Foi em sua quinta geração que o Corvette assumiu a identidade de superesportivo americano definitivamente, algo impulsionado especialmente pelo programa Corvette Racing, a equipe oficial de fábrica que disputou os campeonatos de endurance nos EUA e na Europa, com vitórias de classe nas 24 Horas de Le Mans e em Daytona, as duas principais corridas de 24 horas dos tempos recentes.
Em 2007 a GM lançou a sexta geração do Corvette, mantendo a receita básica dos antecessores e agora incorporando antigas séries especiais como modelos de produção regular — caso do ZR1, do Z06 e do Grand Sport. Curiosamente, a transformação destas antigas séries especiais em versões regulares de alto desempenho não reduziram a oferta de séries especiais nesta sexta geração do Corvette; ao contrário: elas foram mais numerosas do que antes.
Também nesta geração apareceu uma derivação que tem todas as características de uma edição especial, mas acabou lançada como uma versão regular: o Corvette 427 Conversível, que usava o motor de 7 litros (427) do Z06, porém sem os demais equipamentos que faziam do Z06 um concorrente à altura dos maiores esportivos europeus como a Ferrari 599 GTB — ao menos em termos de desempenho.
O resultado dessa “supercarrização” do Corvette, foi uma sequência jamais vista de séries especiais que se tornaram mais comemorativas do que novidades técnicas como aconteceu até a quinta geração. São carros mais voltados aos colecionadores do que aos entusiastas de uma direção mais envolvente e engajada, afinal, estes últimos já eram atendidos com o Z06, o ZR1 ou o Grand Sport.
E a GM teve o que comemorar naquela fase, afinal, o Corvette C6.R venceu praticamente tudo o que disputou, com vários títulos da ALMS, vitórias na Le Mans Series global, no campeonato de GT da FIA e, claro, na 24 Horas de Le Mans e Daytona. Das 10 séries especiais do Corvette C6, cinco foram inspiradas nas conquistas da GM nas pistas — uma delas, aliás, foi a primeira desta geração.
Z06 Ron Fellows Championship Edition 2007
Em 2007 a GM lançou a primeira edição especial do Corvette C6 para homenagear seu piloto Ron Fellows, peça fundamental no nascimento do programa de competição do Corvette e também no sucesso do Corvette nas pistas.
Fellows ingressou na Corvette Racing em 1998 e, em 2007, quando a edição especial foi lançada, já acumulava cinco pódios consecutivos em Le Mans, com duas vitórias, dois segundos lugares e um terceiro, além de seis títulos consecutivos da ALMS entre 2001 e 2006 — que inspiraram esta versão.
Oficialmente batizada “The 2007 Ron Fellows American Le Mans Series (ALMS) Grand Touring Class 1 (GT1) Champion Edition Corvette Z06 Corvette”, ela tinha mais nome do que modificações especiais. Com base no Z06, externamente esta versão com nome de realeza se diferenciava pelas rodas cromadas, pelo discreto spoiler traseiro, pelo letreiro “Corvette” no para-brisa e pelas faixas vermelhas tipicamente usadas nos para-lamas dos carros de corrida.
A carroceria era sempre pintada de branco “Arctic White” com os detalhes em vermelho “Monterey Red” em referência às cores da bandeira do Canadá, país do piloto. Outra referência à nacionalidade de Fellows, é a folha de bordo (maple leaf, símbolo canadense presente na bandeira nacional) nas faixas vermelhas. O gráfico também tem a inscrição “ALMS GT1 Manufacturers Champion RON FELLOWS 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006″ e a assinatura de Fellows.
Por dentro, o Z06 Ron Fellows ganhou elementos em vermelho no painel, no console central, nas portas e nas costuras do banco. O console central tem o logotipo do Corvette e a assinatura de Fellows juntamente com a numeração do carro escrita pelo próprio piloto. Foram feitos 300 exemplares para os EUA, 33 para o Canadá e 66 para a Europa.
Mecanicamente ele era idêntico ao Corvette Z06 regular, com o motor 7.0/427 de 505 hp combinado ao câmbio manual de seis marchas. O fato de ser uma homenagem tão específica e de não ter diferenças mecânicas para os demais Z06 limitou a demanda pela versão, que acabou tendo na assinatura de Fellows seu maior atrativo como colecionável.
Indy Pace Car 2007
Naquele mesmo ano a GM lançou mais uma réplica do Corvette pace car da Indy 500 — a primeira desde 1998, apesar de o Corvette ter sido o pace car cinco vezes no período. Na edição de 2007, o carro foi pilotado pelo ator-piloto Patrick Dempsey e tinha uma decoração exclusiva para a prova, que foi reproduzida fielmente nas réplicas vendidas ao público.
O carro era um conversível, como sempre, com carroceria laranja “Atomic Orange”, capota preta e interior bege. A decoração adesiva consistia em um gráfico imitando fitas douradas do capô para as laterais, emblemas da Indianapolis 500 nas portas e para-lamas. O carro ainda tinha o spoiler traseiro do Z06 e novas rodas de raios duplos, que estrearam no pace car.
Todas as 500 unidades da réplica foram equipadas com o motor LS2 de 6 litros e 400 hp com o pacote Z51, composto por suspensão mais firme, freios maiores, pneus esportivos, relações mais curtas para o câmbio manual e radiador para a transmissão. O carro também foi oferecido com câmbio automático de seis marchas com trocas manuais, opcionalmente.
Victory Edition Corvette
Ainda em 2007 o Corvette ganhou sua terceira edição especial, criada para comemorar o sucesso da Corvette Racing em Le Mans, depois de cinco vitórias consecutivas na classe GT1. Ele foi oferecido apenas em 250 unidades, todas vendidas somente na Europa.
Apesar de homenagear o carro que venceu Le Mans, o C6.R, ele não era equipado com o motor LS7.R de 427 polegadas cúbicas/sete litros, mas com o LS2 de seis litros das versões regulares do C6, com 404 hp. O motor podia ser combinado ao câmbio manual de seis marchas como item de série, ou ao automático de seis marchas com trocas manuais como alternativa.
Todos os carros eram pretos ou amarelo “Velocity Yellow” (a cor oficial da Corvette Racing), e vinham com um spoiler traseiro na cor do carro. As rodas eram exclusivas, pintadas de cinza “Competition Grey” e tinham 18 polegadas na dianteira e 19 na traseira.
Por dentro, o Victory Edition tinha bancos de couro de dois tons, com o emblema das bandeiras cruzadas no encosto de cabeça. Os carros pretos tinham couro preto e vermelho, enquanto os carros amarelos tinham couro preto com cinza. Os dois tinham soleiras cinza “Competition Grey” e emblemas numerados que identificavam a versão. Os compradores ainda ganhavam um treinamento de pilotagem de um dia, já incluído no preço do carro.
Corvette Competition
A linha 2008 do Corvette começou com mais uma edição especial inspirada pelo programa da Corvette Racing: o Corvette Victory Edition. Desta vez ela não comemora o sucesso do Corvette nas pistas, mas o início de uma nova temporada — mais uma na qual o C6.R terminaria com sucesso.
Infelizmente não há muitas informações sobre esta série — todas as fontes repetem o texto comercial publicado pela GM na época, que não menciona o volume de produção ou especificações técnicas.
O que sabemos é que todos foram pintados de preto, e tinham rodas de cinco raios pintadas de cinza “Competition Grey” com 18 polegadas na dianteira e 19 na traseira. O motor era sempre o V8 de 6,2 litros de 436 cv, com câmbio manual ou automático de seis marchas.
Os elementos que o diferenciavam dos demais Corvette 2008 eram a grade em forma de favos de mel nos para-choques, as duas saídas duplas de escape na traseira e o spoiler do Z06. O texto oficial também menciona uma “oferta limitada de equipamentos” para “manter o peso do carro o mais baixo possível”, o que indica um conceito semelhante ao do Porsche 911 T.
Corvette Z06 427 Limited Edition
Também em 2008 a Chevrolet lançou a série especial mais aleatória da história do Corvette: o Z06 427 Limited Edition. Por que aleatória? Bem… porque todo Z06 da sexta geração é equipado com o motor 427. Sem nenhuma referência de marco temporal ou comemorativa de nada, o 427 Limited Edition foi lançado em 2008 em homenagem ao Corvette 427, a primeira versão do Corvette com o motor big block da GM, lançado em 1966.
O que ele tinha de diferente em relação ao Z06 regular? A pintura vermelho “Crystal Red”, rodas exclusivas, interior “cor de titânio”, bordados 427 nos bancos e tapetes, e emblemas 427 na carroceria, além da assinatura de Wil Cooksey, chefe da fábrica do Corvette. Só isso.
Foram feitos 427 exemplares para o mercado Norte Americano e 78 para o resto do mundo — um total de 505 exemplares, referência à potência do motor de sete litros em “horsepower”.
Corvette ZHZ
Todo entusiasta de carros americanos conhece a história dos Shelby GT350 H e GT500H dos anos 1960, 2000 e 2010. Era a campanha “rent a racer”, ou “alugue um corredor” da locadora Hertz. O que menos gente sabe é que eles eram parte de uma linha chamada “Fun Collection”, composta pelos já mencionados Shelby, pelo Nissan 350Z e pelo Ford Mustang GT. Em 2008, a Chevrolet entrou na brincadeira, criando o Corvette ZHZ.
Apesar do Z inicial sugerir um Z06, o ZHZ era baseado no Corvette básico, com o motor LS3 de 6,2 litros e 436 cv, combinado ao câmbio automático de seis marchas apenas. Foram feitos 500 exemplares exclusivamente para a locadora, e eles foram oferecidos em 24 cidades americanas somente. Para aluguel, que fique claro. Para comprar um deste, só depois que a locadora os colocasse a venda, depois de algum tempo de (ab)uso.
Todos os 500 carros eram amarelos “Velocity Yellow”, com uma faixa preta ao longo da carroceria, e tinham escape com o que hoje chamamos de “difusor”, suspensão ajustável com amortecedores magnetorreológicos e rodas de sete raios exclusivas da versão.
Em 2009 a Hertz comprou mais 324 Corvettes para sua frota, desta vez versões conversíveis do ZHZ. Eles tinham exatamente o mesmo conjunto do cupê do ano anterior. Um fato curioso sobre os Corvette ZHZ é que, embora fossem carros de aluguel, destinados ao uso severo, a demanda por eles não era das maiores porque o preço da diária era proporcional ao preço do carro e ao desempenho.
As locadoras normalmente estipulam uma quilometragem máxima para os carros de sua frota. Ao ser atingida essa quilometragem, os carros são vendidos e trocados por outros mais novos. Acontece que, no caso do Corvette ZHZ, o fator de renovação não era a quilometragem, apenas, mas o lançamento de novas versões mais potentes. Por isso, alguns exemplares do Corvette ZHZ foram vendidos com quilometragem baixíssima — um deles tinha menos de 150 km rodados, e foi vendido em um leilão da Barrett Jackson em 2011.
Corvette GT1 Championship Edition
O otimismo da GM com a temporada de 2008 foi justificado ao final do ano: mais um título da GT1 para a Corvette Racing, o que deu origem a mais uma edição especial logo no ano seguinte, a GT1 Championship Edition.
A série foi oferecida como pacote opcional para todas as carrocerias do Corvette em 2009, e tinha a decoração externa inspirada na pintura amarela com faixa preta dos C6.R, incluindo o mascote “Jake” da Corvette Racing, uma caveira com os olhos formados pelas bandeiras do logotipo do Corvette. Opcionalmente era possível comprar o carro pintado de preto, que era a pintura do C6.R número 4.
Por dentro, o GT1 Championship Edition tinha bancos de couro preto com costuras amarelas, bordados GT1 nos encostos de cabeça, painel e no descanso de braço do console central e uma capa de motor com padrão de trama de fibra de carbono e letreiro amarelo.
Cada tipo de carroceria teria 100 exemplares de cada cor, totalizando 600 unidades no total. Os cupês e conversíveis ainda recebiam o pacote Z51, com freios maiores, suspensão adaptativa, pneus esportivos e escape esportivo. Eles também poderiam ser equipados com o câmbio automático de seis marchas como opcional.
Corvette Z06 Carbon
Em 2011 o Corvette Z06 ganhou mais um presente do pessoal da Corvette Racing: freios Brembo de carbono-cerâmica. Eles foram lançados em uma série especial do Corvette batizada com o sugestivo nome “Z06 Carbon”.
Foram feitos 500 carros, identificados pelos freios de carbono-cerâmica combinados às pinças cinza escuro em vez das pinças vermelhas do Z06 regular. As rodas também são exclusivas, com 20 raios e uma polegada maior que as do Z06 de série, com 19 polegadas na frente e 20 polegadas na traseira. Além disso, os faróis têm máscaras negras, sendo exclusivos da versão.
Além dos freios, o Z06 Carbon também tinha capô, saias e splitter de fibra de carbono preta. O restante do carro era pintado de laranja “Inferno Orange” ou azul “Supersonic Blue” — a pintura da carroceria era a mesma da costura dos bancos de couro preto. Ainda na cabine, o volante tinha emblema exclusivo da versão, e o encosto de cabeça dos banco tinha o logotipo da versão bordado.
A edição especial não foi feita apenas para estrear as peças de carbono no Corvette, mas também para celebrar os 50 anos da estreia do esportivo nas 24 Horas de Le Mans — foi em 1961 que Briggs Cunningham e John Fitch levaram o Vette à vitória de classe e à oitava colocação geral na prova.
Corvette Centennial Edition
Com a chegada do centenário da Chevrolet, o Corvette ganhou uma edição comemorativa de aniversário, chamada Centennial Edition. Ela foi oferecida na forma de pacote opcional, disponível para qualquer Corvette fabricado em 2012, que consistia na pintura cinza “Carbon Flash Mettalic” com elementos gráficos em preto fosco e emblemas exclusivos, além da imagem de Louis Chevrolet nas colunas B e na tampa central das rodas.
As rodas também eram pintadas de preto fosco, e mediam 18 polegadas na dianteira e 19 polegadas na traseira quando o pacote era aplicado ao cupê, ao conversível ou ao Grand Sport; ou 19 polegadas na dianteira e 20 polegadas na traseira quando o pacote era aplicado ao Z06 e ao ZR1. Todos tinham pinças de freio vermelhas.
O emblema do Corvette, com as bandeiras cruzadas, também era exclusivo pois substituía a pequena flor-de-lis pelo número 100, obviamente em referência aos 100 anos da marca. Por dentro ele seguia o mesmo esquema, com couro preto por todos os lados e costuras vermelhas em contraste. O toque “fosco” no interior foi dado por detalhes de microfibra preta nos bancos, volante, manopla do câmbio e apoios de braço. O volante também recebia o emblema com a imagem de Louis Chevrolet.
O primeiro exemplar do Centennial Edition foi leiloado em prol de uma instituição beneficente, e tinha também o pacote Z07, com freios de carbono-cerâmica e suspensão magnetorreológica, além do pacote CFZ, com os elementos externos de fibra de carbono do Z06 Carbon (capô, saias e splitter). Não houve limitação no volume de produção; a GM vendeu os pacotes de acordo com a demanda, totalizando 2.201 exemplares.
Corvette 427 Convertible Collectors
O Corvette de despedida voltou a aparecer em 2013, quando a Chevrolet anunciou a chegada do novo Corvette C7 para o ano-modelo 2014. A série, na verdade, serviu a duas finalidades: encerrar o C6 e comemorar os 60 anos do Corvette, completados naquele mesmo 2013. Por isso, a Chevrolet optou por fazer a série especial sobre um conversível com o motor 427/7.0 — o Corvette nasceu como um conversível, afinal, lembra?
Apesar de comemorar os 60 anos, ele não foi a única versão a comemorar os 60 anos — a GM oferecia o pacote 60th Anniversary como opcional para qualquer Corvette vendido em 2013. A diferença aqui é que o 427 Collectors ia além deste pacote, o que resultou em um conjunto único que combinava o motor do Z06 com o chassi do ZR1 e o pacote especial de aniversário.
Começando pelo pacote especial, ele era composto pela cor branca “Arctic White” com o interior azul “Blue Diamond” e uma série de emblemas 60th nas rodas, no volante e nos encostos de cabeça. Depois, ele tinha o motor do Corvette Z06, o 427 de 505 hp que se tornou o motor mais potente instalado em um Corvette conversível até então.
O pacote, contudo, não era parte do 427 Collectors (sim, é confuso, mas culpe a GM, não o FlatOut), pois era possível comprar o 427 Collectors em qualquer cor. O pacote 60th Anniversary foi usado no 427 Collectors justamente para resolver essa confusão que a GM armou ao fazer duas séries especiais em uma só.
Sua estrutura, contudo, não era o mesmo chassi de alumínio do Z06, mas o chassi de aço do Corvette regular. Apesar disso, o eixo traseiro e a transmissão eram compartilhadas com o Z06, assim como o suporte da bateria na traseira e a suspensão ajustável. As rodas, por sua vez, eram as mesmas do ZR1, com 19 polegadas na dianteira e 20 polegadas na traseira.
Já a carroceria, por baixo da pintura especial, tinha elementos de fibra de carbono, caso do capô do Z06 Carbon, que também cedeu o splitter e as saias laterais, e também dos para-lamas e da parte externa do assoalho. A dieta de fibras (de carbono) ajudou a reduzir o peso do Corvette 427 Collectors para 1.522 kg.
Por último, para distingui-los dos conversíveis normais, com o pacote 60th Anniversary, a GM aplicou ao 427 Collectors um código de identificação exclusivo, impossibilitando recriações de garagem como ocorreu nos anos 1970 com o C3.
Esta matéria é uma amostra do nosso conteúdo diário exclusivo para assinantes, e foi publicada sem restrições de acesso a caráter de degustação.
A sua assinatura é fundamental para continuarmos produzindo, tanto aqui no site quanto no YouTube, nas redes sociais e podcasts. Escolha seu plano abaixo e torne-se um assinante! Além das matérias exclusivas, você também ganha um convite para o grupo secreto (exclusivo do plano FlatOuter), onde poderá interagir diretamente com a equipe, ganha descontos com empresas parceiras (de lojas como a Interlakes a serviços de detailing e pastilhas TecPads), e ainda receberá convites exclusivos aos eventos para FlatOuters.