Fala, galera! Tudo tranquilo? Mais uma vez tenho a oportunidade de dividir com vocês a visita a mais lugar que muitos aqui já ouviram falar, a Liberty Walk. Conheci o trabalhos deles pela internet, com seus esportivos exóticos e coloridos e muitos outros detalhes de personalização.
No site da preparadora você encontra todas as informações para chegar até lá, tudo em inglês e além do endereço e um mapa, eles também explicam qual os trens e a linhas que você precisa pegar, caso utilize esse transporte. Mandei um e-mail no contato que estava no site e logo depois recebi a resposta positiva de Nishio, um dos funcionários, dizendo que poderia visitá-los quando quisesse.
A Liberty Walk fica localizada na cidade de Nagoya, a 370 km de Tóquio. Peguei o shinkansen (o trem-bala) e em pouco mais de uma hora e meia estava na estação de Nagoya. Segui as informações do site deles (que foi bem tranquilo) e depois de uns 35 minutos cheguei no local. Quem me recebeu foi o próprio Nishio e me explicou que ali era um tipo de show room deles com vários carros, alguns de clientes, e mais uma série de itens que podiam ser comprados. Peças e acessórios, miniaturas e plastimodelismo, camisetas, adesivos, miniaturas dos carros no estilo da Liberty Walk para crianças e muitos outros.
Além das Ferrari e Lamborghini, as preparações mais famosas da Liberty Walk, também há outros modelos como Porsche 911, BMW M3 e Z4, Chrysler 300C, Dodge Challenger, Infinity G37 e até um Toyota Prius na frente da loja. Ironicamente, apesar de estarmos em uma tuning shop japonesa, logo na entrada vemos um Ford Crown Vic e um Trabant pickup que estavam ali enfeitando a entrada e dando boas vindas aos visitantes.
No outro lado da rua há mais um galpão que também faz parte da Liberty Walk, fomos até lá e o Nishio perguntou se eu queria tirar algumas fotos da Ferrari 458 azul que ficou famosa depois de uma pequena colisão no SEMA, pois o carros estavam de saída para um evento em Yokohama. O motorista do guincho aguardou um pouco e depois de alguns cliques partiu.
Nesse outro galpão apenas três carros, um Lamborghini Murciélago Spyder, uma Ferrari 458 e um Nissan Skyline C110 que faz parte da coleção de Skylines do dono da Liberty Walk, conhecido como Kato-san.
Eu já sabia que havia um brasileiro trabalhando com eles há algum tempo — até perguntei por ele no Tokyo Auto Salon, mas o cara não estava lá. Seu nome é Tiago e ele trabalha em um terceiro galpão da Liberty Walk, localizado em Komaki, uma cidade próxima de Nagoya. Enquanto eu tirava foto dos carros Nishio falava ao telefone com o Tiago, e me explicou como chegar até lá e que me buscariam na estação de trem assim que chegasse. Melhor impossível.
Voltei pra estação e depois de mais alguns trens cheguei em Komaki. É uma cidade bem próxima de Nagoya, mais ou menos a distância de São Paulo a Guarulhos. Falei com o Tiago assim que cheguei na estação em Komaki e logo depois eles foram me buscar, na verdade quem me buscou lá foi o Vinícius, outro brasileiro que trabalha com o Tiago e está no Japão há muito tempo. Ele apenas nasceu no Brasil e veio para cá logo depois, hoje tem 19 anos e começou a trabalhar lá há poucos dias. Assim que chegamos lá já vi mais carros em construção e o Tiago já veio falar comigo e explicou que ali era a oficina deles, onde realmente tudo acontecia.
Tiago na verdade não é funcionário da Liberty Walk, ele tem uma empresa lá dentro do galpão, chamada Artmania. É como se fosse uma parceria: ele é responsável pela criação dos projetos e pela pintura dos carros, sua especialização é a aerografia. O processo da construção de um novo carro é mais ou menos o seguinte: ele faz uma projeção em computador e mostra as opções para os clientes. Ao contrário do que eu imaginava o cliente não tem tanta liberdade assim pra decidir como vai ficar o carro. Se não entrarem em um acordo a Liberty Walk não faz o serviço. Simples assim.
As modificações são apenas estéticas, os paralamas são cortados para receber o novo conjunto de roda e pneu bem mais largo que o original e alargadores feitos de fibra, spoilers na dianteira e traseira do carro e pintura personalizada. A maioria dos carros que eu vi lá tinham suspensão a ar, eu cheguei a ver os kits dessas suspensões a venda na outra loja deles.
Lá estavam em finalização uma Ferrari 458 e uma 430, mais um Lamborghini Murciélago, um Chrysler 300C dos novos e na fila de espera uma Aventador com pouco mais de 1.000 km aguardava a sua vez de entrar na faca, literalmente. Do outro lado mais três Skylines antigos da coleção de Kato-san e mais um Prius que tinha um detalhe que na minha opinião era bem interessante, seu sistema de som. Com apenas três alto-falantes (sendo um woofer e mais um kit composto por um par de alto falantes coaxiais e outro par de tweeter), três amplificadores (um para cada alto falante) e dois aparelhos de DVDs que controlavam tudo, o carro tinha um som bem forte e com uma qualidade impressionante. Todos os equipamentos eram da Alpine e só esse kit de coaxiais custam mais ou menos 300 mil yenes.
Segundo Tiago, esse tipo de personalização dos Skyline eram muito comuns aqui no Japão na época em que esses carros eram vendidos e Kato-san trouxe isso pros caros mais modernos. Outros brinquedos interessantes também que eu vi por lá foram duas quad-bikes caracterizadas como um Skyline e um Murciélago. Modelos como esses chegaram a ser vendidos há um tempo atrás mas hoje parece que eles não fazem mais.
Nesse tempo de Liberty Walk, Tiago conheceu muita gente por conta de seu trabalho, especialmente o pessoal dos programas da TV como Mike Lavalle (aquele cara que desenha chamas nos carros), Chip Foose — que segundo Tiago é um cara simples e sabe até algumas palavras em português (deve ter aprendido de tanto ir pro Brasil alguns anos atrás) — e o pessoal da West Coast Custons. Todo ano ele vai a Las Vegas participar do Sema e sempre que há algum evento grande assim o período que antecede é bem estressante, virando noites sem dormir por conta dos carros a serem feitos. Ossos do ofício.
Passei a tarde toda na Liberty Walk conversando com o Tiago sobre as várias histórias da vida aqui do outro lado do mundo, algumas que hoje são até engraçadas pelo que ele me disse, mas que acredito que possa acontecer com qualquer um que tome a decisão de sair do país e encarar o choque cultural de um lugar totalmente diferente do que você está acostumado. E parece estar dando certo, ele está conquistando seu espaço e fazendo o seu nome e de sua empresa por aqui (você pode conhecer o trabalho do cara neste link).
Na volta até a estação peguei uma carona com Tiago e parti rumo a Nagoya onde pegaria o trem de volta para casa.