A Picapeta nasceu em uma oficina na casa dos meus pais. Na verdade, foi a oficina que nasceu com a Picapeta, mas não vamos entrar nesses detalhes. Posso dizer que uns 95% do carro foi feito em casa com no máximo duas pessoas trabalhando, eu e meu pai. Os únicos serviços que não foram feitos por nós foram os que envolviam tornearia e por pouco não adquirimos um torno também. Foram uns 3 anos de serviço onde utilizávamos algumas horas em períodos que ia visitar meus pais, já que não morava na mesma cidade.
Outros momentos meu pai trabalhava sozinho depois do expediente. Eu cuidei de partes mecânicas, soldagem e acerto eletrônico da injeção. Meu pai cuidou da parte elétrica com muita organização e ajudou em partes mecânicas também. A Picapeta é um verdadeiro DIY (Do It Yourself) ou MIG (Made In Garage), ou qualquer outro termo que descreve algo que foi feito em casa.
A Picapeta está, a cada dia que passa, deixando de ser um carro de rua e passando a ser um carro de arrancada. As teorias e práticas que envolvem arrancadas, em geral, não são aproveitadas em outros tipos de competições e muito menos para carros de rua. A arrancada é minha paixão, os carros mais rápidos do mundo estão lá e eu pretendo ser um bom representante tendo a Picape Corsa mais rápida do Brasil.
Como está a Picapeta hoje?
A Picapeta tem seu monobloco e carroceria inteiramente original, ainda sem reforços. A categoria que pretendo participar, chamada de DT-A (Dianteira Turbo – A), não permite modificações nos dois itens citados, somente alguns reforços e alargamento das bordas dos para-lamas. E essa é a categoria máxima que aceitaria colocar a Picapeta, pois jamais alteraria outras partes. Não vou aceitar nem furos na carroceria deste carro, talvez uma furação no painel corta-fogo afim de utilizar watercooler.
Do ponto em que ela está hoje até se tornar um DT-A existe um longo e dispendioso caminho. Mas ela já anda e corre nas categorias amadoras conhecidas como Rua Aspirado ou Desafios.
O motor está completamente original, um 2.4 16v flex oriundo de um Vectra Elite 2008. Para gerenciamento do motor, optei por uma injeção programável conhecida como Megasquirt, é um projeto concebido por entusiastas em eletrônica automotiva. Como não sou especialista em eletrônica, ao invés de montar todo circuito eletrônico, optei por adquirir uma Megasquirt produzida pela MS Racing do Brasil. Sem sombra de dúvida é a injeção programável com melhor custo/benefício do Brasil e também a mais complexa em acertar.
A melhor assistência técnica que temos são os próprios usuários de Megasquirt espalhados pelo mundo. Por esses dois motivos, complexidade e assistência técnica, você não verá essa injeção tão famosa quanto uma Fueltech. Na Picapeta utilizo o modelo MS 2 Racing e no meu Opala de rua, utilizo uma MS 1 Racing.
Utilizo ainda o câmbio original da picape corsa, um F15 WR. Para casar o câmbio Família 1 em um motor Família 2, basta utilizar volante e embreagem do família 2, neste caso uso uma embreagem original do Astra 2.0, marca Luk e um volante aliviado do Astra 2.0 (de 9,3 kg para 6 kg) feito pela www.volantealiviado.com. Resolvi não investir ainda em platô com mais carga e embreagem de cerâmica, pois o objetivo final será com o câmbio F23 e nada seria reaproveitado. E para o conjunto que tenho no momento, uma embreagem nova de marca boa, Luk ou Sachs, é suficiente.
Para a última etapa que participei na cidade de Brasília/DF, fiz um coletor 4X1 em inox com os primários de 1 ¾”. Escapamento em 2,5”, um único abafador.
Tive muitos problemas com tração no começo que só foram resolvidos utilizando pneus macios e suspensão adequada para Arrancada. Para suspensão, utilizo um conjunto da Impacto Especiais com amortecedores coil overs e buchas de poliuretano. Para pneus, nada melhor que os mais baratos e macios Maxxis Victra MA-Z1 para disputar um campeonato como amador.
Em 2013 participei de duas Arrancadas na categoria Rua Aspirado – 14,5 s, ou seja, você tem que virar acima de 14,5 s para ter o tempo validado. Na primeira arrancada, que aconteceu em Goiânia, no mês de agosto, fiquei em primeiro lugar.
Na segunda, em Brasília, fiquei em 2º lugar. Em 2014, por questões pessoais e profissionais, ainda não tive condições de participar de alguma outra etapa, mas algumas modificações serão feitas antes que coloque o carro em nova disputa.
Gostaria de agradecer ao meu pai, que não está fisicamente mais entre nós, mas permitiu ser o que sou hoje e foi o maior parceiro dos meus hobbies e deste meu carro. Ao meu irmão que só leva sabugo da Picapeta e do meu Opala, mas apoia em fotografia, blog, entre outros. A minha mãe que tem que conviver com a barulheira ensurdecedora dos meus carros e da minha oficina que junta um ratinho ou outro de vez em quando. A minha esposa por entender mais ou menos minhas loucuras. E aos profissionais Digus.com.br, que fez algumas das fotografias tiradas que estão nesta matéria, à Equipe LJ Racing Motorsport à Gabiru Autocar, ambas de Itumbiara (GO).
No próximo post contarei mais sobre as modificações seguintes que pretendo fazer para as próximas competições. Até a próxima!
Por Weverton Vilas Bôas, Project Cars #13