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Car Culture

Opel Fiera: a história do “Chevrolet Opala do México”

Que o Chevrolet Opala é baseado no alemão Opel Rekord talvez você já saiba. No fim da década de 1960, a Chevrolet pegou o modelo europeu, deu a ele estilo e motor americanos e, com esta receita, criou um dos carros mais queridos da história automotiva brasileira. Acontece que o Opala não foi o único carro derivado do Rekord espalhado pelo mundo — nossos colegas mexicanos também tiveram o seu. Ele não era Chevrolet, mas Opel mesmo, e até ficou famoso por aqui graças a ninguém menos que… o Chapolin Colorado!

O nome Rekord foi usado pela primeira vez em uma versão do Opel Olympia, um dos primeiros modelos totalmente novos lançados pela marca alemã depois da Segunda Guerra Mundial, em 1953. O nome reapareceu exatos dez anos depois com a primeira geração do Opel Rekord (conhecia como “Rekord A” na tradicional nomenclatura da Opel), de 1963.

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O Rekord que se tornou o nosso Opala é o modelo de terceira geração (C), lançado em 1966 — naquela época a evolução dos carros era mais rápida e atualizações importantes eram introduzidas em pouco tempo. Para se ter uma ideia, a segunda geração do Rekord (na verdade, um facelift mais abrangente) foi produzida apenas em 1965 e 1966.

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A terceira geração herdou os motores dos modelos anteriores — de quatro e seis cilindros, sendo que o mais potente era um seis-em-linha de 2,2 litros e 95 cv — e tinha desempenho semelhante, mas foi o mais bem sucedido por seu visual (especialmente o perfil “garrafa de coca-cola”) e pelo espaço interno, que era bastante superior. Era uma boa receita e foi muito bem aceita na Europa — e os executivos da General Motors logo perceberam que o Rekord era versátil o bastante para fazer sucesso em outros mercados. Só precisava de alguns ajustes.

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No Brasil, como você talvez já saiba, a Chevrolet decidiu transformar o Rekord em um carro mais americano, dando a ele linhas inspiradas em modelos como o Chevelle e o Nova, muscle cars muito populares nos EUA. A americanização continuou na mecânica — os motores de 2,5 e 3,8 litros (de quatro e seis cilindros, respectivamente) eram baseados em um projeto desenvolvido nos EUA — e no nome, que fazia alusão à pedra preciosa mas também buscava associação com o Impala.

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Para o mercado mexicano a situação foi parecida — só que o carro não foi vendido como Chevrolet, e sim como Opel. Fiera era seu nome, e lançado em 1967, trazia mecânica semelhante à do Opala, com um seis-em-linha de 3,8 litros. Só que o motor era mais potente, com 145 cv brutos a 4.400 rpm, além de desenvolver mkgf de torque a baixíssimos 1.600 rpm.

Ao contrário do Opala, porém, o Fiera não adotou estilo americano. A Opel mexicana preferiu manter o estilo elegante da matriz, talvez para diferenciar-se da avalanche de carros americanos presente desde sempre no México — e conter custos no processo.

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Em 1968 chegou a vez do Opel Olimpico, batizado em alusão aos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade co México. A carroceria tinha apelo esportivo, com faixas e rodas de muscle car americano, mas o motor era menor — um quatro-cilindros de 2,5 litros parecido com o do Opala, capaz de desenvolver 90 cv.

A estratégia da Opel com o Olimpico foi oferecê-lo em versão básica com muitos opcionais disponíveis — na verdade, segundo o Club Opel Mexico, o Olimpico era a versão do Fiera que mais tinha equipamentos opcionais, como ar-condicionado, teto de vinil e sistema de som. De preço atraente, foi um dos modelos mais vendidos — e até apareceu em um episódio do Chapolin Colorado.

Quem não se lembra do bandido Mão Negra escondido atrás dos arbustos enquanto o Polegar Vermelho fica às voltas com as portas, capô e porta-malas do carro, que abrem e fecham descontroladamente?

No fim das contas o carro ajuda o Chapolin a deter o bandido — vale assistir de novo em memória de Roberto Gómez Bolaños, não acha?

Enquanto o Olimpico estava disponível apenas com carroceria cupê, o Fiera foi vendido como sedã de quatro portas (a exemplo do Opala), mas não como perua. Por outro lado, os mexicanos puderam comprar o sedã de duas portas, que existia também na Europa mas nunca chegou ao Brasil.

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O Fiera e o Olimpico foram comercializados no México até 1972, o que significa que o Rekord não teve uma vida tão longa por lá quanto aqui no Brasil. Nos últimos dois anos, porém, foi vendida a versão mais interessante do modelo: o Opel Fiera SS.

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Ainda que utilizasse o mesmo motor do Fiera “comum”, o SS nos parece muito interessante — especialmente por causa do visual inspirado no Camaro Yenko (olha só as faixas laterais), além de freios a disco na dianteira (as outras versões tinham freios a tambor) ,volante exclusivo e alavanca de câmbio Hurst.

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Acontece que o Fiera/Olimpico nunca fez o mesmo sucesso no México que o Opala no Brasil (basta lembrar que foram 24 anos de boas vendas aqui) ou mesmo o Rekord na Alemanha (que produziu mais de 1,3 milhão de unidades em seis anos). Acredita-se que a razão para a baixa receptividade foi causada por dois fatores principais: o visual, que foi considerado “europeu demais” pelo público mexicano; e a baixa disponibilidade de peças de reposição, que eram importadas e custavam caro.

Sendo assim, tanto o Fiera quanto o Olimpico são carros relativamente raros de se achar em bom estado no México — o que significa que, com o tempo, seu preço deverá aumentar. E os dois têm muitos admiradores — que se autointitulam Opeleros, em um paralelo aos nossos conhecidos “Opaleiros”. Será que o Chespirito não era um desses Opeleros?

[ Fotos: Fabio Aro, Club Opel Mexico ]