Aos poucos as incertezas a respeito dos modelos da Volkswagen no Brasil vão desaparecendo. Agora, sabemos que o Fox está mesmo de saída, perdendo até versões populares entre o público como o CrossFox, a fim de abrir espaço para a grande novidade: o Volkswagen Polo de sexta geração, que foi apresentado na noite de ontem (25) e traz de volta um nome bem sucedido no Brasil em um pacote atual, enfim. O novo Polo tem plataforma modular MQB, usa apenas motores modernos, está entre os mais seguros da categoria e custa menos do que todo mundo esperava. Será que agora a Volks acertou?
Difícil responder logo de cara (sempre é), mas a Volkswagen decidiu ser agressiva e não poupar esforços contra a concorrência – para nós, em especial contra o Fiat Argo que, apesar de sofrer com falta de consistência no projeto, é um carro feito sob medida para o gosto do brasileiro médio, com visual e descolado, proporções robustas e mecânica tradicional. Notamos que a Volks quer nivelar a briga por cima: em quase todos os aspectos o nosso Polo é igual ao europeu, e não um projeto adaptado para países emergentes como o nosso (embora, é claro, tenha sido tropicalizado, como é praxe entre as fabricantes).
Entre as diferenças que se vê logo de cara está o desenho da dianteira, que no modelo brasileiro é exclusivo e traz uma entrada de ar maior, além de elementos internos diferentes nos faróis. A VW diz que chegou ao novo design através de clínicas com clientes, resultando em mais vincos e linhas mais marcadas. Não mudou muito, o que é bom.
Pelas fotos não dá para perceber, mas de perto o Polo não é tão parecido com um Gol e também é maior do que parece, com dimensões semelhantes às do Golf Mk4: o Polo tem 4,05 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,45 m de altura e 2,56 m de entre-eixos; enquanto o velho Golf tem 4,15 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,44 m de altura e 2,51 m de entre-eixos — mais uma evidência de que os carros cresceram bastante. Mas o tamanho mais avantajado se traduziu em um porta-malas bem mais que razoável, com capacidade para 351 litros – 21 litros a mais que o Golf Mk4. O novo Polo também pesa 44 kg a menos que a geração anterior. Tudo isto é reflexo da adoção da plataforma modular MQB, a mesma do Golf atual, que usa ligas de aço de alta resistência e exigiu algumas mudanças no ferramental da fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo/SP.
O novo Polo recebeu cinco estrelas na classificação do Latin NCAP, fazendo 32,13 de 34 pontos possíveis no quesito colisão frontal e 43 pontos de 49 possíveis no quesito colisão lateral. Vale lembrar, contudo, que o teste foi feito com um exemplar cedido pela Volkswagen, e não comprado pela organização. Mais adiante será realizado um teste com um exemplar exatamente igual aos que rodarão nas ruas. Na ocasião do lançamento do VW Up, o Latin NCAP também testou um exemplar cedido pela fabricante, que obteve cinco estrelas; e quando o teste foi repetido com uma unidade “de rua”, o resultado foi o mesmo. Com o Polo, deverá acontecer a mesma coisa.
O interior do Polo Mk6 segue a linha visual dos outros modelos da Volkswagen, porém a disposição dos elementos e o desenho dos detalhes trazem um ar mais moderno e jovial, com formas limpas e linhas marcadas, além de uma central multimídia com tela de oito polegadas, três entradas USB e posição mais elevada. Além disso, as versões mais caras têm painel digital Active Info Display, com tela de 10,2 polegadas (que a Volks faz questão de dizer que é “do tamanho de um tablet”). O cluster é programável e pode simular instrumentos analógicos, caso desejado, podendo ser programado também para exibir mapas em 2D e 3D para a navegação GPS.
O novo Polo chega com três motores diferentes: o 1.0 MSI naturalmente aspirado de 84/75 cv (E/G) para a versão de entrada; o 1.6 MSI de 117/110 cv na versão intermediária; e o 1.0 TSI de 128/116 cv para as versões de topo. Como você já deve ter presumido, os 1.0 têm três cilindros e o MSI é um quatro-cilindros. São quatro versões: Polo (só “Polo”, mesmo), MSI, Comfortline 200 e Highline 200. A primeira está disponível com o motor 1.0 MSI e câmbio manual de cinco marchas; a segunda, com o motor 1.6 16v MSI combinado ao câmbio manual de cinco marchas; e as duas últimas, com o motor 1.0 200 TSI combinado apenas ao câmbio automático de seis marchas (Tiptronic).
O “200” no nome do motor se refere ao torque, que equivale a 200 Nm (a medida mais comum na Europa) e está todo disponível a partir das 2.000 rpm. É a primeira vez que o motor 1.0 turbo três-cilindros da VW é acoplado a um câmbio automático no Brasil – a transmissão de seis marchas não cabia no Up TSI e no Golf foi usado apenas nas versões com motor 1.4 TSI. Dito isto, o câmbio do Polo pode ser encontrado no Audi A3 e no Volkswagen Jetta com motor 2.0 naturalmente aspirado. Segundo a VW, todas as versões do Polo têm selo “A” do Inmetro em economia de combustível.
O que todas as versões também têm: quatro airbags (dois frontais e dois laterais), direção elétrica, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas (sendo que são um-toque), travas elétricas, faróis de dupla parábola e chave canivete com controle remoto.
Outros itens de série presentes em todo Polo são: computador de bordo, para-sóis iluminados para motorista e passageiro, tomada de 12V no console central, suporte para celular no painel com entrada USB para carregamento e regulagem de altura para o banco do motorista, além de ancoragem Isofix para cadeirinhas infantis no banco de trás.
Versões, Preços e Equipamentos
Polo (R$ 49.990): todos os itens citados acima. Há dois pacotes de opcionais: o primeiro, “Connect” (R$ 2.600), inclui sistema Composition Touch, I-System, volante multifuncional, controles de tração e estabilidade e bloqueio eletrônico do diferencial. O segundo, “Safety” (R$ 1.050), traz apenas as babas eletrônicas.
Polo 1.6 MSI (R$ 54.990): traz todos os itens de série e os mesmos pacotes de opcionais do Polo 1.0.
Polo Comfortline 200 TSI (R$ 65.190): traz todos os itens de série citados acima, mais banco traseiro bipartido, coluna de direção ajustável em altura e distância, controle de estabilidade, faróis de neblina direcionais, central multimídia Composition Touch com tela de 6,5”, rodas de liga leve de 15” com pneus 185/65/15, sensores de estacionamento traseiros, ajuste elétrico dos retrovisores externos, descanso de braço dianteiro com porta-objetos, lanternas traseiras escurecidas e volante multifuncional.
Os pacotes de opcionais são dois. O primeiro “Tech I” (R$ 2.200, já com desconto de lançamento), inclui sistema “Kessy” para abertura e fechamento das portas sem chave e partida no botão, cruise control, sensores de estacionamento dianteiros, retrovisor interno eletrocrômico, volante multifuncional com aletas para troca de marcha, faróis com ajuste automático de intensidade e rodas de 16 polegadas. O segundo, “Tech II” (R$ 3.500, já com o desconto), inclui, além de todos os itens anteriores, indicador de pressão nos pneus, ar-condicionado digital, porta-malas com divisórias, câmera traseira, detector de fadiga, câmera de ré, frenagem automática pós-colisão, volante revestido em couro e detalhes em preto brilhante no interior.
Polo Highline 200 TSI (R$ 69.190): todos os itens de série anteriores, mais sistema “Kessy”, cruise control, ar-condicionado digital, banco do passageiro rebatível, descanso de braço dianteiro com porta-objetos e duas portas USB para carregamento, porta-luvas refrigerado, faróis de neblina direcionais, luz diurna de LED, rodas de 16 polegadas com pneus 195/55, sobretapetes e volante revestido em couro com aletas para trocas de marcha.
Os pacotes de opcionais são três. O primeiro, “Couro Native” (R$ 800), faz o que o nome indica e adiciona couro sintético nos bancos e revestimentos das portas. O segundo, “Tech High” (R$ 2.800, já com desconto), inclui os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, indicador de pressão nos pneus, porta-malas com divisórias e rede porta-objetos, antena tubarão, câmera traseira, detector de fadiga, retrovisor eletrocrômico, farol com ajuste automático de intensidade e função coming/leaving home, frenagem automática pós colisão, sensores de chuva e crepuscular e central multimídia “Discover Media”, com tela de oito polegadas. O terceiro pacote, “Technology” (R$ 4.500), adiciona o Active Info Display e rodas de liga leve de 17” com pneus 205/50.
Abaixo temos as cores disponíveis:
São preços bastante competitivos, como fizemos questão de mencionar no título deste post, e nos parece evidente que a Volkswagen está mirando no Fiat Argo (que parte de R$ 47.000 e vai até R$ 79.000). E, veja só, a impressão é de que seu principal argumento é o custo-benefício: enquanto o Argo parece querer brigar com versões recheadas de modelos em um segmento abaixo do seu, como o Hyundai HB20, o Chevrolet Onix ou mesmo o VW Gol, a Volswagen aposta em um carro mais parecido com o segmento superior (basta ver a semelhança com o Golf em porte e construção) por um preço comparável ao do Fiat, e mais fiel à sua contraparte europeia. Aliás, esta é a pegada da Volks há alguns anos – basta lembrar de como a marca fez o mesmo com o Up há pouco tempo.
A Volkswagen está realizando hoje o test drive com a imprensa, e o FlatOut, claro, está presente no evento. Nos próximos dias traremos nossas impressões sobre o carro, com direito a um review em vídeo. Fique ligado!