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Mercado e Indústria Zero a 300

Os seis carros zero-quilômetro que eu compraria em 2018

Uma das responsabilidades que a paixão por carros traz no banco do carona é a de ser o consultor automotivo da galera. Sempre que algum amigo, algum parente, algum professor ou cliente vai trocar de carro, a primeira coisa que eles fazem não é ir até uma concessionária. É mandar um “whats” para você. Por um lado isso é legal, afinal, você poderá influenciar o parente em questão a comprar um carro bacana.

Mas há o outro lado: sendo um fã de carros, os fatores que você leva em conta em uma compra são diferentes dos fatores que sua tia ou seu colega do trabalho. Aí você corre o risco de indicar um baita carro legal, mas que tem potencial para ser um pesadelo para esse ente querido.

Você não se preocupa com desvalorização, mas seu tio que renova a garagem a cada cinco anos se importa muito com isso. Você também não se importa em comprar um carro usado, procurar peças na internet, esperar uma semana com o carro na garagem e, às vezes, até consertar o carro sozinho. Mas não espere que sua prima faça o mesmo.

Volta e meia vocês se perguntam nos comentários quem compra carro zero-quilômetro com os preços que os carros estão custando. Bem… aproximadamente 100.000 pessoas todas os meses. Gente que trata os carros como uma ferramenta de trabalho e instrumento de lazer. Não por falta de conhecimento, mas porque para a maioria das pessoas (incluindo entusiastas que usam o carro diariamente com a família) um carro zero, com garantia de fábrica e um plano de revisões programadas é realmente a melhor opção. Ainda que isso custe muito caro, como sempre foi no Brasil.

Por isso, quando alguém te pede ajuda para escolher um carro zero, você precisa deixar um pouco de lado aqueles usados incríveis pelo preço de carros novos e tentar ser um pouco racional. Foi o que eu fiz na última vez que me perguntaram que carro comprar.

 

Menos de R$ 40.000: Renault Kwid Zen

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Pois é… em 2018 os modelos de entrada já estão em uma faixa de preços compreendida entre R$ 35.000 e R$ 40.000. E as opções são apenas duas: o Fiat Mobi e o Renault Kwid. O Mobi até pode ser encontrado por menos de R$ 35.000, porém ele não traz praticamente nada além do mínimo necessário para ser homologado. Para começar a ficar interessante, é preciso partir para o Mobi Easy Comfort, de R$ 35.700. Mas aí, minha escolha nessa faixa de entrada — um segmento estritamente racional — seria o Renault Kwid Zen, que é apenas R$ 1.800 mais caro, mas entrega bem mais que o Fiat.

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Oferecido no site da Renault por R$ 37.500, ele vem equipado com ar-condicionado como o Mobi, mas também tem rádio com Bluetooth, engates isofix e quatro airbags. Além disso ele é mais leve que o Fiat e tem porta-malas sensivelmente maior (290 l vs. 235 l). O motor tem só 70 cv com álcool e 66 cv com gasolina, mas o peso mais baixo que o do Mobi compensa a pouca potência e também o torna mais econômico seja com álcool ou gasolina, na cidade ou na estrada, segundo os dados do Inmetro. E como beleza é fundamental, também acho o design visual do carro mais bem-resolvido que o do Mobi.

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Por outro lado, esta é a única versão do Kwid que eu consideraria arrematar. Para ter sistema multimídia, o preço sobe para R$ 42.000 e nem roda de liga leve você terá. Nesse caso, é melhor partir para a categoria seguinte.

 

Até R$ 50.000: Hyundai HB20 Unique

No ano passado minha escolha nessa faixa de preços foi o Hyundai HB20 Comfort. Neste ano, sigo como um “cliente” fiel da marca coreana, porém com a mudança nos concorrentes e na própria tabela do HB20, minha opção seria o HB20 Unique com BlueMedia, que sai R$ 45.800.

Em relação aos rivais, ele é R$ 670 mais caro que o Fiat Uno Drive, R$ 1.600 mais barato que o Ka SE Plus, R$ 2.000 mais barato que o Fiat Argo 1.0, R$ 2.190 mais barato que o Sandero Authentique e R$ 2.600 mais barato que o Chevrolet Onix LT. Com o 1.0 Gamma de 80 cv ele é mais potente que os Fiat, empata com GM e perde por apenas 2 cv do Renault e 5 cv do Ford Ka. Mas sua lista de equipamentos inclui computador de bordo (que os demais não têm) e sistema multimídia (os Fiat sequer oferecem rádio por esse preço).

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Além disso acho que o HB20 continua com acabamento melhor que os demais (só o Onix e o Sandero chegam perto dele) e tem uma suspensão bem equilibrada entre dinâmica e conforto. O motor é econômico, faz 12,5 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada com gasolina, é suave e tem bom desempenho para o porte do carro.

Outro ponto positivo é seu espaço interno suficiente para uma família jovem viajar sem aperto, e seu bom desempenho em testes de segurança. Mais uma vez, por combinar bom espaço, preço e equipamentos, ele continua sendo minha escolha nessa faixa.

 

Até R$ 60.000: Honda Fit DX

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Eu gostaria de escolher o Volkswagen Up TSI mais uma vez, mas neste ano seu preço inicial passou a quase R$ 57.000, e isso tirou um pouco do brilho do carrinho. Sim, seu motor 1.0 TSI ainda é um dos melhores do mercado, mas por apenas R$ 3.350 a mais você pode levar para casa um Honda Fit DX 1.5, a versão de entrada do hatch japonês.

O motor não é turbo, mas tem 115 cv e consegue rodar 13,6 km/l na estrada com gasolina, segundo o programa de etiquetagem do Inmetro. É um número razoavelmente menor que os 16,1 km/l do Up TSI, mas você não vai encontrar 330 litros de volume no porta-malas do Up, nem conseguirá viajar com três pessoas no banco de trás. Na verdade, no Up é difícil até mesmo viajar com três adultos dentro do carro.

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Outra vantagem do Fit sobre o Up é que ele tem um controle de tração menos invasivo e também tem controle de estabilidade, algo que o pequeno Volks não tem. Além disso, o Fit foi desenvolvido como um modelo superior, por isso seu acabamento é mais esmerado e seu espaço interno em geral é muito maior e mais habitável que o do Up.

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Os retoques que a Honda fez no carro nesta linha 2019, confrontados com a falta de novidades no Up e seu preço cada vez mais caro, determinaram minha escolha a favor do japa. Um Up TSI de R$ 52.000 era aceitável. Pelo preço de um Fit, o motor turbo não é convincente o bastante.

 

Até R$ 70.000: Volkswagen Polo 200 TSI Comfortline

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Nessa faixa de preço considerei apenas dois modelos: Honda Fit LX e Volkswagen Polo 200 TSI Comfortline. Os dois têm pacotes de equipamentos praticamente idênticos: controle de tração e estabilidade, assistente de partida em aclives, sistema de áudio que integra smartphones e tem comandos no volante, rodas de liga leve, e câmbio automático.

Acontece que o Polo oferece esta lista de equipamentos por R$ 68.120, enquanto o Fit LX cobra R$ 3.780 a mais, chegando a R$ 71.900. Só isso já faria a compra do Polo valer a pena — apesar de ele não ter o famoso pós-venda da Honda. Mas o Polo tem o motor 1.0 TSI de 128 cv, que não apenas é mais potente que o 1.5 do Honda (115 cv), como também é mais moderno e mais econômico, com turbo e injeção direta.

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Com a diferença de preço entre os dois, dá pra comprar o pacote opcional Tech II (R$ 3.691), que dá ao Polo sensores de estacionamento dianteiro, sistema keyless, cruise control, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva e sensor crepuscular, borboletas no volante, ar-condicionado digital, câmera de ré, e porta-luvas com refrigeração.

 

Até R$ 90.000: Ford Focus SE 2.0 com Sync 3

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Nesta faixa de preços você encontrará vários SUV moderninhos e interessantes. O novo EcoSport com o motor 1.5 de 137 cv é um deles. O Chevrolet Tracker com seu 1.4 turbo de 153 cv é outro, bem como o Hyundai Creta ou o desejado Honda HR-V. Mas eu não compraria nenhum deles (os SUV de minha escolha estão aqui). Nesta faixa, minha escolha seria o Focus SE 2.0 hatch, mas não descartaria a possibilidade de pegar o sedã. Digo, “Fastback”.

O modelo custa R$ 86.800, o que é R$ 4.990 mais barato que o Golf Comfortline 1.0 TSI. É uma troca de turbo e segurança por potência e um sistema multimídia, uma vez que o principal diferencial entre os equipamentos dos dois carros são os airbags de cortina e laterais (que o Focus não tem). Mas tudo bem: ele tem um motor 50 cv mais potente, suspensão traseira independente e o acerto dinâmico afiado que consagrou o Focus desde sua primeira geração.

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Os controles de tração e estabilidade, a “vetorização de torque” pela aplicação dos freios, o computador de bordo, o sistema de partida sem chave, o retrovisor eletrocrômico e os sensores de chuva e de luminosidade e o sistema multimídia que você encontra no Golf também estão no Focus.

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Quer mais espaço para bagagem? A versão sedã do Focus SE 2.0 com Sync 3 também se encaixa nesta faixa de preços, custando R$ 500 mais barato que o hatch: R$ 86.300. No fim, é um pacote bastante atraente por uma boa quantia a menos. Além disso, se tiver que comprar um Golf por mais de R$ 90.000, eu tenho outro plano.

 

Até R$ 100.000: Volkswagen Golf Variant

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Melhor que um Golf Comfortline 1.0 TSI é a perua do Golf Comfortline, porém com o motor 1.4 TSI de 150 cv. O preço excede sensivelmente o limite de R$ 100.000, mas se você considerou gastar R$ 100.000, um acréscimo de R$ 3.000 não é algo que te fará desistir da compra, é?

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A lista de equipamentos é a mesma do Golf Comfortline (sete airbags, controle de estabilidade e tração, computador de bordo, cruise control etc), então você está pagando cerca de R$ 11.000 a mais pelo motor 1.4 TSI (e o IPI mais elevado sobre esta cilindrada), pelo câmbio automático e pela versatilidade de se ter uma perua.  A carroceria em si, aliás, já é um argumento de venda suficiente: você não encontra nenhuma perua ou SUV com essa capacidade de carga por esse preço.