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O novo “Need For Speed”, testado: o que andam falando do game que promete reviver os bons tempos da franquia?

Intitulado simplesmente Need for Speed, o novo game da série de corrida é o vigésimo-segundo título da franquia, e foi lançado exatamente hoje, dia 3 de novembro, no mundo todo para Playstation 4 e XBox One (a versão para PC chega no início de 2016). O que não impediu a imprensa especializada de colocar as mãos no game antes de todo mundo e nos contar suas impressões. Nós não jogamos (ainda), mas não custa saber o que nos espera. Pois então, o que andam falando do novo NFS?

Need for Speed foi anunciado em maio desde ano, depois que boa parte do trabalho de desenvolvimento já estava concluída e o game só passava por uma bateria de ajustes para o lançamento. Todo mundo foi pego de surpresa, e de um jeito bom: a Electronic Arts, que trabalhou em parceria com a desenvolvedora Ghost Games, prometeu trazer de volta a era de ouro da customização que vimos em Underground (tanto o primeiro quanto o segundo títulos) temperando com doses maiores de car culture do mundo real e elementos dos games mais antigos.

Como muitos gamers são movidos a nostalgia, a oferta soava tentadora: a diversão dos carros customizados e das corridas de rua de NFSU com os gráficos de 2015? Todo mundo queria algo assim e, bem, não éramos exceção. A cada nova imagem, a cada novo trailer, ficávamos de boca aberta — especialmente quando a EA revelou que  Need for Speed teria cinco “histórias”, cada uma delas representada por um ícone da cultura automotiva do mundo real, de Akira Nakai a Ken Block. O que mais a gente poderia querer?

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De fato, em um mundo perfeito isto seria suficiente. Mas o mundo não é perfeito, e é preciso mais do que gráficos sensacionais e ídolos de milhões de entusiastas para se fazer um bom game de corrida. Sendo assim, isso há alguns detalhes que comprometem um pouco experiência de jogar um reboot de Need for Speed em pleno 2015.

O primeiro e mais incômodo deles foi criticado quando o anúncio veio, continua sendo criticado agora que o game saiu e certamente continuará sendo criticado pelas próximas gerações: não dá para jogar sem uma conexão ativa com a internet. E não estamos falando apenas das disputas de corridas online com jogadores do mundo todo — é preciso estar online mesmo quando você for jogar sozinho.

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Claro, é bem provável que, se você considera a compra do novo NFS, você provavelmente é uma pessoa conectada. Mas e se a Internet cair? Incômodo, para dizer o mínimo, e uma crítica unânime nas avaliações que encontramos. E a obrigatoriedade de uma conexão acabou criando outro efeito colateral que foi muito bem observado pelo site PlayStation Lifestyle:

Como você está sempre conectado a outros jogadores, não dá para pausar um evento, não importa onde seja. Ainda que a maioria das corridas dure poucos minutos, se alguém bater na sua porta ou precisar da sua atenção de qualquer outra forma na vida real, não há nada que você possa fazer para pausar o progresso do evento.

Tranque a porta do quarto, pendure um aviso na maçaneta, avise seus entes queridos nas redes sociais, qualquer coisa. Ou você se torna um completo eremita enquanto estiver jogando, ou pode ter certeza: em algum momento, você vai ter que perder uma corrida para falar com uma pessoa no mundo real. Não é um saco quando isto acontece?

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Por outro lado, para “recompensar o apoio dos jogadores a um game que exige conexão com a Internet o tempo todo” — palavras da própria EA —, Need for Speed será um game completamente livre de microtransações e DLC (pacotes de conteúdo extra) pagos. Isto é uma coisa boa, claro. Mas será que vale o preço de não poder jogar offline?

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Talvez, porque o grande cartão de visitas do novo NFS — o visual e o retorno de elementos dos clássicos Underground — estão ali, exatamente como vimos a cada nova foto, a cada novo trailer. E o resultado é um game de visual fantástico. Como bem descrito pelo IGN:

Os carros brilham com as gotículas de água e as ruas brilham, como uma tapeçaria reluzente de asfalto refletindo luz artificial de todos os ângulos. E o som é quase tão bom quanto o visual: o ronco alto e borbulhante dos motores preparados é bem resolvido; e o estalar do sistema de escape nas trocas de marcha é igualmente respeitável.

Honestamente, não é preciso discorrer muito sobre o visual do novo NFS. Supondo que você tenha uma máquina poderosa o bastante para rodá-lo, você vai mergulhar naquilo que viu nos trailers e fotos.

As histórias são contadas por cutscenes que misturam cenas live action e ação digital, o que é OK. No entanto, ainda de acordo com o IGN, o clima de “filmagem com o celular” acaba ficando meio forçado, bem como a profusão de gírias internéticas ditas pelos personagens. Cada uma das cinco histórias culmina em um duelo contra um dos ícones. No total, o game compreende 79 missões obrigatórias.

E aí, outro aspecto não tão bacana do game surge: ele é curto demais. Se você for dedicado, conseguirá terminar tudo em dois dias. O que acaba sendo ruim porque fica a impressão de que o game é fácil demais — o que, pelo visto, não é o caso, visto que uma das observações do Gamespot foi justamente a respeito da AI elástica, que acompanha o progresso do jogador (e as melhorias que ele faz no carro) e não deixa que você fique bom demais.

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E é justamente do Gamespot que vem um dos maiores elogios a Need for Speed. Trazendo de volta a customização em peso, o game até te faz esquecer que a lista de carros só tem 52 nomes (pouco, se compararmos com as centenas de veículos disponíveis em Gran Turismo Forza, por exemplo) e que você só pode ter cinco carros na garagem de uma vez. O barato aqui não é ter uma frota com dezenas de carros dos seus sonhos — a proposta é mais pé-no-chão: com menos carros, você pode dedicar-se mais a melhorá-los e customizá-los.

A parte das melhorias mecânicas é um tanto limitada — você pode escolher entre um setup mais voltado ao grip, se curte uma pilotagem mais realista (claro, ainda é um arcade, mas não pense que sair acelerando e batendo nos muros vai te levar a algum lugar); ou ao drift. A impressão geral é que o modo drift é mais divertido, pois no modo grip há um subesterço latente que não combina com um Need for Speed ambientado nas ruas. Também é possível ajustar as características da direção, dos freios e até a pressão dos pneus, mas nada muito sofisticado.

A personalização, no entanto, é muito mais rica do que em qualquer NFS já feito: você pode criar os adesivos que quiser, as cores que quiser, trocar rodas e painéis da carroceria e ajustar a altura e a cambagem da suspensão. Se você sonhava em fazer um eurolook em 2010 ou 2011 (lembra quando a moda pegou?) agora é sua chance. Some a isto o fato de a garagem só ter cinco vagas e você acaba se afeiçoando a cada um deles, e entendendo o que disse o Gamespot:

O sentimento de ser realmente o dono daquele carro que você modificou até ficar perfeito em vez de simplesmente comprar o carro mais legal disponível é absurdamente recompensador.

E, no fim das contas, isto não é o que a maioria de nós buscava quando jogava Underground? Aquele carro todo cheio de penduricalhos e pintura candy e luzes de neon que você comprou com créditos virtuais era o SEU carro todo cheio de penduricalhos e pintura candy e luzes de neon, mesmo dentro de um jogo. E o novo NFS traz isto de volta, com um visual muito melhor (em gráficos e em estética, convenhamos) e uma interação muito maior com o mundo real.

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