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O Museu do Corvette restaurou o carro de um policial que morreu em serviço

Enquanto muitos de nós entusiastas perseguimos o projeto de nossas vidas, o policial americano Burke Rhoads já tinha o seu: um Chevrolet Corvette 1984, primeiro ano da quarta geração, que restaurava nas horas vagas. Burke havia prometido a sua filha Jacquelyn, que o Corvette ficaria pronto a tempo de levá-la para seu baile de formatura, em 2018.

Só que ele não teve tempo de cumprir a promessa: Burke morreu em um acidente de carro no dia 11 de março de 2015, a caminho do trabalho. O Corvette, então, ficou parado, e Jacquelyn teria que ir com outro carro à sua formatura.

Burke, que morava em Nicholasville, no Kentucky, já tinha o Corvette havia anos, e o carro não estava ruim. Era, inclusive, presença constante em encontros de automóveis em fins de semana que o policial frequentava com a filha e com a esposa Melissa. Sendo um exemplar de 1984, o Corvette tinha um V8 de 5,7 litros, 208 cv e 40 mkgf de torque, e o painel digital, que foi criticado no lançamento por ser “futurista demais” e substituído por um arranjo mais tradicional em 1990. Hoje em dia, os Corvette C4 com painel digital são os mais cobiçados.

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Em 2016, Melissa decidiu que a restauração do Corvette do marido deveria continuar. Ela começou ligando para o Museu Nacional do Corvette, perguntando se os especialistas do museu poderiam lhe recomendar uma boa oficina para refazer a pintura do carro. Ela só queria informações, e as obteve: depois de pesquisar algumas oficinas que pudessem executar o serviço, o Museu do Corvette retornou o contato de Melissa, oferecendo-se para cuidar do Corvette dali para a frente.

Por sorte, o Museu do Corvette não fica muito distante do local onde a família vivia – 260 km de carro, ou duas horas e meia dirigindo. O carro foi entregue na porta do museu e recebido com aplausos pelos funcionários, antes de ficar sob os cuidados do chefe do departmento de preservação e manutenção do museu, Daniel Decker. Em uma visita à casa de Melissa, Decker descobriu que Burke já havia comprado diversos componentes para o carro, entre partes mecânicas e de acabamento, que só precisariam ser instaladas. Havia alguns pequenos problemas em detalhes como a vedação das janelas, mas tirando isso o ‘Vette estava bastante íntegro e completamente funcional.

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“Depois de ver as peças que Burke havia comprado, ficou óbvio que ele estava fazendo as coisas uma de cada vez, para fazer direito”, disse Daniel. “Queríamos terminar o que ele começou, e dar um Corvette seguro, confiável e bonito de presente para a família”.

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O Corvette foi pintado no tom de vermelho original, enquanto o couro dos bancos, também vermelho, foi recuperado nos padrões originais. A única personalização presente no interior, porém, é marcante: os emblemas do uniforme de Burke, com seu nome e seu distintivo, foram costurados no porta-objetos do console central.

O trabalho de restauração durou vários meses, e incluiu também a mecânica do carro, que é equipado com câmbio automático de quatro marchas acoplado ao motor V8 de 5,7 litros. O Corvette C4 original é capaz de chegar aos 100 km/h em menos de sete segundos, com máxima de 241 km/h.

De acordo com o Museu Nacional do Corvette, restaurar o carro de Burke e colocar seu nome no interior, sem custo algum para a família, é uma homenagem mais que justa a ele e a todos os policiais. Ao mesmo tempo, é uma forma de executar um projeto de restauração de alto nível em um carro de fora do Museu. Vale lembrar que foi exatamente neste museu que, no início de 2014, uma cratera se abriu e danificou severamente alguns automóveis bastante valiosos, que também foram restaurados pela equipe residente de especialistas.

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Hoje em dia, porém, o Museu do Corvette relembra o incidente como um marco em sua história – a ponto de “comemorar” o terceiro aniversário da cratera com a restauração de um Corvette 1962 em fevereiro deste ano.