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Car Culture

O Rei Charles III da Inglaterra dirige um… Aston Martin movido a vinho branco!?

The King is dead! Long live to the King! Esta frase não tem o mesmo efeito quando morre uma rainha (queen) e assume um rei (king), mas ela expressa em nove palavras a noção de continuidade e permanência da monarquia — o rei está morto, vida longa ao rei, é sua tradução. E se há continuidade e permanência, o Rei Charles III do Reino Unido tornou-se da manhã para a tarde um dos homens mais poderosos do planeta.

Agora, eu não estou aqui para falar de geopolítica e monarquia, mas de carros. Então é claro que eu vou falar sobre o que esse, que é um dos homens mais poderosos do planeta, tem em sua garagem. E é claro que ele tem algo condizente com a realeza em que vive: um Aston Martin DB6 Volante movido a vinho branco.

E você aí,  achando que ostentação era postar no instagram uma foto da bomba do posto depois de completar o tanque com gasolina Pódium…

Rei Charles III

Na verdade o Aston DB6 real não é abastecido diretamente com vinho branco, e sim com bioetanol produzido a partir do vinho. Ele foi convertido para rodar com o combustível vegetal a pedido do próprio Charles por uma questão de sustentabilidade.

Por mais absurdo que possa parecer, abastecer um carro com etanol de vinho branco na Inglaterra era mais barato que abastecer com gasolina premium no Brasil devido a um acordo comercial da União Europeia.

Em 1999, o Conselho de Ministros da União Europeia definiu novas regras para equilibrar a oferta e a demanda de vinho na comunidade europeia. Entre estas regras está uma cota de exportação de vinho de cada país. Caso a produção local exceda essa cota, o vinho não pode ser comercializado e precisa ser descartado ou utilizado de outra forma.

Uma destas formas de utilização é a transformação do vinho em biocombustível. Foi por isso que, em 2008, quando as regras entraram em vigor, o príncipe Charles solicitou a conversão de seu Aston para rodar com etanol. Além de gerar economia aos cofres públicos, ele também tomou uma iniciativa exemplar, o que lhe dá ao menos moral para solicitar o mesmo ao povo.

A primeira leva de etanol de vinho foi produzido a partir de 8.000 litros de vinho branco excedente, comprado por apenas 1 centavo de libra (penny) — algo equivalente a R$ 0,06 na cotação atual.

O lote de vinho excedente foi enviado a uma produtora de combustíveis renováveis batizada Green Fuels, onde foi fervido e teve seus 11% de álcool separados por destilação (fervura e condensação) — o que resultou em cerca de 880 litros de álcool puro.

Este álcool resultante já seria suficiente para abastecer o carro, mas para uso da família real ele ainda foi misturado ao álcool formado pela fermentação do soro de leite coalhado dos fabricantes de queijo locais (outro subproduto excedente) e então misturado com gasolina em uma proporção de 85% de etanol e 15% de gasolina (E85). Mesmo com todo o processo industrial, o custo final do litro de etanol de vinho branco ficou em 1,1 libra — ou R$ 6,05 em conversão direta.

Tecnicamente é possível obter etanol de qualquer bebida alcóolica por meio da destilação. O único resíduo será suco de fruta (no caso do vinho) ou uma sopa de cereais no caso de outras bebidas fermentadas como a cerveja e o saquê. E como se não bastasse, a Green Fuels ainda usou o suco restante do vinho destilado para produzir biogás, usado na Inglaterra para abastecer usinas termoelétricas.

No Brasil a forma mais barata de produzir bioetanol é pela fermentação e destilação do melaço de cana. O processo começa com a popular garapa (a mesma que você compra na feira, na barraca ao lado do pastel) que é aquecida para virar melaço, cuja composição tem 40% de sacarose.

Após a obtenção do melaço, é preciso adicionar fermentos biológicos como a levedura de cerveja para transformar a sacarose em etanol. Com o processo de fermentação completo, é hora de separar o álcool do melaço por destilação fracionada, um processo que resulta em álcool 96º GL, com apenas 4% de água, que é exatamente o etanol vendido nos postos de combustível — e a proporção máxima de álcool e água que se obtém pela destilação fracionada.

Já o álcool adicionado à gasolina passa por mais um processo de destilação após ser combinado a ciclo-hexano para a separação destes 4% de água. Desta forma é possível chegar a 99,7% de álcool e 0,3% de água. Como a proporção de água é desprezível, ele leva o nome de “álcool anidro”, ou seja: álcool sem água.

Agora… sobre o carro, trata-se de um Aston Martin DB6 Volante, com o clássico seis-em-linha de 4 litros e 286 cv, um presente da Rainha Elizabeth II em seu aniversário de 21 anos, completados em 1969 (acima). O prin… rei Charles III o mantém até hoje, e emprestou o carro ao seu filho William para a cerimônia de casamento com Kate Middleton em 2011.

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Além do seu clássico DB6 Volante 1969, o Rei Charles III teve outros modelos da Aston, como um Virage Volante nos anos 1980 e 1990, mas esse é um papo para outra hora.


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