Geralmente, as imagens que temos dos ídolos da Fórmula 1 são formadas pelas cores características de seus capacetes combinadas à pintura dos carros de sua equipe. O capacete amarelo com faixas verde e azul em um carro vermelho e branco é a imagem de Ayrton Senna na pista, assim como a gota laranja/vermelha é a cara de Nelson Piquet.
O cockpit apertado e o capacete fechado impedem que nós, fãs de Fórmula 1, possamos ver as expressões e os movimentos dos nossos ídolos durante uma corrida. As raras ocasiões que podemos ver como é um piloto de F1 de cara limpa, encarando o traçado e domando um esportivo é quando eles saem dos monopostos e entram em carros comuns. Por isso, decidimos reunir os melhores vídeos dos pilotos de Fórmula 1 de todas as épocas dirigindo ou pilotando carros de rua.
Fernando Alonso – Renault Megane RS
Em 2006, Fernando Alonso ainda era piloto da equipe de fábrica da Renault e estava prestes a conquistar seu segundo título mundial. Como um bom funcionário e garoto propaganda, nessa época ele circulava pela Europa com um Renault Megane RS bastante mundano, muito parecido com este usado para levar jornalistas e convidados da marca francesa para um passeio em Nürburgring Nordschleife.
Gilles Villeneuve – Fiat 147
Este é curto, mas emblemático: o canadense Gilles Villeneuve, sua esposa Joann, e seu colega da Ferrari, Jody Scheckter, partem para Interlagos em um Fiat 147. Não encontramos ao certo por que raios eles escolheram o pequeno Fiat, provavelmente uma ação comercial dos italianos, já que o Grupo Fiat também tinha o Alfa 2300ti por aqui. O vídeo vem do documentário “Pole Position – I Guerrieri de la F1”, de 1980. Como a corrida brasileira acontecia no começo do ano, na época, é provável que a cena tenha sido gravada naquele mesmo ano.
Damon Hill – Mercedes SL55 AMG
Em 2003 Damon Hill levou um jornalista britânico para conhecer melhor o então novíssimo SL55 AMG, equipado com um V8 de 5,4 litros sobrealimentado de 476 cv e o sistema de controle ativo da carroceria ABC — um sistema hidráulico que contém a rolagem da carroceria compensando a carga dos amortecedores.
Como todo piloto de F1, Hill não modera o pé direito. Com o humor tipicamente inglês, ele chama o sistema de “BBC” e, depois de revirar o estômago de seu passageiro, sacou o brilhante trocadilho “Damon Hill makes me sick” — que pode ser entendido como “Damon Hill me enoja” ou como “Damon Hill me fez passar mal”.
Michael Schumacher – Maserati Spyder
Apesar da comparação não ser bem-vinda no Brasil, Michael Schumacher tinha muito da obstinação de Senna. A dedicação, o desejo de ser o melhor, a concentração total na pilotagem e no objetivo de ter o melhor equipamento. Não era carismático como o brasileiro e também nada místico. Nesse vídeo em que pilota o Maserati Spyder em Fiorano, é possível notar esse foco na pilotagem e na excelência.
Em vez de sorrir relaxado e curtir o passeio com o cabriolet, Schumacher se mostra concentrado, quase sisudo, exibindo uma tocada perfeita e inabalável mesmo durante um drift que arruinaria as calças de qualquer piloto de fim de semana. Ele só esboça um sorriso depois de completar a volta, quando conta suas opiniões sobre o comportamento do carro.
Nelson Piquet e Nigel Mansell – Ford Fusion
Em 2013, quando a Ford lançou a última geração do Fusion no Brasil, a agência de publicidade da fabricante tirou da cartola uma das melhores sacadas possíveis: reviver a rivalidade entre Nelson Piquet e Nigel Mansell nas pistas. E eles de fato entraram pra valer na pista do Velopark, no Rio Grande do Sul, com direito a toques e batidas em uma minissérie de quatro vídeos.
Nelson Piquet – BMW M635CSi
Em seus tempos de Brabham, depois de se tornar o primeiro piloto a ganhar o título de F1 com um motor turbo — e o único com um motor BMW —, Nelson Piquet também fazia as vezes de garoto propaganda da marca bávara. Neste vídeo, ele conta como é dirigir o esportivo que se tornaria um dos grandes clássicos da marca, o M635CSi, equipado com o mítico M88 seis-em-linha, de 286 cv.
Ayrton Senna – Honda NSX
Depois de conhecer o próprio Soichiro Honda em 1987, quando os japoneses forneceram o motor para a Lotus, a relação entre Ayrton Senna e a fabricante se tornou cada vez mais estreita. Foi com os motores Honda que Ayrton faturou seus três títulos mundiais e atingiu o auge de sua carreira embalado pela marca. Nessa época, a Honda estava desenvolvendo seu primeiro superesportivo, o NSX, e nada mais natural que chamar seus pilotos para colaborar no desenvolvimento do carro.
Talvez você estivesse esperando o clássico vídeo de Ayrton com um NSX de produção em Suzuka, com uma câmera onboard e outra filmando os pedais (e os questionáveis mocassins com meias do piloto), mas este aqui mostra Senna ainda durante o desenvolvimento do carro, em 1989 (apesar de o vídeo indicar erroneamente 1992) testando um protótipo do NSX e passando suas impressões para os engenheiros. Segundo consta, este foi o primeiro contato de Senna com o protótipo, quando ele colaborou no acerto da suspensão do carro.
Nigel Mansell – Ferrari F40
Você deve lembrar de Mansell com os Williams #5, mas em 1989 e 1990 o britânico foi para a Ferrari. Na Scuderia ele se tornou o primeiro piloto a usar um câmbio semi-automático na F1 (no GP do Brasil de 1989), conquistou três vitórias e outros oito pódios, mas não teve grandes chances de brigar pelo título. Ao menos ele pôde aproveitar o supercarro da Ferrari nas ruas, quando tinha à sua disposição um exemplar da F40, que ele pilota neste vídeo enquanto conta as suas impressões sobre o carro.
Ayrton Senna – Honda Civic SiR EF9 e Mugen CRX EF8
Senna fazendo punta-taccos com um Honda em Suzuka. Achou que fosse o vídeo do NSX? Errado. Em 1989, depois de conquistar seu primeiro título mundial de F1 com o McLaren Honda, Ayrton Senna foi a Suzuka acelerar os novos carros de corrida da Honda para aquele ano. O primeiro deles foi o Civic SiR projetado para o Grupo 1 de turismo, e depois o Mugen CRX EF8 — a versão cupê/fastback da quarta geração do Civic.
Riccardo Patrese – Honda Type R
Riccardo Patrese é o terceiro piloto que mais participou de Grandes Prêmios da Fórmula 1 — entre 1977 e 1993 ele disputou nada menos que 256 corridas, superado apenas por Schumacher e Barrichello. Nesse tempo, contudo, ele ganhou apenas seis provas e teve como melhor resultado da carreira um segundo lugar no mundial de 1992, vencido por Mansell, seu companheiro de equipe.
Já aposentado, Patrese se aventurou em outras categorias e foi piloto de testes da Honda. Foi nessa época, em 2008, que ele protagonizou um dos primeiros — e mais engraçados — vídeos virais da internet: o famoso passeio com sua esposa Francesca Accordi a bordo do Honda Civic Type-R. Sem saber que estava sendo filmada, a sra. Patrese ficou absolutamente horrorizada com a tocada do marido, chegando a gritar um “vaffanculo, Riccardino!” (uma tradução impublicável, desculpem) durante a volta em Jerez. Patrese só ria e se divertia.
Felipe Massa – Fiat 500
Em 2008, seu melhor ano na Ferrari, Felipe Massa levou o pessoal do programa Auto Esporte para uma volta com o Fiat 500 em Interlagos. O modelo seria lançado no Brasil no ano seguinte, e certamente para reforçar a imagem jovem e descolada, colocou o carro nas mãos do brasileiro no programa de TV.
A bordo do Fiat, Felipe revela que sua esposa, Rafaela, dirigia um 500 na Europa (Felipe tinha uma 599 na época) e por isso já estava acostumado com o compacto. Obviamente, para quem cresceu em Interlagos e dirigiu as Ferrari V8 de F1, nem precisava estar acostumado para se divertir com o carrinho durante a entrevista — e arrancar risadas nervosas da apresentadora.
Felipe Massa – Toyota Corolla
Quando assinou com a Ferrari, no fim de 2005, Felipe Massa ainda não era tão conhecido pelo grande público da TV como Senna, Barrichello e Piquet. Por isso a rede Globo decidiu fazer uma brincadeira com o quase-anônimo novato: Felipe Massa se passaria por instrutor de auto escola e, em determinando momento, levaria um de seus “alunos” para uma volta em Interlagos.
Curiosamente, o carro usado não foi um Fiat ou qualquer outro modelo do grupo italiano, mas sim um Toyota Corolla. Infelizmente a edição se concentrou mais nas brincadeiras que na tocada em si, mas é suficiente para vermos Massa em algo muito mais mundano — e nada empolgante de dirigir.
Antônio Pizzonia – Jaguar
Em 2003 o brasileiro Antônio Pizzonia assinou um contrato com a equipe de F1 da Jaguar para disputar a temporada ao lado de Mark Webber. Como todo piloto de F1, parte de sua agenda envolvia atividades extra-campeonato, como apresentar o Jaguar S-Type R, de 400 cv, à imprensa internacional no Circuito da Catalunha, em Barcelona.
Na vez do britânico Steve Sutcliffe, da Autocar, Pizzonia parece ter esquecido que estava em um Jag de rua, e não em um F1, e atrasou demais o ponto de frenagem. Sutcliffe sacou na hora que Pizzonia não faria curva “no way“, e se preparou para a pancada. Se não é sempre que se vê esses pilotos em carros comuns, vê-los batendo carros comuns é ainda mais raro.
Jenson Button – Lada 1500
Em 2012, já como piloto da McLaren, Jenson Button foi levado à Hungria para uma ação promocional da Vodafone. No evento ele dirigiu vários carros esportivos, como um Mercedes SL63 AMG, e também um dos carros mais populares do Leste Europeu: o Lada 1500 (ou VAZ-2103, caso você seja soviético) em um desafio contra um dos apresentadores do evento.
Jenson Button – S2000
Antes da McLaren e da Brawn GP, Jenson Button foi piloto da equipe oficial da Honda na F1. Em 2007, a fabricante japonesa o colocou a bordo de um S2000 para uma volta com jornalistas europeus ao redor de Silverstone. Além do ronco do motor F22C girando alto e da técnica de Button no lendário circuito britânico, ele também comenta a volta, indicando marchas, velocidades dos trechos e pontos de frenagem do traçado.
Lewis Hamilton – Mercedes-Benz SLR McLaren
Lewis Hamilton volta e meia aparece dirigindo seu Zonda 760 LH naqueles vídeos de YouTubers caçadores de supercarros, por isso não seria novidade mostrá-lo dirigindo seu carro roxo. O que encontramos aqui é anterior à sua ida para a Mercedes-AMG, mas já com um carro da marca alemã: um SLR McLaren 722 Edition. Em Silverstone e na chuva. Apesar de Hamilton brincar mais do que pilotar de fato, ele mostra como é a visão do piloto em um F1 sob chuva e, depois, vai para o banco do carona ensinar como se dá uma volta no circuito sob chuva.
Emerson Fittipaldi – Ford Maverick
Esse é nostalgia pura: Emerson Fittipaldi no auge de sua carreira na F1, pilotando um Maverick no traçado antigo de Interlagos, ainda com o lendário Retão, a Curva do Sol, Curva do Sargento e a Ferradura. O vídeo é um dos melhores já feitos sobre a pilotagem em Interlagos, ainda que, infelizmente, no traçado antigo. A bordo do que parece ser um Maverick Super V8, equipado com o motor 302 Windsor, Emerson conta em detalhes as reações do carro e a técnica para contornar o desafiador traçado o mais rápido possível.
Mark Webber – Volkswagen Golf GTI, Renault Megane Sport e Ford Focus RS Turbo
Em 2010, já na Red Bull, o australiano Mark Webber foi convidado pelo jornal britânico Telegraph para avaliar três dos hot hatches em alta na época: o Golf GTI, o Renaultsport Megane 250 e o Ford Focus RS Turbo. Durante a avaliação, Webber dirige os três hatches sobre o asfalto molhado pelo inverno britânico e comenta sua impressão sobre cada um deles — com uma suspeita predileção pelo modelo da Renault, que por acaso já era a fornecedora de motores da equipe. Precisamos dizer qual foi a escolha de Webber?
Alain Prost – Renault Clio RS
Alain Prost entrou na Fórmula 1 a bordo de um Renault, e faturou seu último título, em 1993, a bordo de um Williams embalado pelo motor V10 da fabricante francesa. Com essa estreita ligação entre o piloto e a fabricante, Prost se tornou uma espécie de embaixador da divisão esportiva da marca. Nesse vídeo ele apresenta o Clio RS 200 a um grupo de jornalistas italianos em um passeio suave por algum circuito não identificado.
Alain Prost – Lamborghini Gallardo Superleggera e Porsche 997 GT3 RS
Para mais ação com o diminuto gigante francês assista a este vídeo: Alain Prost testa um Lambo Gallardo Superleggera e em seguida assume o volante de um Porsche 997 GT3 RS — duas versões aliviadas dos supercarros mais radicais da década passada. Com uma mistura de italiano com francês (curiosamente fácil de entender) Prost mostra toda a sua técnica a bordo dos esportivos e conta suas impressões sobre cada um.
Niki Lauda – Mercedes-Benz S500
Niki Lauda se aposentou da F1, continuou prestando seus serviços à Fórmula 1 como conselheiro técnico da Mercedes-AMG até o fim de sua vida. Sua relação com a marca alemã também o coloca em certos eventos à imprensa e convidados especiais. Em um deles, Lauda assumiu a direção do novo Mercedes-Benz S500 (um V8 de 455 cv) para uma volta pelo Inferno Verde — o lugar onde o austríaco quase perdeu a vida há exatos 39 anos. A volta aparentemente dura menos de 10 minutos, mas Lauda não demonstra pressa para contornar o traçado. Segundo ele, “ir mais rápido só irá aumentar o risco”.
Gerhard Berger — Honda Civic VTi
Em seu último ano na McLaren Honda, Gerhard Berger foi a Suzuka fazer uma demonstração do novo Civic EG6, a versão VTi do hatch da quinta geração, a primeira que tivemos no Brasil. O motor 1.6 de 160 cv é usado e abusado pelo austríaco, que leva carro girando alto e com o pé embaixo por praticamente todo o traçado.
Jackie Stewart – Ford Escort
Sir John Young Stewart iniciou sua forte ligação com a Ford ainda na Fórmula 1, quando insistiu para que a Tyrrell adotasse os motores Ford Cosworth DFV para a temporada de 1970. Desde então, além de conquistar dois mundiais com esses motores, Jackie Stewart também disputou provas de turismo, foi consultor técnico, porta-voz e até dono de equipe de F1 em parceria com a Ford.
Neste vídeo, ele apresenta a segunda geração do Ford Escort, lançada em 1974, nas versões 1300 L, RS1800 e RS2000, comentando as qualidades do carro em diferentes condições de piso e situações.
Jackie Stewart – Ford Tempo
Nos anos 1980, atuando como consultor técnico da Ford, Jackie Stewart foi garoto propaganda do sedã compacto da marca para o mercado americano, o Ford Tempo. Para atribuir algum valor a um sedã desajeitado derivado do Escort americano, a Ford resolveu colocar Sir Jackie dobrando os pneus do Tempo e prestando seu depoimento sobre as qualidades do carro.
Bonus track: pilotos da F1 com o 190E em Nürburgring
Essa já tem uma matéria aqui mesmo no FlatOut, mas precisa ser citada: em 1984, a Mercedes participou da inauguração do circuito de Grande Prêmio de Nürburgring Nordschleife com uma corrida promocional do seu recém-lançado 190E 2.3-16 Cosworth. A ideia era reunir pilotos da Fórmula 1 que disputariam a temporada de 1984 e alguns campeões convidados, todos em carros idênticos — apenas as cores eram diferentes.
O line-up era formado por nada menos que oito campeões mundiais — Denny Hulme, Jody Scheckter, Jack Brabham, James Hunt, John Surtees, Phil Hill, Niki Lauda, Keke Rosberg —, além de Stirling Moss, Carlos Reutemann, John Watson, Alain Prost, Udo Schuetz, Klaus Ludwig, Manfred Schurti, Jacques Laffite, Hans Hermann, Elio de Angelis e o novato Ayrton Senna. O resto é história.