Bom dia, FlatOuters! Bem-vindos ao Zero a 666, a nossa seleção de notícias isentas de verdade do Brasil e de todo o mundo. Assim você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere com a gente!
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
“Renascimento” da Jaguar era um trote: conceito Sayer by Gordon Murray é revelado
Em uma ensolarada manhã da primavera de Goodwood, o CEO da Jaguar, Aifeenk Stulate, revelou aquele que talvez seja o trote mais longevo e insano da história do automóvel: todo aquele rebranding da marca e o controverso modelo Type 00 eram nada senão a pura nata do humor britânico.
“Talvez Gerry (McGovern) tenha atuado bem demais em nossa ironia e certamente não ajudou o pequeno atraso que tivemos nos últimos ajustes. Mas aqui temos a verdadeira nova direção da Jaguar” – revelou Stulate, removendo a capa do conceito Sayer by Gordon Murray.
Trata-se de um halo car da Jaguar, partindo da plataforma do GMA T33, com um V6 de três litros aspirado de 500 hp e redline a 10.500 rpm, desenvolvido pela Cosworth. O peso declarado do veículo é pouco superior ao T33: apenas 1.180 kg, pelo menor uso de materiais exóticos.
“Gordon foi muito amigável à ideia de juntarmos forças, rememorando a história do Lotus Elise Series II e do Opel Speedster, que compartilhavam plataformas, mas iam para direções levemente diferentes e empregavam motores bem diversos. O Sayer é nossa homenagem ao automobilismo da Grã-Bretanha: celebramos Malcolm Sayer, criador do E-Type, Gordon Murray e a Cosworth em um único produto. E o motor desta jóia é particularmente importante”, afirmou Stulate.
A Cosworth desenvolveu este V6 3.0 com duas configurações: esta aspirada e de injeção direta, que será empregada apenas no Sayer, mas também uma single turbo, que irá mover todas as aplicações futuras da marca. Em 31 de setembro serão apresentados o novo trio de produtos que efetivamente representam a renovação da marca: um SUV compacto-médio para fazer frente ao Macan, um sedã para concorrer com as linhas intermediárias de A4, Série 3 e Classe C, e um coupé compacto para enfrentar a dupla Boxster e Cayman. Todos compartilharão a nova plataforma Apex, de alumínio e compósitos plásticos.
Sobre a repercussão da campanha-trote, Stulate criou um ruído acidental: “quem é minimamente letrado deveria saber sobre os memes da Lucas e da Jaguar, de uma época em que a palavra “meme” sequer existia – apostar nesta direção seria como pegar algo tão tradicional como as picapes série F da Ford e querer transformá-la em uma picape elétrica! Quem seria o tolo a aceitar isso?” – pouco depois, Stulate foi corrigido pelos repórteres, o informando a respeito da F-150 Lightning e do prejuízo de 5 bilhões da marca. “Oh dear! Mas agora eu já disse para os microfones, acho que é agora é tarde”, emendou Stulate. (Juliano Barata)
Volkswagen voltará a usar “quebra-vento” em seus carros
Uma das críticas ao modernismo é que, frequentemente, o que chamamos de moderno é apenas uma coleção de erros do passado, renovados com uma roupagem atual, prontos para serem novos erros — exatamente o caso dos botões “virtuais” dos sistemas multimídia e painéis modernosos, que susbtituíram a funcionalidade, ergonomia e facilidade de uso dos bons e velhos botões, por superfícies sensíveis ao toque — incluindo aí os toques acidentais.
Depois da volta dos botões físicos no lugar dos desastrosos comandos “touch”, a Volkswagen anunciou que voltará a equipar seus veículos com quebra-ventos nos vidros dianteiros como parte de uma estratégia sustentável, visando estimular a ventilação natural e reduzir o consumo de combustível gerado pelo uso do ar-condicionado.
A justificativa para o retorno do quebra-vento vai além da economia de combustível. Segundo a Volkswagen, o uso intensivo do ar-condicionado nos centros urbanos contribui para a formação das chamadas ilhas de calor, fenômeno que eleva a temperatura em áreas urbanizadas devido à retenção de calor pelo asfalto e pelos edifícios. Com mais motoristas optando por uma ventilação natural eficiente, a montadora acredita que pode ajudar a mitigar esse problema ambiental.
“A indústria automobilística tem investido fortemente na eficiência energética e na eletrificação, mas também precisamos considerar soluções simples e eficazes que ficaram esquecidas ao longo dos anos. O quebra-vento permite uma melhor circulação de ar dentro do carro sem a necessidade de ligar o ar-condicionado o tempo todo, o que reduz o consumo de combustível e as emissões de CO₂”, declarou Wilhelm Dreiecks-Fenster, diretor de projetos da Volkswagen.
Além do apelo ambiental e econômico, a reintrodução do quebra-vento segue uma tendência recente da indústria automotiva: o resgate de elementos clássicos do design e da funcionalidade. Um exemplo disso são os botões físicos, que estão voltando aos painéis de controle após a rejeição do público aos comandos totalmente sensíveis ao toque. “Os consumidores têm demonstrado um apreço por soluções intuitivas e ergonômicas. O retorno do quebra-vento é uma forma de aliar nostalgia e funcionalidade em nossos novos modelos”, acrescentou Fenster.
Os primeiros modelos da Volkswagen a contar com o novo (ou velho) quebra-vento deverão ser apresentados em forma conceitual do Salão de Frankfurt, mas a empresa ainda não definiu uma data oficial para sua chegada ao mercado. Os engenheiros da marca garantem que o dispositivo foi modernizado para oferecer segurança e, especialmente, eficiência aerodinâmica para “não comprometer o conforto dos passageiros, nem aumentar o consumo de combustível.”
Tesla lança atualização OTA com IA para identificar e reagir a atos de vandalismo
Diante dos crescentes atos de vandalismo contra os modelos da Tesla, a fabricante anunciou que irá atualizar seus veículos para “reagir” aos ataques usando inteligência artificial. O sistema, intitulado Defend or Guard Environment (DOGE), será implementado em uma futura atualização over-the-air (OTA), prevista para o final deste semestre.
Segundo a própria Tesla, esta nova versão do software incorpora inteligência artificial avançada para detectar e reagir automaticamente a tentativas de vandalismo. O sistema utiliza um conjunto de câmeras, sensores e algoritmos de machine learning para identificar comportamentos suspeitos e agir preventivamente.
De acordo com a Tesla, o DOGE aprimora o já existente Sentry Mode, permitindo uma resposta mais rápida e eficiente a ameaças. Agora, além de registrar imagens e ativar alarmes, o sistema pode diferenciar um pedestre comum de alguém que está tentando riscar a lataria, quebrar um vidro ou forçar uma entrada no veículo. Em caso de tentativa de vandalismo, o carro pode reagir de quatro diferentes maneiras, dependendo da gravidade da situação.
A primeira delas é o alerta infrasônico, que emite uma frequência de 17Hz na direção da ameaça detectada. Frequências infrasônicas são as frequências que estão abaixo do espectro auditivo humano e, embora sejam inaudíveis, elas podem provocar náuseas e dores de cabeça em humanos expostos a elas. O sistema usa um alto-falante específico — uma espécie de sub-woofer com um alcance dinâmico específico, situado em contato com as portas, próximos aos alto-falantes do sistema de áudio do carro.
Depois há o sistema de notificação instantânea, no qual o proprietário recebe um alerta em tempo real no app da Tesla, com uma transmissão em tempo real do incidente, que fica gravada para que o proprietário possa usar as provas em processos legais contra os vândalos. A parte mais interessante é que, caso o vândalo não tenha o rosto coberto e seja usuário da rede X (ex-Twitter), as câmeras podem relacionar o vândalo à sua conta — um recurso que provavelmente não funcionará muito bem, uma vez que o X é habitado por gente que não usa fotos reais.
Além disso, o sistema também poderá fazer uma transmissão em tempo real para a polícia — embora o serviço seja disponível apenas em algumas regiões onde sistemas de segurança já são integrados aos sistemas de alerta aos policiais.
As outras duas funções, embora já desenvolvidas, deverão ser adotadas posteriormente por questões legais. Uma delas é o “ADD”, ou Autonomous Defense Driving. Como seu nome sugere, em caso de detecção de vandalismo, o carro pode utilizar sua capacidade de direção autônoma para escapar da ação. Embora a função autônoma da Tesla seja comercializada apenas como uma assistência de condução, ela tem plena capacidade de funcionar de forma 100% autônoma. A adoção deste sistema como recurso de defesa pode ser o primeiro passo para a implementação da autonomia total nos Tesla futuramente.
Por último, está o sistema mais polêmico e questionável: transformar o carro inteiro em um “taser gigante”. Nesta função de defesa, o carro detecta que está sendo riscado com um objeto metálico e descarrega uma carga de alta voltagem e baixa corrente vinda da bateria para imobilizar o suspeito com um choque elétrico, exatamente como as armas “taser” da polícia. A Tesla garante que a descarga é controlada para não representar riscos a pessoas próximas, mas suficiente para assustar e impedir a ação do vândalo.
“Elaboramos essa atualização para proporcionar mais tranquilidade aos motoristas e desencorajar qualquer tipo de vandalismo. O Guardian AI aprende continuamente e se torna cada vez mais eficiente na identificação de ameaças reais”, afirmou Anna R. Kirsten, diretora de sistemas de IA na Tesla.
A atualização será disponibilizada gradualmente para toda a frota compatível nos próximos meses.
Dodge irá converter em picapes as unidades encalhadas do Charger elétrico
Lembra dos Dodge V8 cortados e transformados em picapes no Brasil dos anos 1980? Se você não lembra, eu refresco sua memória: nos anos 1980, no Brasil, era comum transformar os sedãs Dodge V8, como o Dart e o Charger, em picapes improvisadas. Depois da crise do petróleo e com a popularização do etanol, esses modelos eram rejeitados pelo mercado e desvalorizaram a ponto de compensar cortá-los e adaptá-los para o trabalho como picapes — ao menos a força do motor e o espaço justificava o gasto de combustível.
Pois agora, ironicamente, a Dodge decidiu fazer algo parecido com o fiasco do Charger elétrico que ninguém quis comprar. I Após o fraco desempenho de vendas do Charger elétrico, a Dodge surpreendeu ao anunciar um plano ousado: transformar os modelos encalhados em picapes, resgatando a tradição da marca e corrigindo o que considera um erro estratégico – a separação das picapes Ram da linha Dodge. A iniciativa busca reverter o fiasco da ausência de um V8 nos novos muscle cars eletrificados, que desagradou os fãs da montadora, enquanto aproveita a força do nome “Dodge Ram”, que deixou de ser usado depois que a Ram virou uma marca independente.
O projeto, batizado de Charger Rampage, consiste na adaptação dos Chargers EV para um formato de picape esportiva. A conversão inclui o corte da carroceria para a instalação de uma caçamba funcional, reforço estrutural para suportar cargas e ajustes na suspensão. Com essa transformação, a Dodge aposta em atrair consumidores que – quem diria? — rejeitaram o Charger elétrico por não entregar o ronco e a brutalidade dos V8 que se espera em um Dodge Charger.
A imprensa americana vê a decisão da Dodge com um misto de surpresa e ceticismo. Enquanto alguns elogiam a criatividade da montadora em reaproveitar modelos rejeitados pelo mercado, outros enxergam a conversão como um sinal de desespero diante do fracasso dos muscle cars elétricos. Ainda assim, a ideia de uma picape esportiva eletrificada com a assinatura da Dodge tem despertado curiosidade.
Os primeiros protótipos do Charger Rampage devem ser apresentados ainda este ano, e as primeiras unidades serão vendidas inicialmente em lotes limitados. A Dodge promete que o modelo trará um design agressivo e características que combinam performance e utilidade, tentando agradar tanto os entusiastas da marca quanto consumidores que buscam algo novo no segmento de picapes.