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Car Culture Zero a 300

Por que você não deve apoiar os pés no painel de um carro em movimento

Dizem que quem realmente gosta de carros não deixa ninguém colocar os pés no painel – por mais que sua namorada ou esposa insista em fazê-lo às vezes. Talvez você não seja tão chato assim (eu não sou), mas uma coisa é certa: há um bom motivo para não andar por aí com as pernas apoiadas no painel. Ao menos com o carro em movimento.

Se os dois pés estiverem apoiados, não é preciso nem um impacto: uma frenagem brusca pode levar o rosto do passageiro a um choque direto com seus joelhos, e possivelmente deixar um ou dois olhos roxos. Desagradável, no mínimo.

Mas as consequências podem ser bem piores em alta velocidade, especialmente se o carro tiver airbags frontais. Que o diga Bethany Benson, que em 2010 estava no carro de seu namorado, voltando da casa de sua tia, quando os dois sofreram um acidente. Primeiro, um carro e uma moto bateram na estrada. Então, um caminhão que seguia pelo mesmo caminho precisou frear bruscamente para não atingir os dois veículos. Bethany e seu namorado na época vinham atrás, em um Pontiac Sunfire, e o namorado da garota não teve tempo de frear. Aviso: algumas pessoas podem considerar fortes as imagens a seguir.

O carro entrou embaixo da caçamba do caminhão. A julgar pelo estado em que ficou, já foi um milagre que os dois tenham sobrevivido. O rapaz teve escoriações e precisou de 100 suturas. No caso de Bethany, as consequências foram bem mais graves.

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Ela estava com os pés no painel, exatamente sobre a tampa do airbag. A bolsa inflável fez seu papel, e os joelhos da jovem foram pressionados contra seu rosto a mais de 320 km/h, quebrando os osso ao redor do olho esquerdo e também o osso da bochecha e o nariz. Bethany também teve a mandíbula deslocada e sofreu um corte no lábio inferior. Os pés dela foram pressionados contra o teto do carro e foram esmagados. Além disso, teve de passar por uma cirurgia para retirada do baço, ficou com a pupila esquerda permanentemente dilatada, desenvolveu hipersensibilidade auditiva e sofre até hoje com perda de memória e alterações de personalidade por conta de um sangramento no cérebro.

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Mesmo anos após o acidente, Bethany ainda precisa usar sapatos ortopédicos e sofre com os efeitos do transtorno de stress pós-traumático. Ela toma remédios e faz acompanhamento psicológico, mas de acordo com sua mãe, na maioria do tempo o comportamento de Bethany é comparável ao de “uma garota de 13 anos com problemas para controlar a raiva”. Na época do acidente, ela tinha 22 anos e se preparava para retornar para a faculdade depois das férias. Hoje ela tem 28, e ainda mora com sua mãe, precisa tomar remédios e sofre por não poder praticar esportes.

Se isto não for suficiente para te fazer adotar a regra do “SEM PÉS NO PAINEL DO MEU CARRO!”, talvez esta simulação dos Caçadores de Mitos do canal Discovery o faça.

A dupla buscava descobrir se andar com os pés no painel é algo potencialmente letal para o passageiro do banco da frente. Usando primeiro bonecos de crash test, eles avaliaram as consequências e um impacto de baixa velocidade para as pernas do passageiro. Não é bonito de ver. Depois, eles aumentaram a velocidade, e passaram a usar outro boneco: um “ser humano sintético”, com o mesmo peso de um corpo humano, com pele, músculos e ossos artificiais, que têm as mesmas características mecânicas e a mesma temperatura de um corpo de verdade. O chamado SynDaver (um amálgama de syntheticcadaver em inglês) sangra e, em alguns modelos, até respira, e costuma ser usado em aulas de medicina como uma alternativa mais limpa e ética aos cadáveres de verdade.

Com o SynDaver, os Mythbusters observaram que, com em uma colisão em alta velocidade, o passageiro com os pés no painel pode sofrer fraturas no tornozelo e nos quadris, além de traumas no abdome, no rosto e no pescoço. O caso de Bethany foi extremo, pois seu acidente seria grave com ou sem os pés apoiados no painel, mas ilustra bem as conclusões dos Caçadores de Mitos. Segundo eles, os ferimentos em uma colisão mais leve são bastante dolorosos, mas geralmente não são fatais.

Mais importante: eles são evitáveis. Se você é o motorista, peça para que o carona use o cinto de segurança e não coloque os pés no painel, ao menos com o carro em movimento. Se você é passageiro, simplesmente não coloque os pés no painel. Para que arriscar?