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Car Culture

Os carros de rua de Niki Lauda – e os que foram feitos especialmente para ele

Niki Lauda foi, sem dúvida, um dos maiores pilotos da história da Fórmula 1. Não apenas por seus três títulos, 54 pódios, 25 vitórias e 24 pole positions na carreira – o que não deixa de ser incrível. Mas também por sua superação após o acidente no GP da Alemanha de 1976, que quase tirou sua vida e lhe deixou marcado para sempre; por sua personalidade carismática e sincera; e por sua dedicação ao esporte a motor, que foi parte dominante da vida de Niki Lauda até seus últimos dias.

Mas, como todo bom piloto de corridas, Lauda não se importava com carros velozes apenas quando estava trabalhando – ele também gostava de curti-los em seu tempo livre. O sonho da maioria dos entusiastas não é ser piloto profissional? Pois os pilotos profissionais também querem ser entusiastas quando têm a oportunidade.

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Niki Lauda não era do tipo que desfilava por aí com os automóveis de sua coleção. Apesar de ter vindo de uma abastada família austríaca, receber um dos maiores salários de toda a história da Fórmula 1 em seus anos de ouro, ser o dono de uma companhia de voos fretados e uma personalidade reconhecida em todo o planeta, o piloto era discreto e preferia ser uma pessoa simples sob os holofotes.

No entanto, mesmo que ele não gostasse muito de ostentar, os entusiastas e fãs do piloto acabavam investigando e descobrindo o que ele dirigia no dia-a-dia. Além disso, alguns de seus carros eram cortesias das equipes com as quais ele estava envolvido no momento – que, afinal, podiam ter um gigante da F1 como garoto-propaganda.

A seguir, vamos dar uma olhada nos carros de rua que Niki Lauda teve, segundo o que se sabe, ou ao menos dirigiu diante das câmeras – e também nas séries especiais que foram feitas em sua homenagem.

 

Ferrari 288 GTO

Há quem acredite que, entre todos os supercarros de topo da Ferrari, a 288 GTO é o mais importante deles. Dá para entender de onde vem esta noção: além de ser a primeira da série – que mais tarde contou com F40, F50, Enzo e LaFerrari – a 288 GTO nasceu como especial de homologação do Grupo B. E, mesmo que jamais tenha competido de verdade, vai levar para sempre este pedigree.

A 288 GTO foi lançada em 1984, quando Niki Lauda já havia saído da Ferrari havia quase uma década. Mesmo assim, o piloto ganhou uma de presente – a fabricante italiana estava tentando gerar buzz a respeito do carro (como se precisasse) e a passagem brilhante de Lauda pela Scuderia lhe rendeu um lugar entre os contemplados.

Foto: Ted Gushue/Petrolicious

De acordo com o Petrolicious, que conversou em 2016 com o atual responsável pela GTO que foi de Niki Lauda, o piloto foi o primeiro dono de seu exemplar. Ele ficou com o carro por cerca de quatro anos antes de vendê-lo. Lauda nunca foi de ficar muito tempo com o mesmo carro.

 

BMW 735i/745i

Você deve ter reparardo que há um BMW Série 7 E23 na foto de Lauda junto com sua 288 GTO. Usamos um recorte da foto para abrir este post – e repetimos abaixo.

No fim da década de 1970, quando o Série 7 foi lançado, Lauda foi campeão da Procar, categoria de abertura da Fórmula 1 onde todos os pilotos conduziam uma versão turbinada de mais de 800 cv do lendário BMW M1. Talvez por isto Lauda tenha ganhado de presente da fabricante um exemplar do BMW Série 7 E23, primeira geração do modelo de topo. O carro era 745i, versão de topo, que usava um seis-em-linha turbinado de 3,2 litros e 251 cv.

Há, também, outra imagem de Lauda em um Série 7 – a geração seguinte, E32, lançada em 1986. Lauda foi o curador do lançamento, mas não se sabe ao certo se ele ganhou um exemplar de presente ou apenas posou para fotos.

 

Fiat X1/9

O contrato assinado com a Ferrari em 1974 rendeu a Niki Lauda outros benefícios além de dois títulos mundiais. Na época a Fiat – que, como sabemos, já era dona da Ferrari naquela época – apresentou uma edição especial do esportivo X1/9 (que ganhou uma réplica, o Dardo, no Brasil).

O Fiat X1/9 Série Speciale tinha faixas pretas nas laterais, revestimento exclusivo nos bancos e uma plaqueta numerada no para-lama direito – que também trazia um emblema com a bandeira italiana e o a assinatura do projetista, Nuccio Bertone.

Após vencer a temporada em 1977, Lauda ganhou um dos carros de presente da Fiat – um exemplar dourado, com o qual posou para fotos usando o macacão da Scuderia. As imagens foram usadas pela Fiat na promoção da edição especial.

 

Range Rover Monteverdi

Em 1980 a Land Rover começou a licenciar à fabricante suíça Monteverdi a conversão do Range Rover, seu modelo mais luxuoso na época, para quatro portas – o utilitário só era oferecido com duas. A Land Rover participava ativamente do projeto, e era possível encomendar um exemplar diretamente nas concessionárias, com certificado de garantia e programa de manutenção.

Há uma foto contemporânea de Niki Lauda com sua esposa na época, Marlene Knaus, ao lado de um exemplar do Range Rover Monteverdi (acima). Mas aquele não foi o único modelo da tradicional fabricante inglesa que Lauda teve.

Em 2015, o piloto deu uma entrevista à revista Auto Motor und Sport, da Alemanha, na qual falou sobre alguns dos veículos que usava naquele momento. Lauda contou que, em sua casa na Espanha, ficava um Land Rover Defender que ele tinha há alguns anos.

 

AMG GT S e outros Mercedes

Na mesma entrevista, Lauda – que, na época, já era presidente não-administrativo da Mercedes na Fórmula 1 – revelou que tinha um AMG GT, cortesia da equipe.

Faz duas semanas que eu estou com o Mercedes-AMG GT S. Passei um bom tempo discutindo, comigo mesmo, se tinha condições de guiar um carro como esse. Com o meu boné vermelho, vão me reconhecer em qualquer lugar. Quando eu dirijo os 30 km do escritório até o aeroporto na cidade, no modo Comfort, gasto 9,8 litros de combustível. Assim que saio de Viena, coloco o carro em um modo programado por mim mesmo, e o escapamento logo responde, berrando alto com as reduções de marcha. É divertido demais!

Além do AMG GT S, Lauda contou à Auto motor und Sport que tinha um Mercedes-Benz Classe G e um Classe C – sendo que este último havia tomado o lugar de uma perua Classe E, pois o piloto queria um carro mais discreto e barato. 

Aqui também vale a menção honrosa ao Maybach 62S de Bernie Ecclestone. Em 2016, em um evento da Fórmula 1 em Nürburgring, Lauda deu uma carona ao amigo de longa data ao redor do circuito. Se liga no onboard abaixo, publicado no canal oficial da equipe de Fórmula 1:

O fotógrafo Jochen Van Cauwenberger, mais conhecido como Frozenspeed, estava lá para registrar o momento. Com a morte de Lauda, ele aproveitou para relembrar aquele momento e publicou as imagens no Facebook. Naturalmente, a publicação se tornou viral.

I only photographed Niki Lauda once, but it was on a special occasion. Making Bernie Ecclestone hang on going through…

Posted by Frozenspeed on Thursday, May 23, 2019

A legenda diz:

Só fotografei Niki Lauda uma vez, mas foi em uma ocasião especial: fazendo Bernie Ecclestone se segurar no banco ao passar pelo Karussell em um Maybach depois de comemorar 30 anos de vida depois de seu acidente. Adoro como a expressão de Bernie muda rapidamente para “ligeiramente desconfortável.

 

As séries especiais

Alfa Romeo Spider Veloce Niki Lauda

Além de ganhar presentes das fabricantes, Niki Lauda também foi homenageado por elas com algumas séries especiais. A primeira delas veio em 1978 – o Alfa Romeo Spider Veloce Niki Lauda, que teve 350 exemplares fabricados.

Ao contrário do que se pode pensar, porém, a motivação para a versão nada teve a ver com a Ferrari: em 1978, Lauda já estava na Brabham, que ainda usava motores Alfa Romeo. Por isto, o carro era vendido exclusivamente com pintura vermelha e faixas azul-marinho.

Era uma referência ao Brabham BT46, que tinha um flat-12 Alfa Romeo de três litros. A Brabham  adotou a pintura vermelha com detalhes azuis quando passou a usar motores italianos – nos monopostos BT45, BT46, BT47 e BT48, empregados até 1982.

O Spider não tinha mudanças mecânicas – o motor era o mesmo 2.0 Twin Cam de 132 cv. Fora a pintura, porém, ele trazia um spoiler preto na traseira, que ajudava a aumentar um pouco a downforce sobre a região. A edição especial foi lançada em um evento no fim de semana do Grande Prêmio dos EUA, no circuito de Long Beach, e o próprio Lauda deu uma volta no circuito ao volante.

 

Ferrari 458 Italia “Dedicated to Lauda”

Em 2013, quando a Ferrari ainda apostava nos motores V8 naturalmente aspirados, um cliente encomendou à fabricante através de seu programa Tailor Made (“Sob Encomenda”, em tradução livre) um exemplar especial da 458 Italia.

Feito para homenagear a passagem de Lauda pela Ferrari, o carro recebeu uma pintura exclusiva, com o clássico Rosso Corsa na parte inferior da carroceria, e o teto branco com listras nas cores da bandeira italiana. A inspiração é clara: as Ferrari 312T que Lauda guiou pela Scuderia traziam exatamente este esquema de cores.

O supercarro também recebeu as cores da bandeira da Itália no revestimento dos bancos e no console central e um jogo de rodas douradas. No mais, era uma 458 Italia como qualquer outra – incluindo o V8 naturalmente aspirado de 570 cv com redline nas alturas, a mais de 9.000 rpm. Como não se faz mais hoje em dia.