Foto: Marcos Camilo da Silva
Há alguns dias, perguntamos aos leitores quais eram os carros mais bacanas que se pode comprar no Brasil gastando até R$ 15 mil. A ideia é refazer nossa série de posts com os carros mais interessantes, do ponto de vista entusiasta, em determinadas faixas de preço. Agora, chegou a hora de conferir a primeira parte da lista com as sugestões!
A nossa foi o Ford Ka de primeira geração com motor 1.6, mas vocês deixaram mais de 1.000 comentários no post — e tivemos dezenas de nomes sugeridos. Antes de mostrar os eleitos, porém, devemos fazer uma observação: você talvez sinta falta de alguns modelos que até podem ser encontrados por menos de R$ 15 mil. Por quê?
Há dois motivos principais: talvez os carros mais baratos sejam exceções, e a média do mercado esteja acima de R$ 15 mil, ou as versões realmente bacanas deste ou daquele modelo custem mais caro. Portanto, não se preocupe: se o carro que você sugeriu for mesmo interessante, pode crer que ele vai aparecer em das uma partes seguintes da série, numa faixa de preço superior. Tenha paciência!
Aliás, esta é só a primeira parte da lista com carros que custam até R$ 15 mil. Se o seu favorito ainda não apareceu, não deixe de nos acompanhar nos próximos dias!
Renault Clio (1.6 16v)
No começo ele assustava: carro francês com motor multiválvulas? Quem vai arrumar esse negócio? Mas depois de dez anos e milhares de exemplares vendidos, o Renault Clio com motor 1.6 16v conquistou um lugar especial no imaginário dos gearheads e provou ser uma boa alternativa no mercado de usados para quem quer se divertir mesmo em um carro original.
O motor 1.6 16v produz 110 cv com gasolina ou 115 cv com etanol, suficientes para uma condução mais animada pela cidade ou estrada. Some isso à ótima estabilidade do hatchback francês e você tem uma receita bem interessante de daily driver entusiasta.
Mas tome cuidado: ainda que hoje em dia seja mais fácil encontrar mão de obra especializada em carros franceses, é bom escolher com carinho o mecânico que vai cuidar do seu Clio 1.6. Ou então, partir direto para o do it yourself — tendo em mente que a busca por peças para carros franceses costuma dar um pouco mais de trabalho. Nada impossível, ainda mais sabendo que há oficinas especializadas com bons contatos para trazer componentes de fora do País — para preparação, inclusive. O preço fica entre R$ 13 mil e R$ 15 mil.
Volkswagen Passat VR6
No fim de 1994 a VW passou a importar o Passat de terceira geração para o Brasil, posicionado no topo da gama. Muitos o veem como um carro mais voltado ao luxo (guardadas as devidas proporções), mas uma versão em especial costuma ser mais procurada por seu desempenho de esportivo, ainda que não se trate declaradamente de um: o Passat VR6.
O motor VR6 é um V6 “falso” — suas bancadas de cilindros são separadas por apenas 15° e dividem o mesmo cabeçote, resultando em um motor de seis cilindros com dimensões comparáveis a um quatro-cilindros em linha. No Passat VR6, seu deslocamento era de 2,8 litros, com cinco válvulas por cilindro e 193 cv, suficientes para chegar aos 100 km/h em 9,3 segundos, com máxima de 235 km/h (dados de fábrica).
Se você tiver a sorte de encontrar um exemplar bem conservado, tenha em mente que sua maior preocupação não será a manutenção, e nem a busca por peças (estas se acha facilmente no exterior), e sim o consumo de combustível: o motor 2.8 rende , em média, 6,5 km/L na cidade e 12,5 km/L na estrada — isso se estiver em ordem.
Chevrolet Omega (2.0 e 2.2)
Foto: Reginaldo de Campinas
Não é difícil defender o Omega: ele é um carro robusto, seguro, de tração traseira e preço acessível. As versões mais potentes e cobiçadas serão abordadas em uma próxima parte, mas com até R$ 15 mil é possível encontrar um bom exemplar equipado com motor de quatro cilindros — o conhecido Família II, com quatro cilindros e comando no cabeçote que já esteve presente em Monza, Kadett, Astra, Vectra, S10, Blazer e outros modelos da Chevrolet no Brasil.
Foto: Reginaldo de Campinas
No Omega, ele pode ser encontrado em versões de 2,0 ou 2,2 litros, ambas com 116 cv — a diferença fica no torque: 17,3 mkgf no primeiro e 20,1 mkgf no segundo. O sistema de suspensão multilink na traseira pode ser um pouco mais complicada na hora de manter, e é preciso tomar bastante cuidado com exemplares muito baratos: é comum que eles tenham sido negligenciados por donos anteriores e, por isso, acabem sendo “desovados” na hora de revender. Dito isso, é uma boa aposta para quem não se importa em pagar um pouco mais pela garantia de boa procedência — não é tão difícil achar um exemplar verdadeiramente bem cuidado por menos de R$ 15 mil.
Ford Escort (Zetec)
Não faz muito tempo que o a última geração do Ford Escort a ser vendida no Brasil começou a ser vista com outros olhos pelos entusiastas. Não é para menos: trata-se de um carros mais completos e modernos que se pode comprar gastando menos (muitas vezes, bem menos) de R$ 15 mil.
As opções de motor são duas: 1.6 RoCam de 8v e 95 cv, reservado ao básico GL, ou 1.8 Zetec de 16v e 115 cv no GLX. Ambos estão disponíveis em versão perua e hatchback de quatro portas, porém a GLX costuma ser mais completa, com vidros e travas elétricos, conta-giros no painel, direção hidráulica e até mesmo airbags frontais.
Há também o Escort RS, que tinha carroceria de duas portas, asa traseira e apelo “esportivo”, porém era equipado com o mesmo motor do GLX. Por algo entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, já é possível achar um exemplar bem cuidado. Só preste atenção nos itens de acabamento externo, especialmente os para-choques — a pintura costuma descascar com facilidade e o plástico não é dos mais resistentes. Se precisar substituí-los, prepara-se para garimpar bastante.
Peugeot 106
O pequeno Peugeot 106 foi oferecido no Brasil por um breve período no início da década de 90, mas é quase impossível encontrar um exemplar à venda. A partir de 1998 o modelo reestilizado passou a ser importado, trazendo como única opção de motor um 1.0 de 50 cv.
O 106 não é um exemplo de desempenho, porém é econômico e pode ser um bom daily driver. A maioria dos entusiastas, porém, prefere encará-lo como uma boa base para modificações e até trocas de motor (levando em consideração os gastos deste tipo de modificação). Com sorte, você encontrará um 106 Quiksilver, com airbag, forração em tecido exclusivo e bodykit idêntico ao do 106 GTI europeu. A melhor notícia é que raramente um bom exemplar custa mais de R$ 10 mil.
Suzuku Swift GTi
Não há muitas informações disponíveis a respeito do Suzuki Swift que foi vendido no Brasil na década de 1990 — apenas que ele foi importado do Japão entre 1991 e 1995 com motor 1.0 de 55 cv ou 1.3 de 101 cv — este último, na versão GTi, com suspensão independente do tipo McPherson nas quatro rodas e carroceria de duas portas.
Para começar, comando duplo no cabeçote e 101 cv em um motor de 1,3 litro fabricado há mais de vinte anos já são algo impressionante por si só. No Swift, que pesa menos de 750 kg, é o bastante para chegar até os 100 km/h menos de 11 segundos, com máxima de 188 km/h. Não é à toa que eles são muito procurados por entusiastas de track days, que aliviam ainda mais o peso, colocam rodas e pneus maiores e preparam o motor usando peças importadas, visto que o Swift é um carro bem comum lá fora.
O preço já não é tão baixo — se antes R$ 7.000 já lhe garantiam um bom exemplar do Swift GTi, hoje em dia é difícil encontrar um deles custando menos de R$ 9.000. Bem acessível, de qualquer maneira.
Fiat Tempra Turbo
Dos Fiat turbinados vendidos no Brasil, o Tempra Turbo é o mais acessível atualmente: enquanto fica cada vez mais difícil encontrar um Uno Turbo ou Marea Turbo em bom estado por menos de R$ 20 mil, ainda dá para achar um Tempra Turbo bem conservado por algo entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
Por esta grana, você leva um sedã de duas portas com visual esportivo, rodas de 14 polegadas e um quatro-cilindros de dois litros e oito válvulas com turbocompressor Garrett T3 operando a 0,8 bar. Ele tinha 165 cv, fazendo do Tempra Turbo um dos carros mais potentes do Brasil na sua época — e dos mais velozes, também, sedo capaz de chegar aos 100 km/h em 8,2 segundos com máxima de 220 km/h.
Como é praxe em esportivos nacionais dos anos 1990, que se tornaram relativamente acessíveis nos últimos anos (o Tempra Turbo foi produzido entre 1994 e 1996), é preciso ter muita atenção para não levar para casa um exemplar “malhado” ou fuçado demais. A não ser que sua ideia seja exatamente fuçar no motor…
Chevrolet Astra (1995-1997)
Foto: Autoentusiastas
A primeira versão do Astra comercializada no Brasil começou a ser importada da Bélgica a partir de 1995 — daí seu apelido, Astra “belga”. Ele não é um carro muito bonito, mas oferece uma bela base para modificações: ergonomia correta, mecânica robusta (o bom e velho Família II da GM, que era fabricado no Brasil, facilita a procura por peças de preparação) e dimensões comedidas — reflexo da época em que foi lançado. Um bom acerto de suspensão pode transformar um Astra em um devorador de curvas absurdo — lembra do Astra deste post? Pois é.
Mesmo tanto tempo depois este vídeo continua nos deixando boquiabertos
Com R$ 12 mil não é difícil encontrar um exemplar virtualmente impecável, mesmo que tenha quilometragem relativamente avançada. O que pode te dar um pouco de dor de cabeça são itens como faróis, lanternas e acabamentos do interior, que não são tão fáceis de achar.
Lada Laika
Como não desejar uma destas caixas sobre rodas soviéticas baseadas em um dos mais bem sucedidos compactos italianos de todos os tempos? O Lada Laika é exatamente isto: um carro popular russo criado em 1970 (com base no Fiat 124, de 1966) que não mudou quase nada além do visual da dianteira até 2012, quando deixou de ser produzido.
No meio do caminho, em 1990, o Laica chegou ao Brasil aproveitando a abertura das importações. Não sendo nenhum BMW ou Mercedes-Benz, o Laika tinha a proposta de ser um carro barato, robusto e confiável — luxo definitivamente ficava em segundo plano. O motor podia ter 1,5 ou 1,6 litro, com 75 ou 78 cv, respectivamente.
Mesmo que já fosse bem defasado em sua estreia, o Laika conquistou pelo preço. E, por acaso, também era um carro com tração traseira, motor razoavelmente potente (para a época) e comportamento dinâmico mais do que correto. Sabe o que isto significa? Tração traseira para as massas, camarada!
Isto faz dele uma opção bem interessante para quem faz questão de ser movido pelas rodas “certas”. Só não vá esperar muita coisa da qualidade de construção e do acabamento, ainda que o visual soviético tenha seu charme. A boa notícia: um exemplar razoável pode custar R$ 5.000, sendo que o dobro disso garante um Laika impecável. E a gente mencionou que ele também pode ser uma perua?
Chevrolet Chevette
Arriscamos dizer, mesmo que a parte 2 ainda não tenha sido publicada, que o Chevrolet Chevette é a melhor pedida desta lista. Ainda é possível encontrar muitos exemplares cujo preço não foi afetado pela especulação e pagar coisa de R$ 5.000 por um Chevette em bom estado, funcionando bem e até bonitinho. Na verdade, nos últimos anos, parece que os entusiastas “redescobriram” o Chevette como carro para curtir e modificar — algo que aumentou, inclusive, a oferta e a demanda pelo modelo.
Não é para menos: o Chevette é um carro bem simpático, tem várias versões de carroceria, mecânica robusta e consistente pelos 20 anos em que foi produzido (1973-1993) e pode ser uma ótima base para muitos tipos de projeto: restauração, restomod, carro de corrida, de drift, de arrancada…
Se quiser um Chevette para curtir no dia-a-dia e não fizer questão de originalidade extrema, não é difícil achar um carro inteiro por menos de R$ 10 mil. Agora, se o seu negócio é um project car feito do seu jeito, separe R$ 2.000 para comprar o carro base. Nossa dica: guarde o resto para comprar as peças!
Clique aqui para ler a segunda parte da lista.