Quer uma boa prova de que existem, sim, ótimos esportivos de tração dianteira? Então saca só: perguntamos aos nossos leitores quais eram seus favoritos, e faltou espaço para tantas sugestões. Sendo assim, nada mais justo que fazer uma segunda parte, não é?
Foto: NLPhotography
Peugeot 205 GTI
Se o Golf GTI “inventou” a receita dos hot hatches, a Peugeot foi uma das primeiras a dar sua versão. Ela se chama 205 GTI, e o princípio foi o mesmo: pegar um hatch compacto e naturalmente bom de chão, dar a ele um motor mais potente, suspensão recalibrada, decoração esportiva de muito bom gosto e uma sigla bacana.
O motor em questão é o quatro-cilindros da família XU, o chamado XU5. Deslocando 1,6 litro e alimentado por um sistema de injeção eletrônica, era capaz de entregar 105 cv. Agora, se em potência ele perdia para os 110 cv do Golf GTI, sua dinâmica era ainda mais afiada — em boa parte, graças ao acerto da suspensão independente nas quatro rodas, com McPherson na dianteira e, na traseira, eixo de torção e braços arrastados. O 0-100 km/h de 8,7 segundos era quase um bônus. Havia, ainda, uma versão com motor de 1,9 litro e 130 cv, capaz de chegar aos 100 km/h em 7,8 segundos. Leia mais sobre o Peugeot 205 GTI aqui!
Renault Mégane RS 275 Trophy
Em uma época em que dados de desempenho e voltas no Nürburgring são quase um Super Trunfo no mundo real (ainda que Nürburgring tenha banido as tentativas de recorde temporariamente), os carros que servem como referência estão sempre trocando de lugar. Há pouco tempo, o Mégane RS Trophy 275 era o carro a ser batido — e, se algum dia a Renault pode dizer que seu hot hatch foi o mais veloz do mundo nos 20 km do Inferno Verde, é porque o carro era, de fato, digno.
Estamos falando de um verdadeiro foguete francês, equipado com um 2.0 turbo de 275 cv a 5.500 rpm e 36,7 mkgf de torque entre 3.000 e 5.000 rpm — capazes de levar o Mégane Trophy aos 100 km/h em 5,8 segundos, com velocidade máxima limitada a 255 km/h. Além disso, ele não tem banco traseiro, ar-condicionado ou sistema de som — tudo para cortar 100 kg na balança.
Renault Clio Williams
Agora, antes do Mégane RS e até do Clio 182 do post anterior, havia o Clio Williams. O sobrenome pode até ter sido uma maneira de aproveitar a associação com a equipe Williams de Fórmula 1, a quem a Renault forneceu motores no início dos anos 90, mas o Clio Williams era, de fato, um belo pocket rocket.
Apesar da ligação com a Fórmula 1, a razão para a existência do Clio Williams era a necessidade de construir 2.500 unidades de rua para homologar um carro de rali. No fim das contas o Clio teve um desempenho apenas razoável no Campeonato Francês, mas a série especial de rua fez grande sucesso — a Renault produziu 3.800 unidades do hatch em 1993 e elas venderam como água.
A razão para o sucesso era uma combinação do desempenho do motor 2.0 16v F7R, que produzia 147 cv sem qualquer tipo de indução forçada, e da disposição do pequeno francês para encarar curvas. Claro que a cor azul com rodas douradas fez sua parte.
Honda Civic Type R EK9
Se hoje o Civic Type R 2015 é a nova referência para os hot hatches de tração dianteira, é preciso ter em mente que o modelo original, lançado há 18 anos, também causou alvoroço na época. E não foi menos que merecido: baseado no já divertido Civic SiR EK4, o Type R ganhava reforços estruturais, bancos concha vermelhos, um bonito volante Momo revestido em couro e, mais importante, um belo coração.
Estamos falando do mítico motor B16B, um dos primeiros a empregar o comando duplo variável VTEC, que por volta das 6.000 rpm adquiria um perfil mais agressivo e mudava completamente o comportamento do motor, que girava com ainda mais vigor até as 9.000 rpm. A potência era de 185 cv — ou cerca de 116 cv/L, potência específica impressionante até para os padrões atuais. Era o bastante para levar o Civic até os 100 km/h em 6,8 segundos. Além disso, com a suspensão multilink nas quatro rodas, seu comportamento dinâmico era sublime.
Foram produzidas entre 8.000 e 10.000 unidades do Civic Type R de 1997 a 2000, mas boa parte delas foi modificada e preparada por entusiastas que corriam nas ruas e nas pistas. Hoje existem bem menos exemplares, e as unidades originais que restaram são verdadeiras preciosidades.
Alfa Romeo 145 Quadrifoglio Verde
Quando se trata de hot hatches europeus, o Alfa Romeo 145 Quadrifoglio Verde, ou simplesmente QV, não é dos mais lembrados. E esta é uma baita injustiça, porque estamos falando de um clássico italiano equipado com o 2.0 Twin Spark do sedã 155. Com duas velas de ignição por cilindro e comando de válvulas variável, o motor entregava 150 cv e era capaz de levar o 145 QV aos 100 km/h em exatos nove segundos. Para um carro lançado em 1995 — há exatos 20 anos —, diríamos que é uma bela marca.
Seu visual relativamente excêntrico, para alguns esquisito até, é típico dos Alfa Romeo dos anos 90, mas sua beleza é indiscutível. O acabamento e a ergonomia do interior são pontos altos, com bancos de farto apoio, volante de pegada exemplar e pedais próximos, na medida para o punta-tacco. O comportamento dinâmico afiado, cortesia da suspensão com calibragem mais firme, estava entre os melhores de sua época.
Lotus Elan
Existem dois Lotus chamados Elan. O primeiro é o clássico roadster de motor dianteiro e tração traseira que foi um dos Lotus mais bem sucedidos dos anos 60 e 70. O outro também é um roadster, mas surgiu em 1989, depois de uma aliança com a General Motors que incluiu acesso a projetos mecânicos da megacorporação americana.
Sendo assim, o roadster era equipado com um 2.0 16v muito semelhante ao que equipa o Opel/Chevrolet Calibra. Com um turbocompressor IHI e 162 cv, era o bastante para levar o carro aos 100 km/h em 6,5 segundos. Seu comportamento dinâmico também era excelente, rendendo elogios calorosos pela imprensa na época — alguns veículos chegaram a afirmar que era o melhor carro de tração dianteira da época.
Fiat Marea Turbo
As “guelras” no capô denunciam
O representante nacional nesta segunda parte da lista não poderia ser outro: o Fiat Marea turbo pode ter uma reputação explosiva entre os entusiastas, mas temos certeza de que as piadas não são o verdadeiro motivo da fama do Marea Turbo. O sofisticado cinco-cilindros Fivetech, que na versão turbinada deslocava dois litros e rendia impressionantes 182 cv a 6.000 rpm — suficientes para que, com um 0-100 km/h em menos de oito segundos e máxima superior a 220 km/h, o Marea Turbo fosse um dos carros nacionais mais velozes de seu tempo.
O motor que exigia bastante dedicação na hora das visitas ao mecânico causou uma desvalorização contundente não apenas na versão Turbo, mas em toda a família Marea — o que acabou rendendo ao veículo sua fama de “bomba”. Fora isso, poucos carros roncam tão bonito quanto um Marea Turbo bem cuidado. Se for uma perua, melhor ainda.
Honda Integra Type R
Foto: Canibeat
O Civic Type R leva boa parte da fama, mas seu irmão mais velho, o Integra Type R, também os merece — e muito. Lançado há exatos 20 anos, em 1995, o “ITR” (é assim que seus admiradores costumam chamá-lo) foi lançado dois anos antes que o Civic, e equipado com um quatro-cilindros de 1,8 litro e 200 cv conhecido como B18C, acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Se pensarmos que, hoje, o Subaru BRZ tem 200 cv em seu boxer 2.0 aspirado, o motor do primeiro Integra Type R também era bem impressionante.
O B18C era construído a mão, com comando duplo VTEC, taxa de compressão elevada, dutos polidos, coletores de escape e admissão especiais e rotações limitadas a 8.500 rpm. Com ele, o ITR era capaz de chegar aos 100 km/h nos seis segundos baixos. Contudo, seu maior trunfo era a dinâmica — a suspensão trazia barras estabilizadoras nas duas pontas, ball joints na traseira e molas cinco vezes mais rígidas. O resultado foi um cupê de tração dianteira capaz de deixar toda a imprensa especializada de boca aberta, e conquistar tantos fãs quanto o Civic Type R.