Abrindo o segundo dia do Salão do Automóvel 2018, visitamos a Porsche para conferir de perto os dois lançamentos da marca no Brasil – o 911 GT3 RS, com seu monstruoso motor boxer aspirado de seis cilindros e quatro litros, e o Macan, que teve sua reestilização apresentada em Paris e, agora, chega a São Paulo. Se tratando da Porsche, porém, os lançamentos definitivamente não são tudo o que há para ver.
Além deles, a Porsche trouxe para o Salão uma seleção cuidadosa dos modelos de sua linha – todos eles disponíveis sob encomenda nas lojas ou mesmo no estande da marca no evento. Mas vamos começar por onde interessa: o GT3 RS e o GT2 RS, as duas versões mais radicais do 911.
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Old meets new
Por mais que já conheçamos muito bem seu visual, é impossível não se impressionar vendo pessoalmente o monstro verde – cor que remete aos Carrera RS da década de 1970 – sobre uma rampa que circunda todo o estande, em posição privilegiada. Especialmente porque logo atrás dele está um exemplar do Porsche 356.
Esta unidade em especial foi fabricada em 1957, quando o primeiro esportivo da marca chegava ao décimo ano de fabricação e ainda não havia sequer o 911. As lanternas traseiras em forma de gota substituíram as redondas naquele ano, e foi adotado um vigia traseiro maior. É uma boa forma de jogar na nossa cara o quanto a fórmula original evoluiu ao longo das décadas. O contraste entre os dois carros trabalha a favor de ambos.
A carroceria do Porsche 356 Coupé era fabricada pela Reutter na época – veja o nome na plaqueta
Combinação clássica: carroceria prata e interior bordô – atente para a posição da ignição, do lado esquerdo, adotada a partir de 1955. Antes disto a ignição ficava à direita, como na maioria dos carros
Enfim, de volta ao 911 GT3 RS. Estamos falando daquele que é um dos últimos heróis da resistência entre os superesportivos naturalmente aspirados – e com louvor, porque pendurado lá atrás está um flat-six de quatro litros capaz de entregar 520 cv a 8.250 rpm e 47,9 mkgf de torque a 6.000 rpm.
Trata-se daquilo que, atualmente, representa o estado da arte entre os motores sem indução forçada: com camisas de cilindro revestidas a plasma para menor atrito, virabrequim e bielas mais rígidos, novo trem de válvulas e cabeçotes que dispensam os tuchos hidráulicos, o seis-cilindros é capaz de girar a até 9.000 rpm – sendo muito próximo do motor usado pelo 911 RSR de corrida. A admissão de ar fresco fica por conta das aberturas nos para-lamas traseiros.
O Salão do Automóvel marca a estreia oficial da reestilização realizada no GT3 RS para 2018, que trouxe novos elementos aerodinâmicos na forma de um spoiler dianteiro mais pronunciado e asa traseira redesenhada, além de entradas de ar maiores no para-choque e saias laterais mais generosas.
O capô, feito de fibra de carbono, tem dutos NACA que ajudam a direcionar ar frio para os freios sem prejudicar a eficiência aerodinâmica.
Como dissemos na época do lançamento, o 911 GT3 RS tem rodas de 20×9,5 polegadas na dianteira e 21×12,5 polegadas na traseira – calçadas com pneus de medidas 265/35 na dianteira e monstruosos 325/30 na traseira.
Por padrão os freios usam discos de ferro fundido de 380 mm nas quatro rodas, mas existe a opção por discos de carbono-cerâmica de 410 mm na frente e 390 mm atrás – que segundo a Porsche, pesam a metade dos discos de metal. As pinças são de seis pistões na dianteira e quatro pistões na traseira. Já a suspensão utiliza amortecedores ajustáveis ativos (PASM) e molas auxiliares na dianteira e na traseira. O conjunto possui amplo ajuste de geometria, incluindo ângulos de cambagem e cáster, barras estabilizadora e altura em relação ao solo.
O interior do carro que está no Salão tem acabamento verde combinando com a carroceria – e, vale reforçar, deixa bem claras as intenções do GT3 RS. O alívio de peso é evidente na fibra de carbono exposta no painel e nos bancos concha, nas tiras de tecido à guisa de maçanetas internas e na troca do banco traseiro por uma gaiola de proteção parcial.
Repare que os bancos, apesar de belíssimos, são bastante rústicos, com os suportes expostos – coberturas plásticas, em um carro como o GT3 RS, não servem para muito mais além de adicionar peso em um carro que precisa ser leve. O peso seco é de 1.430 kg; em ordem de marcha, são 1.505 kg.
Custando a partir de R$ 1.242.000, o 911 GT3 RS também traz de série suportes do motor ativos, esterçamento das rodas traseiras e diferencial traseiro com blocante.
911 GT2 RS
Embora não tenha uma data de lançamento e nem preço, o 911 GT2 RS também veio a São Paulo – ele está confirmado para o mercado brasileiro e as entregas, ao que tudo indica, começam em 2019. Estamos falando do 911 mais radical de todos, equipado com um flat-six biturbo de 3,8 litros e 700 cv a 7.000 rpm e 76,5 mkgf de torque entre 2.500 e 4.500 rpm, sendo que a rotação máxima do motor fica em 7.200 rpm.
A força toda é levada para as rodas de trás através do câmbio PDK de dupla embreagem e sete marchas – conjunto suficiente para ir de zero a 100 km/h em 2,8 segundos – o mesmo tempo do Nissan GT-R, por exemplo, que tem a vantagem teórica da tração integral. A velocidade máxima é de 340 km/h.
O 911 GT2 RS é um modelo totalmente dedicado às pistas, embora possa rodar nas ruas, e o Salão foi uma ótima oportunidade para examinar de perto suas soluções radicais – ele tem os mesmos respiros nos para-lamas usados pelo GT3 RS, porém traz para-choques, tampa do motor com asa traseira integrada e asa traseira exclusivos, além tomadas de ar consideravelmente maiores. As rodas são de 20 polegadas na dianteira e 21 polegadas na traseira, sendo que os pneus de trás são 325/30.
A asa traseira no GT2 RS é mais alta do que no GT3 RS, e o difusor traseiro trás as saídas de escape separadas – e consegue ser ainda mais radical visualmente
Redução de peso é isto: o emblema da Porsche no GT2 RS é um simples adesivo. Atente também para a trama de fibra de carbono exposta
Dutos NACA no capô, como no GT3 RS
Nós fizemos um post bastante detalhado a respeito do 911 GT2 RS que você pode conferir aqui.
Novo Porsche Macan
A outra novidade da Porsche para o mercado brasileiro foi o Porsche Macan, o irmão menor do Cayenne – e um dos SUVs mais entusiastas que a gente já acelerou. Reestilizado, ele ganhou uma dianteira mais robusta, com formas mais retilíneas e agressivas. A traseira recebeu a nova identidade visual da Porsche, com as duas lanternas conectadas por uma faixa iluminada e novos elementos internos.
O interior também foi ligeiramente remodelado – as saídas de ar foram reposicionadas e a tela do sistema multimídia tem uma tela de 10,9” – antes eram 7”. Além disso, o Macan passa a oferecer o pacote Sport Chrono, que permite optar por quatro modos de condução, e para-brisa com aquecimento. No mais, esta primeira reestilização do Macan foi uma atualização incremental, sem grandes revoluções. A Porsche diz que o chassi foi melhorado em busca de um comportamento mais neutro, porém não detalhou quais foram os ajustes finos realizados.
O conjunto mecânico inicial na versão de entrada consiste em um quatro-cilindros turbo de dois litros e 252 cv – o onipresente EA888 da VW – um aumento 4 cv em relação ao modelo anterior – acoplado a uma caixa PDK de dupla embreagem e sete marchas. A fabricante ainda não se pronunciou a respeito das outras versões – S, GTS e Turbo – mas, como já dissemos, o V6 de 3,6 litros deverá ser substituído por dois novos motores com seis cilindros em V: o S e o GTS usarão o V6 de três litros do grupo VW, com 335 cv na versão S e 375 cv na versão GTS. Já o Macan Turbo usará o novo V6 2.9, compartilhado com o Panamera e o Cayenne, e terá cerca de 20 cv a mais que o 3.6, chegando aos 415 cv no Turbo e a 460 cv no Turbo S.
O Macan 2019 parte de R$ 329.000 de acordo com a Porsche, e deverá começar a ser entregue no primeiro semestre do ano que vem.
O que mais?
Também está no estande da Porsche o 718 Boxster GTS, que tem um flat-four turbinado de 365 cv a 6.500 rpm e 43,8 mkgf de torque entre 2.100 e 5.000 rpm – e pode ser equipado com câmbio manual ou PDK de dupla embreagem, que é o caso do carro presente no Salão.
Outro destaque sem dúvida era o Porsche 911 Carrera T, que já está disponível para encomendas. Trata-se de uma das versões mais bacanas do nine-eleven por sua configuração mecânica, aliando o motor boxer turbo de três litros, 370 cv e 46,8 mkgd de torque do Carrera básico ao câmbio manual de sete marchas de série – ainda que a caixa PDK de dupla embreagem seja opcional.
O Carrera T também é 20 kg mais leve, e traz inclusos no pacote básico sistema de vetorização de torque, pacote Sport Chrono, volante Sport GT e suspensão esportiva que é 20 mm mais baixa. Opcionais, além da já citada transmissão com dupla embreagem, são o sistema de esterçamento das rodas traseiras e diferencial com autoblocante mecânico. Conforme foi dito aqui mesmo, o 911 T custa a partir de R$ 519.000 com câmbio manual e R$ 541.000 com câmbio PDK.