É possível que todos os fãs da Honda concordem que o novo NSX não tem o carisma do antigo, e tem um legado muito forte para honrar. O esportivo da Honda tinha desempenho de supercarro, sendo capaz de rivalizar com as Ferrari da época, e sua usabilidade no dia-a-dia, com interior confortável e espaçoso (para duas pessoas) e um motor bastante confiável, inspirou Gordon Murray na criação do McLaren F1 — o supercarro que corrigia os defeitos dos supercarros.
Apesar desta impressão inicial, nem de longe o novo NSX é um carro ruim. A Honda nunca teve medo de apostar nas últimas tendências tecnológicas e incorporá-las em seus carros e por isso, diferentemente de rivais como o McLaren 570S, a Ferrari 488GTB ou a dupla Lamborghini Huracán/Audi R8, o NSX aposta na tecnologia híbrida para melhorar seu desempenho. Assim, além do motor V6 biturbo de 3,5 litros e 507 cv, o NSX ainda tem outros três motores elétricos – dois no eixo dianteiro, um entre o motor V6 e a caixa de dupla embreagem e nove marchas.
Juntos, os três motores entregam 581 cv entre 6.500 e 7.500 rpm (a rotação máxima, respeitável para um V6 sobrealimentado) e 66,3 mkgf de torque entre 2.000 e 6.000 rpm, suficientes para chegar aos 100 km/h em três segundos, com máxima de 307 km/h, limitada eletronicamente.
Portanto, quando o pessoal da Science of Speed, empresa da cidade de Chandler, no Arizona, decidiu preparar seu Honda NSX para o SEMA Show, o aumento nos números foi até discreto. A oficina é especializada no NSX e no clássico S2000, desenvolvendo kits de preparação para motor e suspensão, reprogramações eletrônicas e upgrades estéticos do lado de dentro e do lado de fora. Seu Acura NSX batizado como “NSX Dream Project”, como vários outros projetos feitos para o evento em Las Vegas, foi criado como uma vitrine para os componentes da preparadora, e o resultado é um carro de 610 cv e 70 mkgf de torque – um aumento de 37 cv e 3,7 mkgf, respectivamente. Os caras não disseram o quanto o carro melhorou em aceleração e velocidade máxima, mas arriscamos dizer que o 0-100 km/h deve ter baixado para uns 2,7-2,8 segundos.
O aumento de potência foi obtido com um sistema de escape menos restritivo, intercooler mais eficiente com injeção de líquido (leia mais aqui!) e modificações no coletor de admissão.
O carro já tinha pintura azul (uma tinta perolizada chamada Nouvelle Blue Pearl Andaro), mas recebeu alguns decalques na lateral. Fora isto, as modificações visíveis são um novo spoiler dianteiro e uma asa traseira fixa de fibra de carbono; saias laterais com dutos de arrefecimento para a traseira, também de fibra de carbono; e pintura preta no teto. Além disso, o carro recebeu rodas Advan GT Premium forjadas, de 20×9 polegadas na dianteira e 21×12 (!) polegadas na traseira, todas calçadas com pneus Pirelli Trofeo R de medidas 265/35 na dianteira e 325/30 na (!!).
Junto com o kit de suspensão ajustável da Science of Speed – que consiste em substituir os suportes inferiores dos amortecedores por peças ajustáveis, e mantém as molas originais –, o conjunto garante um stance muito mais agressivo, com um toque do NSX GT3. Os freios com discos de carbono-cerâmica são originais do NSX. Estranhamos a escolha, mas pensando bem, a Honda (e as outras fabricantes japonesas) são conhecidas pelo costume de fazer componentes superdimensionados. Não ficaríamos surpresos se descobríssemos que os freios do NSX foram projetados para funcionar bem com mais potência.
O NSX da Science of Speed ganhou também bancos Recaro Pole Position ABE, revestidos de couro preto e tecido azul, com costuras azuis; trilhos feitos sob medida, um mostrador multifuncional da GaugeART no topo do painel; e uma plaqueta de identificação acima do porta-luvas.
Aliás, o NSX GT3 é legal demais, pois tem só o motor V6 biturbo e tração traseira – não seria bacana uma versão assim do NSX de rua, custando mais barato e, de quebra, sendo mais fiel ao modelo original?