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Trânsito & Infraestrutura

Por que você jamais deve dirigir usando chinelos ou sandálias 

Todo turista estrangeiro que vem ao Brasil chega preparado para encontrar um país quente. Com exceção de algumas cidades serranas e de partes da região Sul, até mesmo durante o inverno é possível ver o indicador dos termômetros chegando perto do número 30. É por isso que motociclistas usam viseiras abertas sempre que possível, e é por isso que é muito comum calçar chinelos ou sandálias abertas no dia-a-dia, mesmo quando você precisa dirigir um carro.

Isso geralmente não é um problema quando você tira os chinelos ou sandálias para dirigir e os calça somente quando sai do carro. Dirigir descalço, aliás, não traz risco algum; você até sente melhor os pedais e quaisquer reações do carro.

O problema acontece quando você, por algum motivo decide dirigir sem tirar esses calçados. E isso, infelizmente, é algo frequente, apesar de todo motorista aprender sobre os riscos desta prática nas aulas teóricas de formação.

O motivo é óbvio: um calçado solto não proporciona firmeza no comando dos pedais do carro, e pode se soltar do pé, comprometendo o curso de acionamento ou retorno dos pedais. Um chinelo preso embaixo do pedal de freio, pode impedir que ele seja pressionado completamente, pode forçar o acelerador acionado ou pode até manter seu pé preso de mau jeito ao pedal.

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É uma prática tão perigosa que é até proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro, embora seja impossível de fiscalizar. E diferentemente das outras infrações graves, nenhuma campanha educativa leva em consideração este fator de risco — especialmente no verão, quando o chinelo se torna uma peça do vestuário cotidiano.

O texto do Código de Trânsito, aliás, é abrangente demais para ser eficaz. O item IV do artigo 251 se refere a “dirigir o veículo usando calçado que não se firme nos pés ou que comprometa a utilização dos pedais”. O que é um calçado que compromete a utilização dos pedais? Crocs com alça pode? E sandálias de tira que se prendem aos pés? Um tênis com solado molhado e liso compromete a utilização dos pedais? E tamancos? Sapatos de salto? Note como a lei causa dúvidas ao mesmo tempo que tenta ser bem-intencionada.

Infelizmente, a maioria dos acidentes não são investigados a fundo, e por isso não sabemos quantas “falhas humanas” foram causadas por motoristas que perderam o controle dos pedais. Mas um acidente ocorrido no último final de semana em Campinas, próximo ao aeroporto de Viracopos, deixa claro como o simples ato de dirigir com um calçado inadequado pode causar uma tragédia.

No sábado, 26 de agosto, um Peugeot 207 conduzido por uma pesquisadora da Universidade de Campinas caiu de um viaduto de 11 metros de altura no terminal de embarque do aeroporto. O acidente matou a condutora e sua colega, também pesquisadora da Universidade. O caso ainda está sendo investigado, mas os peritos encontraram o pedal de acelerador travado acionado pelo chinelo da condutora, algo que, segundo eles, “é um indício muito forte” sobre a causa do acidente.

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De acordo com as preliminares da perícia, o carro teve um aumento de velocidade repentina causado pelo travamento do acelerador, seguido pela perda de controle da direção. Assim o carro saiu da pista e atravessou a proteção lateral, despencando por 11 metros e aterrissando sobre seu teto.

Neste caso o elemento foi um chinelo, mas poderia ser uma sandália de tiras ou qualquer outro calçado que possa enroscar nos pedais. Por isso, a recomendação é que você dirija sempre com calçados totalmente fechados e firmes no pé. Se for usar sandálias, saltos, chinelos ou qualquer outro tipo de calçado, é mais seguro tirá-los e guardá-los atrás dos bancos ou no espaço do passageiro da frente, e dirigir com os pés descalços.

Não se preocupe com fiscalização: se os calçados não estiverem entre o banco do motorista e os pedais, não haverá infração alguma.

 

Tapetes: o outro perigo

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Além dos calçados inadequados, outro elemento que pode afetar a operação dos pedais são os tapetes de tamanho inadequado. Normalmente os carros têm tapetes cortados na medida certa para não atrapalhar o curso dos pedais, mas em muitos casos a concessionária fornece tapetes não-originais como cortesia. Ou então a única opção para seu carro são tapetes genéricos, com linhas de corte para determinado modelo.

Nestes casos, é preciso cortá-los na medida certa para que eles não atrapalhem a operação dos pedais. Os pedais nunca devem tocar o tapete. Corte de forma que a borda fique à frente dos pedais, assim não há risco de que o acelerador ou a embreagem acabem atrás do tapete, como aconteceu com alguns Toyota nos EUA há alguns anos, causando a aceleração acidental do carro — o que pode ter consequências sérias.