FlatOut!
Image default
Car Culture

Os carros de papel: a incrível coleção de Ferrari de Milan Paulus

Dizem que a forma mais barata e fácil de colecionar automóveis é comprando miniaturas – e, de fato, é possível juntar um belo acervo de Hot Wheels pagando uns R$ 10 por cada unidade. No entanto, há quem leve este hobby mais a sério: as miniaturas 1:18 incrivelmente detalhadas da Autoart, por exemplo, partem de R$ 1.500 no Brasil.

Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicoshistórias de carros e pilotosavaliações e muito mais!

 

FLATOUTER

O plano mais especial. Convite para o nosso grupo secreto no Facebook, com interação direta com todos da equipe FlatOut. Convites para encontros exclusivos em SP. Acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Direito a expor ou anunciar até sete carros no GT402 e descontos em oficinas e lojas parceiras*!

R$ 26,90 / mês

ou

Ganhe R$ 53,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

*Benefícios sujeitos ao único e exclusivo critério do FlatOut, bem como a eventual disponibilidade do parceiro. Todo e qualquer benefício poderá ser alterado ou extinto, sem que seja necessário qualquer aviso prévio.

CLÁSSICO

Plano de assinatura básico, voltado somente ao conteúdo1. Com o Clássico, você terá acesso livre a todas as matérias da revista digital FlatOut, incluindo vídeos e podcasts exclusivos a assinantes. Além disso, você poderá expor ou anunciar até três carros no GT402.

R$ 14,90 / mês

ou

Ganhe R$ 29,80 de
desconto no plano anual
(pague só 10 dos 12 meses)

1Não há convite para participar do grupo secreto do FlatOut nem há descontos em oficinas ou lojas parceiras.
2A quantidade de carros veiculados poderá ser alterada a qualquer momento pelo FlatOut, ao seu único e exclusivo critério.

Hoje, porém, vamos falar de uma coleção de miniaturas diferente: a coleção de Ferrari de Milan Paulus, um entusiasta que mora na República Tcheca e, desde 2008, dedica todo seu tempo livre a construir réplicas em escala 1:6 de todos os monopostos com os quais a Scuderia competiu na Fórmula 1 de 1957 para cá. É uma premissa bem simples, mas a tarefa em si não poderia ser mais complexa: todos os carros são feitos de papel.

O vídeo abaixo foi feito em 2018, e mostra o ateliê de Paulus – que também é o lugar onde ele mantém a coleção exposta, em estantes feitas sob medida. É o tipo de coisa que nos faz pensar “como não vimos isto antes?”, mas nunca é tarde para apreciar boa arte.

https://www.youtube.com/watch?v=FFlAO5d4v6A

Paulus conta que constrói modelos de papel desde os sete anos de idade – seu primeiro foi uma réplica do Austin blindado de Lênin, e depois ele começou a montar os esquemas que vinham em revistas para crianças. Aos 12 anos, Paulus descobriu a Fórmula 1 – e a Scuderia Ferrari – graças a Niki Lauda, seu grande ídolo. Mais especificamente, graças à Ferrari 312T2 na qual Lauda sofreu seu terrível acidente no GP da Alemanha de 1976, em Nürburgring Nordschleife. Paulus diz que a 312T2 sempre será sua Ferrari de Fórmula 1 favorita, pois salvou a vida de Lauda. “Esse carro tinha estrutura de aço e carroceria de alumínio. Se fosse como um Lotus, com monocoque e painéis estruturais, Lauda certamente teria morrido”.

É interessante que Paulus cite a estrutura do carro como principal razão para que a Ferrari 312T2 seja sua favorita. Isto porque as suas réplicas (falar “miniaturas” não parece justo) não retratam apenas a carroceria dos carros, mas também simulam seu método de construção e, claro, reproduzem todos os componentes – motor, suspensão, freios e interior. Não são apenas cascas de papel sobre uma base genérica. E, mesmo se fossem, já seria um belo trabalho.

Isto porque o nível de detalhes, em todos os elementos de todos os carros, é impressionante – não há nenhum atalho, nada que tenha sido feito para ganhar tempo ou facilitar o trabalho. Cada curva da carroceria, cada componente aerodinâmico está ali. Por baixo dela, pode-se ver o chassi, os braços e molas da suspensão (uma das poucas peças que não são feitas de papel, mas de metal), o motor e o câmbio.  Os componentes que se soltam nos carros de verdade também se soltam nas réplicas e, ao ver uma delas desmontada, é fácil esquecer qual é a matéria prima.

Paulus usa folhas de papel mais grossas – cartolina e papelão, este geralmente usado como camada protetora em embalagens industriais. Primeiro, Paulus faz os moldes, depois corta as peças e monta a estrutura básica. Depois, para dar rigidez, ele aplica uma camada de gesso – é ela que vai receber a pintura e o acabamento, incluindo os emblemas, nomes dos pilotos e marcas dos patrocinadores. Nos carros mais modernos, há também adesivos para imitar o padrão da fibra de carbono.

Segundo Paulus, sua parte favorita é o motor – especialmente nos carros mais antigos, onde a mecânica e todos os periféricos ficavam quase totalmente expostas. Paulus gosta de atentar-se aos detalhes: cabos, reservatórios, radiadores, coletores de admissão e escape, carburadores e corpos de borboleta, estão presentes. No entanto, Paulus tem o cuidado de recriar o motor mesmo que ele não fique exposto – até porque, em alguns carros, ele é um componente estrutural.

Paulus não se atém a uma ordem específica para fazer seus carros – atualmente, há cerca de 60 modelos prontos, dos 102 que a Ferrari fez até 2019. Seu plano é construir 104 réplicas, incluindo os carros que competirão em 2020 e 2021 e, obviamente, ainda não foram feitos pela Scuderia.

O detalhe: embora trabalhe com modelagem em papel há décadas, ele só começou a construir réplicas das Ferrari de Fórmula 1 em 2008. Ao olhar para as paredes de seu ateliê, forradas com monopostos Rosso Corsa, a impressão que fica é que se trata de um trabalho de décadas. Mas não é à toa: não raramente, Paulo se dedica a dois ou três carros ao mesmo tempo.

 

E ele não costuma usar esquemas técnicos ou blueprints dos carros, com todas as dimensões e detalhes. Paulus não fala inglês, e isto o limita na hora de encontrar informações – é mais fácil encontrar fotos, que são sua maior referência.

E é na Internet que Paulus expõe seu trabalho: há uma página com mais de 1.000 fotos detalhadas, de todos os carros, no Facebook. Seu projeto mais recente foi a Ferrari 412 T2, de 1995, conduzida por Jean Alesi e Gerhard Berger. A 412 T2 foi o último carro com motor V12 a vencer uma corrida pela Scuderia – o GP do Canadá de 1995. Aliás, coincidentemente, foi exatamente nessa corrida que Rubens Barrichello, na época piloto da Jordan, chegou em segundo colocado pela primeira vez na carreira.

O sonho de Paulus é conseguir reconhecimento com o acervo que já lhe tomou todo o tempo livre nos últimos 11 anos – ele espera que a Ferrari tome conhecimento da coleção e, quem sabe, compre todos os carros. Honestamente, este é o tipo de coisa que jamais venderíamos, mesmo que fosse para a própria Scuderia.