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Os quadros mais incríveis, absurdos ou insanos da história do Top Gear

Com as recentes notícias a respeito da suspensão de Jeremy Clarkson e boatos sobre o suposto fim de Top Gear, começamos a pensar na razão para gostar tanto do programa. Chegamos a uma conclusão: os caras são loucos, produzindo segmentos que nenhum outro programa sobre carros teria coragem de fazer — com tudo o que um orçamento milionário e as mentes brilhantemente doentias de Clarkson, May e Hammond conseguem imaginar.

Isto em mente, perguntamos aos leitores quais eram os quadros mais insanos, absurdos ou simplesmente incríveis já feitos pelo Top Gear. Agora, temos a lista com as respostas!

 

Encontrando a nascente do Rio Nilo

Neste especial da 19ª temporada o trio de apresentadores precisa comprar peruas de até £ 1.500 (mais ou menos R$ 7.200) para encarar uma das maiores e mais difíceis aventuras da história do programa: encontrar a nascente do Rio Nilo. Jeremy pensa em potência e conforto e descola uma BMW 528i Touring, Hammond pensa na falta de estradas e vai com o ralizeiro Subaru WRX Sport Estate, e James May, sendo espiritualmente ancião, opta por um  Volvo 850R Estate — talvez o carro mais inadequado para usar longe do asfalto perfeito.

Depois de contornar o Lago Victoria e chegar à nascente mais conhecida do Rio Nilo, eles decidem procurar a “verdadeira nascente” e partem através de Uganda, Tanzânia e Ruanda em busca da tal vertente. Eles atravessam rios, quebram rodas, acabam atolados, acampam a céu aberto e, bem, você sabe, sempre chegam a um final bombástico.

 

Matando uma Toyota Hilux

Quão difícil será destruir uma picape Toyota? Jeremy encara esta tarefa aparentemente simples no programa de duas partes na terceira temporada. Ele bate em árvores, desce escadas e entra no mar e ateia fogo ao carro. Ainda assim a picape continua funcionando e as tentativas ficam cada vez mais ridículas, chegando ao ponto de colocá-la no topo de um prédio prestes a ser implodido.

 

Transformando um Reliant Robin em um ônibus espacial

Pense no carro mais detestável que você já viu em toda a sua vida. Agora responda o que você faria com ele? Quem acompanha a série sabe que eles não são muito fãs do Reliant Robin. Para eles, o carro de plástico de apenas três rodas é “useless and rubbish” — algo que eu traduziria como “uma porcaria imprestável” se fosse chefe dos legendadores do Netflix.

Mas como bons gearheads eles conseguiram descobrir uma utilidade para o carro: transformá-lo em um ônibus espacial — talvez por sua configuração bizarra, com uma roda na frente e duas atrás, o que lhe dá seu formato característico (e o impede de fazer uma curva sem tombar), talvez pelo fato de que, se tudo desse errado, ninguém sentiria falta dele.

O trio contou com a ajuda da United Kingdom Rocketry Association, instituto de pesquisa mantido pelo governo do Reino Unido que desenvolve foguetes e outros equipamentos espaciais para fins educacionais. Depois de diversos estudos “científicos” (e outros nem tanto), eles conseguiram lançar o pequeno Reliant a algumas centenas de metros no céu. O maior desafio, porém, era fazê-lo aterrissar com segurança e continuar utilizável. Foi nessa hora que, bem tudo deu errado e acabou em uma gigantesca bola de fogo.

 

Usos alternativos para motores V8

No terceiro episódio da 12ª temporada, Jeremy Clarkson (que, como sabemos, é obcecado por POWEEEEEERRR) mostrou-se preocupado com o fim dos motores V8 e decidiu criar alguns usos alternativos para eles. Primeiro, ele adaptou o V8 de um Corvette em um liquidificador, e decidiu fazer uma bebida com ele — usando apenas ingredientes másculos, um bife cru, um punhado de pimentas, molho Tabasco e, claro, um tijolo. Obviamente ele fez seus colegas beberem a mistura, e as caras que eles fazem são hilárias.

Não satisfeito, no sétimo episódio Jezza coloca um V8 para mover uma cadeira de balanço, dizendo-se preocupado com o esforço que os idosos tinham para mudar o canal na TV (ainda estamos tentando entender a lógica por trás disso). “Por questões de segurança”, um boneco vestido como a Velha Surda foi sentado na cadeira. Foi boneco e cadeira para todo lado, mas Jezza ficou mais preocupado com o ronco do V8 encobrindo o som da TV. Prioridades.

 

As “corridas de dois andares”

O trio convida os alemães da revista D-Motor — Sabine Schmitz, a rainha do Nürburgring; o piloto de turismo Tim Schrick e o jornalista Carsten van Ryssen — para uma “corrida de dois andares. É exatamente o que parece: um carro em cima do outro, sendo que o carro debaixo fica com o acelerador, os freios e o câmbio, enquanto o piloto de cima controla o volante. Detalhe: não há comunicação entre os dois “andares”.

Imagine ter que dirigir um carro sem saber o que o acelerador e os freios estão fazendo — ou pior: acelerar e frear sem poder controlar a direção. Agora imagine um centro de gravidade elevadíssimo em um circuito de corridas. Imaginou? Pois é. Milagrosamente, ninguém tombou — e os alemães venceram.

Acontece que, na 16ª temporada, eles tentaram novamente — desta vez, contra os colegas do Top Gear Australia. Contudo, os brits fizeram uma sacanagem: brincando com o fato de a Austrália ficar “de cabeça para baixo”, os australianos tiveram que competir com carros de ponta cabeça no andar de cima. Os ingleses vencem… trapaceando.

 

Uma corrida de caminhões e ônibus em um aeroporto

Quando se pensa em corridas em aeroportos, o que vem à mente são arrancadas com supercarros ou muscle cars com motores V8 preparados ao extremo (ou, como vimos recentemente, hot rods da década de 30). Contudo, este tipo de coisa não é suficiente para os caras do Top Gear. Para eles, diversão de verdade é pegar diversos veículos grandes — usados, claro, para diversos serviços no próprio aeroporto — e colocá-los para disputar a maior corrida já realizada. Bem, ao menos no tamanho dos competidores.

No quarto episódio da 14ª temporada, um ônibus articulado, um caminhão de bombeiros, um caminhão baú, as escadas móveis usadas para embarque e desembarque, um rebocador de aviões e um trator de bagagem foram os concorrentes. E se você acha que os caras pegaram leve por causa do peso dos “carros de corrida”… bem, você não conhece o Top Gear. Os veículos, comandados pelos apresentadores e por pilotos de corridas de turismo, se atracam violentamente o tempo todo, e o caminhão de bombeiros de Hammond só ganha porque os outros abandonaram a corrida — contratempo causado, em parte, porque Hammond abriu as comportas e despejou os mais de oito mil litros de água na pista, que ficou inundada e escorregadia.

 

Peel P50: o menor carro do mundo (e outro menor ainda)

Este episódio tornou-se um clássico graças à cena em que Clarkson cruza o estúdio do BBC News a bordo do Peel P50. Quase todos os trechos dessa aventura no QG da BBC são ridiculamente engraçados – do carro no elevador à reunião em que Clarkson se faz presente. O resto do episódio é brilhante: Rolls-Royce Drophead, Lamborghini Reventón, Ferrari 599 GTB e uma corrida entre o Bugatti Veyron e um caça. Tudo o que mais gostamos em Top Gear concentrado em uma hora de programa.

Mais recentemente, em 2013, Clarkson decidiu que faria um carro ainda menor que o P50. O chamado “P45” é mais uma roupa do que um carro, mas possui todos os equipamentos necessários para ser legalizado para as ruas: retrovisores, faróis e até um para-brisa (que, tecnicamente, é um capacete). O motor é um pequeno dois-tempos de apenas 100 cm³, e o tanque de combustível de apenas 1,7 litro comporta menos que a quantidade mínima permitida na maioria das bombas do Reino Unido, que é de dois litros. O “para-brisas” também ficava embaçado o tempo todo com a respiração de Jezza, e o limpador era um rodinho. Ah, e era praticamente impossível passar por uma lombada sem tombar. Ao menos não havia problemas para encontrar vagas…

 

A expedição ao Polo Norte

A expedição ao Polo Norte é vista por muitos como apenas mais uma aventura do programa britânico. É preciso reconhecer: não é fácil ter noção da grandiosidade desse feito. A expedição ao Polo Norte é um dos maiores feitos da história da televisão.

Exagero? Imagine o nível da ousadia para sugerir que seu programa de televisão chegará de carro ao Polo Norte magnético. Sim, o Polo Norte magnético já havia sido conquistado por excursões em trenós puxados por cachorros e já havia sido sobrevoado, mas até então ninguém havia dirigido até lá. Os motivos são vários e óbvios: as dificuldades do caminho — geleiras imensas, oceano congelado, claridade permanente, frio extremo — e a própria logística de manutenção e sobrevivência naquelas condições.

Os produtores negociaram com a Toyota, que topou a empreitada como parceira — a expedição foi chamada “Toyota Polar Expedition” pela empresa japonesa — e a equipe partiu com duas picapes Hilux completamente modificadas para a aventura, e uma Land Cruiser para a equipe de filmagem. Com a promessa de uma audiência imensa (e um belo retorno em dinheiro) e a possibilidade de escrever o nome na história das expedições polares, eles partiram mostrando as dificuldades e o drama do caminho ao topo do mundo. Poucos programas de TV foram capazes de mexer com as emoções do público e nos impressionar com a grandiosidade e beleza do planeta como esse episódio. Sem dúvida uma obra-prima da TV.

E se você ainda acha exagero, confira a lista de expedições polares ao Ártico da Wikipedia. Entre grandes conquistadores do passado e expedições militares você encontrará “BBC’s Top Gear crew”.

 

Marauder, o utilitário mais violento do mundo

Há quem pense que o Hummer é o maior e mais robusto utilitário legalizado para as ruas já fabricado no mundo. Acontece que existe outro: o Marauder, veículo militar sul-africano feito para resistir a explosivos e minas terrestres — que tem uma versão civil porque… bem, por que não?

Hammond decide comparar o Hummer e o Marauder pelas ruas da África do Sul e, obviamente, nada pode parar o jipão de 9.900 kg — ainda que seja difícil encontrar um lugar para estacionar. Sair da vaga é mais fácil: basta passar por cima dos outros carros… O grand finale, claro, foi o teste com explosivos. O Hummer saiu em pedaços, enquanto o Marauder não sentiu nem cócegas.

 

O desafio das limousines

Se há um episódio que expressa o humor britânico em seu estado puro, é o Desafio das Limousines. Com total irreverência, desapego às tradições e, claro, doses cavalares de nonsense, o trio precisa construir suas próprias limousines para transportar celebridades ao Brit Awards.

James May tem a ideia bizarra de fazer uma limo com duas dianteiras, unindo um Saab e um Alfa Romeo 164 — assim ele não precisa manobrá-la, apenas mudar de cabine — e colocando sauna e uma réplica da capela Sistina no interior. Hammond decide que sua limousine precisa ser esportiva e conversível (para provar que estilo não precisa comprometer o desempenho), e assim estica um MG F e coloca uma asa digna dos Lotus de F1 dos anos 1960 para. Jeremy decide fazer a sua com um Fiat Panda — que obviamente é estreito demais e não tem quatro portas, exigindo que os passageiros usem um carrinho para chegar à traseira do carro.

O episódio já tem altas doses de absurdo no começo, durante a construção, e vai ficando cada vez mais. Primeiro na pista, e depois no centro de Londres, onde se instaura o caos e as coisas ficam boas de verdade.

 

Rugby com carros

O rugby é um dos esportes mais populares do Reino Unido. É também um dos mais violentos esportes de contato que existem: imagine toda a brutalidade do futebol americano sem capacetes ou ombreiras. Agora, imagine tudo isto com carros — porque, bem estamos falando do Top Gear. Foi o que os caras fizeram na temporada 19 — os “jogadores” eram modelos da Kia, do ágil Cee’d ao grandalhão Sorento, destruindo os carros e o gramado do estádio de Twickenham no processo.

 

A homenagem a Ayrton Senna

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Em 2010, Ayrton Senna completaria seu aniversário de 60 anos se não fosse o trágico acidente em Imola, em 1994. Para homenageá-lo, o Top Gear preparou um especial com depoimentos de pilotos como Mika Hakkinen, Fernando Alonso, Felipe Massa, Rubens Barrichelo e Martin Brundle. Com entrevistas e diversas cenas históricas, os britânicos conseguiram expressar sua admiração de forma muito emocionante e verdadeira, em um segmento capaz de fazer até quem considera o tricampeão superestimado (sim, estas pessoas existem) compreender o mito que foi Ayrton Senna.

Para completar, Lewis Hamilton foi convidado a dar uma volta no McLaren MP4/4, o carro que deu a Senna seu primeiro título. Trata-se de um monstro com motor V6 de 1,5 litro turbinado, capaz de entregar até 1.200 cv — quase 500 cv a mais que um monoposto de F1 atual. O piloto britânico, fã declarado de Senna, parecia uma criança com seu novo presente de Natal.

 

James May a mais de 400 km/h em um Bugatti Veyron

Goste ou não do Bugatti Veyron, uma coisa é inegável: ele foi o símbolo de uma época. Ele não foi o primeiro carro a passar dos 400 km/h, mas foi o primeiro carro a permitir que qualquer pessoa pudesse fazer isso. Qualquer pessoa mesmo. Claro, desde que ela tivesse acesso à pista de Ehra-Lessen, como o pessoal do Top Gear.

Antes dele, a velocidade máxima dos supercarros mais rápidos do mundo eram atingidas somente em sessões especiais com pilotos profissionais. Foi assim com o Jaguar XJ220 em 1992, por exemplo, que teve Martin Brundle ao volante das passagens recordistas. Mas no Veyron, não. E para demonstrar isso, os produtores de Top Gear levaram à pista da Volkswagen em Ehra-Lessen o apresentador com menos destreza e técnica de pilotagem do trio: James May.

Sorte a nossa que James May compensa com palavras sua falta de técnica ao volante. A descrição das sensações durante a corrida ao limite fazem com que o espectador sinta-se a bordo do carro. A edição primorosa das cenas dá a exata dimensão da grandeza do que estamos assistindo: uma pessoa comum dirigindo um carro a 407 km/h. James May fica nitidamente emocionado ao atingir a velocidade máxima, chegando a dizer que “jamais chegaria a essa velocidade novamente”. Felizmente a BBC não é brasileira e nos poupou de supercloses em olhos marejados com um piano dramático ao fundo e preencheu a cena do limite com algo bem mais sofisticado: o silêncio. A fala de James, felizmente, se mostrou equivocada: ele voltaria àquela velocidade novamente e a ultrapassaria a bordo do Veyron Super Sport, chegando a absurdos 424 km/h. Captain Slow is faster than all of you!

 

O acidente quase fatal de Richard Hammond

140 Top Gear – Richard Hammond Crash 3

Este, sem dúvida, foi o quadro mais insano da história do Top Gear — especialmente porque não saiu como previsto: segundo o produtor Andy Willman, a ideia do quadro gravado em 2006, para a oitava temporada do programa, era testar a velocidade máxima do dragster Vampire, que, em 2000, estabeleceu o recorde britânico de velocidade em terra ao atingir 483 km/h.

Durante as filmagens, porém, o um dos pneus dianteiros do dragster explodiu a 463 km/h e Hammond perdeu o controle. Para piorar a situação, o para-quedas não abriu, e Hammond capotou algumas vezes antes de, finalmente, aterrissar inconsciente. O Hamster passou duas semanas em coma, e o início da nona temporada foi adiado. Quando Top Gear voltou ao ar, o início primeiro episódio novo foi dedicado a dar as boas vindas a Richard Hammond, que pediu a seus colegas que jamais mencionassem o acidente no programa novamente.

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