Apesar do roteiro que dividiu opiniões, “Velozes e Furiosos 7” foi até agora o mais ousado (alguns diriam absurdo) em termos de manobras com os carros. Sim: estamos nos referindo especialmente à cena em que os carros saltam de pára-quedas, algo que os produtores fizeram questão de mostrar que é real. Hoje, vamos dar uma olhada em um dos protagonistas daquela cena: o Dodge Charger off-road de Dom Toretto.
Christopher Rutkowski, o Aficionauto, já teve a sorte de dirigir o Charger usado em Fast & Furious e Fast Five, quarto e quinto filmes da franquia, que foi comprado por um colecionador, e nós mostramos aqui como foi. Desta vez ele foi até a Vehicle Effects, a oficina de Dennis McCarthy, o cara responsável por fabricar boa parte dos carros usados em “Velozes e Furiosos” desde Tokyo Drift, o terceiro filme, que estreou em 2006.
Dennis diz que foi Tokyo Drift o grande salto de sua carreira na indústria cinematográfica. Ele já havia sido o responsável pelos veículos de vários outros filmes da Universal e sempre foi fã da franquia desde o primeiro filme. Só não havia surgido, ainda, a oportunidade de trabalhar em um deles.
Foi no terceiro filme que McCarthy fez seu segundo carro favorito: o Chevrolet Monte Carlo que Sean Boswell destrói em um pega contra um Dodge Viper. “Ele foi inspirado no tipo de carro que eu teria no ensino médio”, diz. “Mas também não dá para esquecer o Dodge Charger de Dom Toretto”.
McCarthy conta que, quando viu o roteiro de “Velozes e Furiosos 4″, comemorou por ter a chance de dar ao Charger de Dom Toretto a cara que ele havia pensado: com rodas maiores (de 18” em vez de 15”), menos cromados e um compressor mecânico mais realista. A ideia era que o filme tivesse um hero car autêntico com um hemi 426 supercharged, exatamente como descrito no roteiro. O problema é que o projetodemandaria muito tempo e dinheiro para ficar como McCarthy queria, e no fim das contas ele acabou construindo um Charger com um Hemi 528 e quatro clones com motores Chevrolet. O Charger 426 idealizado para o filme acabou virando um projeto pessoal para o futuro.
Enquanto não chega a hora, contudo, McCarthy se diz satisfeito por ter criado o Charger off-road de Dom em “Velozes e Furiosos 7”. Diferentemente do que aconteceu nos filmes anteriores, nos quais ele teve a chance de fazer o carro como quisesse, para o sétimo filme o carro teria de ser capaz de aterrissar sobre as quatro rodas e continuar andando depois de saltar de pára-quedas de um avião.
Para isto, Dennis acabou construindo um carro que é, basicamente, uma estrutura tubular sob painéis de carroceria de um Charger – vários deles fabricados in-house, usando componentes de um Charger real como moldes. Ele diz que os painéis não são difíceis de fabricar, mas que o mesmo não pode ser dito de peças de acabamento, como pára-choques ou grades. É por isso que o Charger off-road tem na dianteira apenas uma tela de metal, o que acaba dando a ele uma cara ainda mais invocada.
O carro foi projetado sobre uma cópia do chassi Pro 2, usado na Lucas Oil Off Road Racing Series, categoria de off-road realizada em circuitos curtos, muitas vezes em estádios. Para conseguir fazer a cena com sucesso, McCarthy precisou construir um carro que fosse capaz de aguentar uma queda livre de pelo menos seis metros a 80 km/h e continuasse rodando. Assim, a suspensão do Charger tem 45 cm de curso na dianteira e 50 cm na traseira, com amortecedores, molas e batentes extremamente reforçados.
Foram fabricados 11 clones do Charger, entre os usados para a cena do salto de pára-quedas e carros com interior, feitos para as cenas mais detalhadas e onboards. Como de costume, o conjunto mecânico usado foi padronizado: apesar da inscrição Hemi na traseira e de, no filme, ser equipado com um V8 440 e transmissão TorqueFlite, na realidade aquele cofre abriga um small block 350 Chevrolet, acoplado à transmissão automática Turbo 600.
“Fizemos isto pela de confiabilidade”, McCarthy contou em uma entrevista à Road & Track. “Especialmente em uma cena que seria feita a 10.000 pés de altitude, tentamos padronizar o conjunto mecânico da forma mais eficiente possível”.
Para se ter uma ideia, foram usados mais de 300 carros apenas naquela cena, dos quais 70 ou 80 sobreviveram. O Charger que está no galpão da Vehicle Effects é um dos sobreviventes – apesar das laterais amassadas ele parece ter resistido muito bem e, como deu para ver, ainda é capaz de queimar a borracha dos pneus traseiros quando solicitado.