Entre os dias 15 e 21 de agosto, em Monterey, na California, aconteceu a Monterey Car Week, um dos eventos mais importantes do mundo (se não for o mais importante) para os antigomobilistas. Além de corridas de carros de corrida lendários e exposições de clássicos impecáveis, a Monterey Car Week também é palco de leilões multimilionários de carros de coleção. Vamos dar uma olhada nos mais caros de todos?
O leilão em Pebble Beach teve, no total, 1.273 lotes, dos quais 724 foram arrematados. A arrecadação total, somando os resultados de todas as agências de leilão, foi de US$ 339,7 milhões no total, ou R$ 1,1 bilhão. Mesmo sendo uma quantia 13,1% menor que no ano passado, não dá para dizer que é pouco dinheiro.
Como de costume, os carros mais caros foram vendidos pelas agências RM Sotheby’s, Bonhams e Gooding & Company. E, dos dez carros mais caros, sete passaram da marca dos US$ 10 milhões (cerca de R$ 32 milhões), representando quase um terço do total arrecadado.
Mas chega de papo e vamos à lista!
1º – Jaguar D-Type 1955
Vendido por US$ 21.780.000 (R$ 71.100.000)
Não é para menos que o Jaguar D-Type foi o carro mais caro do evento: trata-se do legítimo vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1956. O carro da equipe Ecurie Ecosse, que recebia suporte oficial da Jaguar na época, era movido por um seis-em-linha de 3,8 com três carburadores Weber e mais de 250 cv – suficientes para chegar aos 251 km/h no fim da reta Hunaudières.
2º – Alfa Romeo 8C 2900B Lungo Spider 1939
Vendido por US$ 19.800.000 (R$ 64.640.000)
Acredita-se que este seja um dos sete exemplares que existem no mundo do Alfa Romeo 8C 2900B Lungo Spider. Como o nome indica, ele tem um oito-cilindros em linha de 2,9 litros, carroceria longa e era um conversível. A carroceria foi feita sob medida pela Carrozzeria Touring, na Itália. Com compressor mecânico e 180 cv, o motor era suficiente para levar o Alfa 8C 2900B até os 177 km/h – desempenho impressionante para um carro feito 77 anos atrás.
3º – Ferrari 250 GT California LWB Alloy Spider 1959
Vendido por US$ 18.150.000 (R$ 59.250.000)
Este é o último dos nove exemplares da Ferrari 250 GT California LWB com carroceria de alumínio (daí seu nome, Alloy Spider). Também é um dos quatro carros a receber o motor V12 Colombo de competição, com três litros e algo entre 275 e 280 cv – cerca de 50 cv a mais que o motor usado nos carros de rua. Além disso, este carro foi o primeiro exemplar da 250 GT California a receber freios a disco Dunlop de fábrica, sendo que apenas mais nove carros foram equipados com eles. Quer mais motivos para que esta 250 GT California seja especial? Então lá vai: ela tem faróis cobertos originais (algo que tem muito valor nestes carros) e foi a quinta colocada nas 12 Horas de Sebring de 1960.
4º – Shelby Cobra 260 roadster 1962
Vendido por US$ 13.750.000 (R$ 44.890.000)
Este é nada menos que um dos carros mais importantes da história automotiva americana. O Shelby Cobra “CSX2000” foi construído em 1962, quando Shelby instalou um V8 260 (4.3) no chassi do roadster britânico AC Ace e iniciou o desenvolvimento do esportivo. Foi também este carro que Shelby usou nas apresentações à imprensa, em sessões de fotos publicitárias.
Em testes de época, o CSX2000 completou a aceleração de zero a 100 km/h em 4,2 segundos e o quarto-de-milha em 13,8 segundos. O negócio era tão brutal para a época que, segundo contam os jornalistas da época, Shelby prendia uma nota de US$ 100 na tampa do porta-luvas e desafiava os incautos passageiros a agarrá-la durante a aceleração. Reza a lenda que ele nunca perdeu os US$ 100.
Depois de servir para mostrar ao mundo o potencial do projeto, o carro permaneceu na garagem de Carroll Shelby por 50 anos — de 1962 até sua morte, em 2012.
5º – Ferrari 250 GT SWB Competizione Coupe 1960
Vendido por US$ 13.500.000 (R$ 44.000.000)
Exemplar da versão de entre-eixos curto e carroceria fechada da Ferrari 250 GT, este carro tem pedigree: foi o sétimo colocado na 24 Horas de Le Mans de 1960, com Ed Hugus e Augie Pabst ao volante. Carroceria, motor e câmbio são matching numbers — isto é, todos os três são originais como quando saíram da fábrica — e, depois de uma restauração completa pela GTO Engineering, em 2002, o carro manteve-se no mais perfeito estado de conservação. O motor é um V12 Colombro de três litros e aproximadamente 280 cv a 7.000 rpm.
6º – Alfa Romeo 8C 2300 Monza roadster 1933
Vendido por US$ 11.990.000 (R$ 39.140.000)
Um dos últimos exemplares do Alfa Romeo 8C 2300 Monza, este carro foi conduzido por Giuseppe Campari e Tazio Nuvolari quando competia. Ambos já haviam vencido o Grand Prix de Monza, na Itália, ao volante do Alfa Romeo 8C 2300, em 1931 e 1932 e, por isto, o sobrenome “Monza” foi incorporado aos carros construídos a partir de 1933. O motor é um oito-em-linha de 2,9 litros e entrega mais de 180 cv.
7º – Bugatti Type 55 roadster 1932
Vendido por US$ 10.400.000 (R$ 33.950.000)
O Bugatti Type 55 foi idealizado e projetado por Jean Bugatti. Seu pai, Ettore Bugatti, fundador da companhia, permitiu que o filho começasse a desenhar automóveis na década de 30, e ele teve a ideia de criar um esportivo de rua com diversas inovações técnicas — suspensão independente e comando duplo no cabeçote, por exemplo. O motor de oito cilindros em linha e 2,3 litros é sobrealimentado por um compressor mecânico do tipo Roots e entrega 130 cv a 5.000 rpm.
8º – Ferrari 250 GT TdF coupe 1956
Vendido por US$ 5.720.000 (R$ 18.670.000)
A Ferrari 250 GT Berlinetta “Tour de France” (TdF), que tem este nome por ter vencido a famosa corrida francesa de longa duração em 1956 e 1957, e teve 77 exemplares produzidos entre 1956 e 1959. Este é o segundo exemplar construído, e um dos nove com o desenho original da carroceria. O carro competiu na Mille Miglia de 1956 e na Tour de France de 1959 e, em toda sua vida, percorreu mais de 50.000 km em competições. Foi completamente restaurado em 2006 e, desde então, permanece em estado impecável e pronto para disputar corridas históricas. Foi ela a inspiração para a F12 TdF, lançada no final de 2015.
9º – Ferrari 166 MM Berlinetta 1950
Vendido por US$ 5.445.000 (R$ 17.780.000)
A Ferrari 166 foi um dos primeiros modelos da companhia, e o responsável por definir a Scuderia como uma das principais fabricantes de carros de corrida do século passado, e o único carro do pós-guerra a vencer a tríade de corridas de longa duração clássicas da Europa — Mille Miglia, Targa Florio e Le Mans. O motor é um V12 Colombo de dois litros com três carburadores Weber e cerca de 140 cv.
Este exemplar, feito especialmente para competir na Mille Miglia, é o 18º dos 25 que foram construídos pela Carrozzeria Touring e pertenceu a ninguém menos que o designer Nuccio Bertone, que herdou o famoso estúdio de design de seu pai, Giovanni Bertone, mas também era piloto e disputou com este carro as edições de 1950 e 1951 da Mille Miglia. Esta 166 MM jamais foi restaurada, mas é um dos casos em que as marcas do tempo só valorizam o automóvel.
10º – Ferrari 750 Monza Spider 1955
Vendido por US$ 5.225.000 (R$ 17.000.000)
Equipada com um quatro-cilindros em linha de 250 cv acoplado a uma caixa manual de cinco marchas, a Ferrari 750 Monza foi uma das que mais fizeram sucesso nas pistas dos EUA. Este exemplar em especial foi conduzido por Carroll Shelby, Phil Hill e Jim Hall. Nas mãos de Shelby e Hill, quase venceu as 12 Horas de Sebring de 1955 — depois de uma chegada apertadíssima, praticamente lado a lado, o Jaguar D-Type de Mike Hawthorn foi declarado vencedor. Jim Hall comprou o carro em 1956 e continuou com ele até 2016, com direito a uma restauração meticulosa realizada na década de 1990.