Original de fábrica, o Nissan GT-R já é um monstro. Se você comprar um Godzilla zero-quilômetro hoje, terá na garagem um carro capaz de chegar aos 100 km/h em três segundos, de chegar aos 160 km/h em sete segundos e de cumprir o quarto-de-milha na casa dos 11 segundos. O fato de qualquer um que tenha carteira de motorista e grana o suficiente poder ir tão rápido em um carro com garantia de fábrica é uma das coisas legais de ser entusiasta hoje em dia.
O que acontece, então, se levarmos o Nissan GT-R ao extremo na aceleração em linha reta? É esta a pergunta que os caras da AMS Performance se dedicam a responder já tem um tempo. Falamos deles aqui no FlatOut pela primeira vez em outubro de 2014, quando apresentamos seu GT-R “Alpha Omega” – uma verdadeira demonstração de insanidade sobre rodas.
O Alpha Omega foi o primeiro GT-R a utilizar o kit Alpha 20 da AMS Performance, que consiste em ampliar o deslocamento do V6 de 3,8 litros para para quatro litros, bloco reforçado, dutos polidos e dois turbos Garrett para extrair 2.000 cv do VR38DETT. Naquele ano, o carro foi destaque do Texas Invitational, evento de arrancada particular que acontece algumas vezes por ano no Texas, normalmente em pistas de pouso fechadas ou abandonadas.
Depois do Alpha Omega, a AMS soltou uma sequência de GT-R preparados que passou pelo carro azul conhecido simplesmente como “Alpha 20”. O carro era de um cliente, Gidi Chamdi, e teve um final triste em 2015: depois de cumprir o quarto-de-milha em 7,94 segundos a 289 km/h, o Alpha 20 bateu no muro depois que uma das mangueiras do sistema de lubrificação arrebentou.
Este histórico todo é importante porque o novo Godzilla mais rápido do planeta é o sucessor do Alpha 20. Depois do acidente, do qual Gidi saiu ileso, o motor do carro foi aproveitado em um novo projeto: o Alpha G.
O carro foi apresentado no início do ano passado, e também falamos dele aqui no FlatOut. A ideia da AMS Performance foi estudar o motor do carro de Gidi e usar a experiência adquirida em sua preparação para desenvolver um novo motor, com diversos componentes projetados pela própria AMS Performance.
O motor ganhou um novo bloco de billet de alumínio, desenvolvido em conjunto com a Manley (famosa por seus componentes para motores V8 americanos), com camisas revestidas de Teflon, para reduzir a fricção, sistema de lubrificação retrabalhado, novos cabeçotes e componentes internos reforçados (feitos sob medida pela AMS) e, a cereja do bolo, dois turbocompressores Garrett GTX alojados no para-choque. As outras especificações foram mantidas em segredo, e a gente até consegue entender o motivo.
O caso é que, ao deslocar os caracóis, os caras da AMS tiveram mais espaço para torná-los maiores. Com os turbos operando a 2,7 bar, Gidi conseguiu cumprir o quarto-de-milha em 7,14 segundos!
Alguns meses depois, Gidi voltou ao Texas Invitational para mais uma tentativa. Desta vez, com um novo objetivo, também: cumprir o quarto-de-milha na casa dos seis segundos, feito que nenhum outro Nissan havia conseguido ainda.
De acordo com a AMS Performance, o carro está com mais de 2.500 cv, mas pode arranhar os 3.000 cv com os turbos operando perto da capacidade máxima, a 4,8 bar. Novamente, eles não revelaram as especificações completas e nem a potência exata, mas fizeram questão de soltar vídeos e fotos da evolução do carro. Eles também disseram que acabaram com três motores antes de chegar ao que está no carro hoje.
Os caras preferem deixar que as evidências empíricas falem por si. Por isso, eles soltaram o vídeo abaixo, que em dois minutos consegue retratar toda a tensão antes do recorde, e todo o alívio depois dele:
Os números no painel não mentem: 6,93 segundos a 315 km/h. Para se ter uma ideia, este é o tempo que o atual Honda Civic Type R leva para chegar aos 100 km/h. Claro que não dá para comparar os dois, mas dá para sentir o drama.
Aqui, uma cobertura mais abrangente, feita pelos caras do 1320Video. A reação de Gidi é impagável: ele está vermelho, com as veias saltadas e solta alguns palavrões quando fica sabendo do resultado.
Como de costume, os caras da AMS Perfomance já disseram que o Alpha G ainda tem potencial, e que o próximo objetivo é quebrar a barreira dos 200 mph (320 km/h) no quarto de milha. A esta altura, a gente já não duvida que eles consigam mais nada.