Hoje em dia, por questões de custo e estética, os faróis dos carros novos utilizam lentes de plástico. Além de custar menos para serem feitas, as lentes de plástico são mais leves, deixam passar mais luz e, como são feitas de um material mais maleável, dão aos designers mais liberdade na hora de criar suas formas.
Até o início da década de 2000, porém, alguns ainda saíam da fábrica com lentes de vidro nos faróis – mais grossas, com ranhuras na parte interna para refletir mais luz e, em alguns casos, com pequenos pinos em sua superfície. Não sabe do que estamos falando? Saca só:
São sempre três desses pinos, dois embaixo e um em cima, formando um triângulo. Pode reparar: na maioria das vezes, são carros importados na década de 1990 que trazem estes pinos nos faróis, como o Golf de terceira geração, a Chevrolet Silverado e o Ford Taurus, por exemplo. Mas para que eles servem, afinal?
Topamos com algumas explicações enquanto pesquisávamos a respeito. Alguns dizem que são apenas marcas resultantes do modo como as lentes eram fabricadas – seriam marcas da injeção do vidro no molde. Outros dizem que são suportes para evitar riscos ao repousar a lente sobre alguma superfície.
Outra explicação tem a ver com física: em países frios, estes pinos concentram o calor das lâmpadas e ajudam a derreter a neve que se acumula sobre os faróis no inverno. E há quem brinque, dizendo que a função dos pinos é machucar as mãos na hora de lavar os faróis – algo que, de fato, soa bem doloroso.
Há um detalhe, porém, que faz diferença: os pinos são encontrados, em sua esmagadora maioria, nos faróis de carros fabricados nos EUA. É só reparar nos exemplos que demos. Quando os primeiros exemplares do Golf Mk3 começaram a chegar ao Brasil, em 1994, as versões GTI e GLX eram importadas do México, onde eram fabricados os carros de especificação americana, e tinham pinos nos faróis. O Golf GL, que era importado da Alemanha, não tinha.
Se na Europa neva ainda mais do que nos EUA, por que então os carros europeus não têm estes pinos nos faróis?
Porque ele não servem para derreter a neve, e sim para chegar o alinhamento dos faróis com ferramentas que eram mais utilizadas nos EUA.
Havia alguns modelos diferentes de ferramentas, mas o modo de operação era o mesmo: os pinos se encaixavam em hastes que que serviam de guia ajustar o facho de luz, tanto no eixo vertical quanto no eixo horizontal. A ventosa movia-se para a frente e para trás, por meio de uma alavanca,até que o farol ficasse travado na ferramenta e pudesse ter o alinhamento do facho medido com um nível. O ajuste, então, era feito pelos parafusos na parte de trás dos faróis, que eram apertados ou afrouxados até que tudo se alinhasse.
Existe até mesmo uma versão portátil desta ferramenta, que em tese pode realizar esta checagem na garagem da sua casa e costuma ser vendida em lojas de autopeças, principalmente para donos de carros mais antigos, com faróis de vidro em formato padronizado, circular ou retangular.
Hoje em dia, são utilizados medidores ópticos, que dispensam contato com as lentes dos faróis e servem para peças de qualquer formato.
[ Sugestão de Enzo Saran Casale e Victor Penteado / Fotos: André Jacquillat ]