Durante o fim de semana você atendeu nosso chamado e nos contou qual é seu vídeo onboard favorito, daqueles que te fazem se sentir dentro do carro, junto com o piloto, e te levam para uma experiência marcante mesmo sem sair da cadeira ou do sofá. Agora chegou a hora de fazer a lista com as melhores sugestões — melhor apertar os cintos!
Lotus Elise, Dean Evans, Bathurst 2005
Já faz quase dez anos, mas este onboard nunca para de nos impressionar. O astro: Dean Evans, ao volante de um Lotus Elise em Bathurst na Austrália, durante uma corrida da Lotus Trophy — que era a categoria de apoio da V8 Supercars. O que ele faz? Ultrapassa todo mundo com uma facilidade que beira o absurdo e alça da 16ª posição na qual largou para uma vitória com vantagem de 14 segundos. É simplesmente épico.
Citroën AX em Nürburgring: 52 cv e menos de 10 minutos
São mais de 20 km de asfalto em um dos circuitos mais desafiadores e emocionantes do planeta — o lugar perfeito para testar a habilidade dos pilotos e a excelência dos melhores esportivos, correto? Pode até ser, mas isto não significa que as voltas mais surpreendentes venham dos carros mais improváveis. Este Citroën AX a diesel, por exemplo — peso aliviado (menos de 700 kg), sete anos de treinos e 118 voltas foram necessários para fechar uma volta em 9 minutos e 55 segundos com maestria.
Dear God!: Ari Vatanen na Ilha de Man
Agora, falando em circuitos desafiadores, talvez a Ilha de Man seja o único que supere Nürburgring. E não há palco mais apropriado para este que deve ser o onboard de rali mais famoso do mundo. Os protagonistas são o finlandês Ari Vatanen (uma das maiores lendas do rali) e seu navegador, Terry Harryman. Depois que o Opel Manta 400 da dupla quase beija o muro do lado direito depois de uma escapada de traseira, prontamente corrigida por Vatanen, o navegador interrompe suas orientações para deixar escapar um “Dear God!” entre os dentes, tamanho é seu alívio por terem escapado de um acidente que, em 1983, certamente os mataria.
Ayrton Senna em Mônaco e demonstrando o Honda NSX
O tricampeão Ayrton Senna é o maior nome do automobilismo brasileiro e estrelou pelo menos dois vídeos onboard lendários. Por isto, nada mais justo do que incluir dois deles em um único item da nossa lista. O primeiro é o clássico onboard de Senna, feito na volta que o classificou para a pole position no GP de Mônaco de 1990. Senna virou 1:21,314 — 462 milésimos na frente de Alain Prost), e disse o seguinte sobre a volta:
Eu estava dirigindo por instinto. Eu estava em uma dimensão diferente – como se estivesse em um túnel, bem além da minha compreensão consciente.”
O outro é o test drive de Ayrton Senna no Honda NSX na época de seu lançamento (o NSX foi lançado em 1990). Senna e a Honda tinham uma relação muito estreita, e acredita-se que o feedback do piloto depois desta volta alucinante em Suzuka foi fundamental para os últimos acertos dinâmicos do clássico esportivo japonês — com direito a punta-taccos precisos e mocassins pretos com meias brancas, no maior estilo Michael Jackson.
C’était un rendez-vous
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Feito em 1976, C’était un rendez-vous (“Era um encontro”, em tradução literal) usa uma câmera no para-choque de um carro para retratar um trajeto em alta velocidade pelas ruas de Paris, gravado logo ao amanhecer. O ronco do motor é o de uma Ferrari 275 GTB, mas a filmagem foi capturada por uma câmera no para-choque de um Mercedes-Benz 450SEL 6.9 — um sedã com motor V8 e um dos maiores sleepers de todos os tempos — para que a imagem fosse a mais estável possível graças à suspensão macia do modelo. De um jeito ou de outro, C’était un rendez-vous é um verdadeiro clássico.
O recorde do Subaru WRX STI na Ilha de Man
Voltando à Ilha de Man, porém em um vídeo mais recente: o onboard de Mark Higgins, que chegou a 267 km/h no circuito mais perigoso do mundo e ainda estabeleceu outro recorde na Ilha há alguns meses ao virar 19 minutos e 26 segundos — 11 segundos mais rápido que o recorde anterior, que também era seu. Depois de momentos atordoantes como a recuperada aos 8:30 do vídeo, só podemos dizer que este cara entrou para a história de uma vez por todas… ainda que tenhamos certeza que ele estará de volta à Ilha no ano que vem.
Trocando as marchas de um caminhão FNM
Nem sempre é preciso um carro superpotente, um circuito desafiador e um piloto de primeira para se fazer um belo onboard. A prova são vídeos feitos no Brasil que mostram motoristas exibindo toda a sua habilidade para trocar as marchas de caminhões FNM, que tinham duas alavancas de câmbio — uma no assoalho, com as marchas “normais”, e uma no painel, com a reduzida. Era preciso ficar atento ao ronco do motor para trocar as marchas em sincronia e também ter muita habilidade para segurar o volante com o cotovelo e operar a alavanca do painel com a mão esquerda, e a do assoalho com a mão direita.
É interessante e dá uma certa nostalgia — a operação demonstra perfeitamente como a conexão com a máquina era muito maior nos veículos antigos. Hoje em dia se aperta botões. Não que seja melhor ou pior, mas é inegável que alguns carros e caminhões antigos exigiam (e exigem) uma destreza bem maior no comando.
Rain Dance: chuva, um Porsche 911 e uma noite em Nürburgring
Tão impressionante quanto um onboard em Manx é um vídeo em primeira pessoa em Nürburgring à noite, com chuva, filmado de dentro de um Porsche 911 durante as 24 Horas de Nürburgring no ano passado. Para se ter a ideia das condições arriscadíssimas, pouco tempo depois desta volta a corrida foi paralisada com uma bandeira vermelha devido ao mau tempo. A pilotagem do jovem piloto americano Leh Keen é impressionante e ele realiza algumas ultrapassagens impressionantes mesmo no limite da tração e da visibilidade. Épico.
Os 35 segundos mais impressionantes da sua vida
Este vídeo, no total, tem 2:35 segundos de duração. A parte que importa, porém, está no meio minuto final. Neste curto espaço de tempo, o piloto Jos Goodyear demonstra, ao volante do GWR Raptor, uma pilotagem sobre-humana que faz o mundo parecer acelerado nesta subida de montanha em Doune, na Escócia.O GWR Raptor é um monoposto com motor de Suzuki Hayabusa — um quatro-cilindros de 1,3 litro — e a capacidade de derrubar seu queixo em exatamente 35,05 segundos com o cara certo ao volante.
Bônus: a Belina do capeta!
Ok, este vídeo é um onboard, mas o que interessa mesmo não aconteceu com o carro que tinha a câmera a bordo — uma Chevrolet S10 2.8 a diesel. Ele mostra a picape tomando um sacode de uma Belina a mais de 180 km/h. O vídeo espalhou-se feito pólvora há alguns meses e todo mundo ficou embasbacado com a valentia da Belina, que não foi ultrapassada de jeito algum.
A situação do vídeo é um perigo — velocidade bem acima do limite, filmado enquanto se dirige etc —, mas nós vamos nos focar em tentar entender como uma Belina anda tanto. Pelas lanternas traseiras e pela frente baixa, é provável que esta Belina seja um Del Rey — que usou o motor Volkswagen AP de 1,8 litro.
Como todos sabemos, não é difícil extrair mais potência desse motor — com preparação leve (injeção eletrônica e um comando mais valente, por exemplo), é fácil chegar aos 110 cv. Em um carro leve como a Belina, chegar a 180 km/h não é tão improvável assim. Mas talvez seja coisa do capeta, mesmo.
Bônus 2: o onboard hilário do cara que viajou de Manchester a Nürburgring em um BMW Série 3 para dar algumas voltas rápidas e não levou nem sete segundos para bater o carro e perder a viagem
“É ISSO AÍ, ESTAMOS EM NÜRBURGRING! TACALEPAU!
… shit.”