Com o Grande Prêmio do Brasil se aproximando — a penúltima corrida da temporada, que acontecerá dia 9 de novembro —, decidimos perguntar aos leitores quais foram os momentos mais marcantes na história das corridas de Fórmula 1 disputadas no Brasil. Agora, temos a lista com as respostas, que você confere a seguir!
A primeira dobradinha brasileira em casa, 1975
A corrida de 1975, o terceiro GP do Brasil válido para o campeonato, foi disputada nos quase oito quilômetros do traçado antigo de Interlagos. Uma corrida marcante especialmente por ser a única vitória da carreira tragicamente abreviada de José Carlos Pace. Além disso, foi também a primeira das 11 dobradinhas brasileiras na categoria, com Emerson Fittipaldi recebendo a bandeirada em segundo lugar a bordo de seu McLaren. Como em uma final de futebol, a torcida extasiada invadiu a pista para carregar os vencedores até o pódio.
Pace ainda pontuaria na África do Sul, em Mônaco, na Holanda e na Inglaterra — no geral, um ótimo desempenho,mas sofreu uma sequência de problemas mecânicos nas quatro últimas corridas, o que lhe rendeu apenas um sexto lugar no campeonato. Infelizmente ele não teve chance de se tornar um campeão mundial de verdade, pois morreu em um acidente com um monomotor depois do GP da África do Sul em 1977. Você pode ler mais detalhes aqui. Por falar em acidente de avião, o GP do Brasil de 1975 foi o último de Graham Hill, o pai de Damon, que morreu em um acidente aéreo semanas depois da corrida.
A dobradinha de Senna e Piquet, 1986
Nossos dois tricampeões dividindo um pódio — quer dizer, eles ainda não eram tricampeões: Nelson Piquet conquistaria seu terceiro título, pela Williams, no ano seguinte, e Senna seria campeão pela primeira vez em 1988, ao volante do MP4/4. Piquet estreava na Williams naquele ano, depois de sete temporadas na Brabham, e Senna estava em sua terceira temporada na Fórmula 1. Contudo, a rivalidade já era acirrada — na verdade, o auge foi justamente em 1986 e 1987.
A corrida começou com o Lotus 98T de Senna na pole, mas o piloto foi prejudicado por um contato com Nigel Mansell ainda na primeira volta. O incidente deu abertura para que Piquet tomasse a liderança e a conservasse até o fim da corrida — os brasileiros só foram ameaçados por Alain Prost, mas o motor Porsche de seu McLaren MP4/2 mal aguentou metade da prova. Na verdade, dos 25 pilotos que largaram, só dez cruzaram a linha de chegada do Autódromo de Jacarepaguá. O terceiro colocado foi Jacques Laffite que, a propósito, sabe guiar uma Ferrari F40 LM como ninguém.
A vitória de Senna só com a sexta marcha, 1991
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A nossa sugestão foi a vitória mais épica e sofrida da carreira de Ayrton Senna. O piloto liderou a corrida de ponta a ponta, mas problemas no câmbio faltando dez voltas para o fim o forçaram a segurar o carro no braço e ver uma vantagem de 36 segundos diminuir para sufocantes 2,99 segundos sobre Riccardo Patrese.
Depois de brigar até o último instante, Senna conseguiu vencer seu primeiro GP do Brasil — uma conquista importantíssima para um cara que já tinha quatro vitórias em Monaco e dois títulos no currículo. Você pode ler mais detalhes aqui.
A não-bandeirada de Pelé em 2002
Em 2002, Pelé esteve em Interlagos para acompanhar a terceira corrida da temporada. Rubens Barrichello, em seu terceiro ano vestindo o macacão vermelho ao lado de Michael Schumacher na Scuderia Ferrari, estava em um ótimo momento e tinha grandes chances de vencer a corrida. Pelé, que fora convidado pelos organizadores a dar a bandeirada, disse que “queria muito dar a bandeirada a um brasileiro”, mas não o fez — Barrichello nem chegou a terminar a corrida,
Mas mesmo que Rubens tivesse vencido, ele provavelmente não receberia a bandeira quadriculada… porque Pelé estava distraído, conversando com um fiscal de prova que lhe dava instruções. Isto mesmo: a prova não teve a bandeirada final, nem para o alemão, nem para o brasileiro, nem para ninguém.
A vitória de Felipe Massa em Interlagos, 2006
No dia 22 de outubro de 2006, Felipe Massa quebrou um jejum de 13 anos ao vencer o Grande Prêmio do Brasil em Interlagos — a última vez que um brasileiro havia vencido a corrida fora em 1993, com Ayrton Senna. Massa, que correu com o macacão verde-e-amarelo e havia largado na pole position, merecia vencer e o fez, conquistando o terceiro lugar no campeonato.
Aquela corrida também marcou a primeira despedida de Michael Schumacher da Fórmula 1 — uma despedida não muito doce, pois ele acabou perdendo o título de pilotos e o de construtores para o espanhol Fernando Alonso, que pilotava pela Renault. De qualquer forma, a lembrança que fica é a de Massa vestido com as cores da bandeira, sendo carregado pela multidão. Infelizmente, dois anos depois, uma vitória de gosto amargo aconteceria naquele mesmo Interlagos…
Massa campeão mundial por alguns segundos, 2008
Se em 2006 o GP do Brasil foi só alegrias para Felipe Massa, dois anos depois a situação não seria tão legal assim. Quer dizer, Massa venceu a corrida e isto é sempre bom. Mas ele perdeu o campeonato.
O que aconteceu foi que a temporada de 2008 foi uma das mais disputadas da história recente da Fórmula 1 e, na última corrida, em Interlagos, Felipe Massa novamente manteria a liderança por toda a corrida. Ele era um dos favoritos ao título e havia boas chances de finalmente vermos um brasileiro campeão da Fórmula 1 de novo… caso Lewis Hamilton, outro forte candidato, conseguisse no máximo um sexto lugar.
Acontece que Massa foi traído pela imprevisibilidade de Interlagos: ele venceu a corrida e, por dez ou quinze segundos, foi o campeão do mundo. Contudo, neste meio tempo, Lewis Hamilton conseguiu ultrapassar Timo Glock, da Toyota, que perdeu tração por causa da combinação de pista molhada e pneus gastos. Hamilton chegou em quinto lugar e, com os quatro pontos que conseguiu, terminou o campeonato com 98 pontos enquanto a vitória fez Massa chegar aos 97.
Foi um dia emocionante, e a vitória mais triste de um piloto brasileiro em casa — poucas vezes na história da Fórmula 1 um piloto teve a oportunidade de conquistar um título em seu país de origem. Massa fez tudo certo e teve a taça tirada de suas mãos. Por outro lado, o automobilismo não teria tanta graça se fosse previsível, não é?
A recuperada espetacular de Sebastian Vettel, 2012
Em 2012, Sebastian Vettel era o favorito ao título do mundial de pilotos. Ele estava 13 pontos à frente do segundo colocado, Fernando Alonso, e a matemática dizia que era praticamente impossível que Alonso o superasse — a não ser que algum imprevisto acontecesse. E aconteceu: Bruno Senna e Vettel se tocaram logo nos primeiros segundos de prova, e Vettel acabou rodando.
A frente do carro de Senna ficou destruída e ele foi forçado a abandonar a final. Vettel também teve danos leves a um dos difusores dianteiros do carro, mas sem pneus furados ou maiores problemas ele podia voltar à disputa… na 22ª posição. Ele precisava se endireitar e correr atrás do prejuízo — e foi o que fez numa guinada fantástica, saltando do fim do pelotão para o quinto lugar, logo atrás do espanhol.
No fim das contas, Alonso terminou em segundo e Vettel em sexto — o suficiente para manter a vantagem de pontos sobre Alonso e conquistar seu terceiro título — na carreira e pela Red Bull.