saísse, seria extremamente difícil (para não dizer impossível) encontrar um substituto à altura. Na verdade, o Top Gear como conhecemos hoje foi uma criação do próprio Jeremy em parceria com seu fiel parceiro desde os tempos da escola, Andy Wilman. A BBC até pode ser a dona da marca e do formato de “Top Gear”, mas somente Clarkson, Wilman, May e cia. é que sabem como fazer esse formato ser tão popular.

Além disso, como bem aponta a Road and Track, o contrato dos apresentadores ainda está de pé até o fim desta temporada (a 22ª) – ainda que os dois episódios restantes tenham sido adiados por tempo indeterminado. Encerrá-los prematuramente abriria espaço para que a concorrência oferecesse algo ainda melhor, e uma péssima decisão – por mais controverso que Clarkson seja.