Carros de time attack são belas obras da engenharia de corrida. Feitos para virar os menores tempos possíveis em circuitos do Japão, como Tsukuba e Suzuka, eles contam com um regulamento bastante permissivo, que abre espaço para grandes aparatos aerodinâmicos que beiram o exagero, motores com potência que atinge facilmente os 800 cv e além e suspensão impecavelmente calibrada para conseguir muita aderência e um mínimo de rolagem.
Como consequência, o espetáculo que eles promovem quando aceleram para valer na pista (com um piloto de mão cheia ao volante, algo tão essencial quanto um bom carro) é algo que vale a pena ser conferido. Dá uma ligada neste Civic hatch EK4, que é capaz de virar nada mais que 00m57s580 em Tsukuba. Cinquenta e sete segundos e meio, caras!
Além disso, o ronco do motor B18 é impressionante. Para quem não lembra, o B18 é uma versão de 1,8 litro do quatro-cilindros com comando V-TEC da família B. A versão mais famosa, de 1,6 litro, equipa o Civic VTi e tem 160 cv – 100 cv por litro, o colocando entre os motores naturalmente aspirados de maior potência específica em todos os tempos.
O B18 pode ser encontrado com potência entre 180 cv e 200 cv em carros com o o lendário Integra Type R e, tal como o B16, é uma excelente base para preparação. E poucos manjam disso como Iwata-san, o cara por trás da Garage Work.
A pequena oficina em Ichihara, que fica na província de Chibal, litoral sudeste do Japão, é famosa justamente pelos Civic preparados que quebram recorde atrás de recorde no circuito japonês de time attack. Seus carros são facilmente reconhecíveis pelo conjunto aerodinâmico que consiste em um enorme spoiler dianteiro, assoalho plano e uma asa traseira ainda maior que o spoiler dianteiro.
A receita mecânica também é basicamente a mesma para a maioria dos carros: preparação naturalmente aspirada (normalmente, com corpos de borboleta mais largos, novos coletores de admissão e escape, reprogramação eletrônica e outras feitiçarias), suspensão ajustável e, claro, o kit aerodinâmico cujo tamanho é proporcional à função. O splitter frontal avantajado ajuda a minimizar o subesterço natural dos tração-dianteira, pregando a frente no chão.
Pegue carro que aparece no primeiro vídeo, por exemplo. Ele pertence a Yusuke Tokue, que deixa todo o trabalho de preparação e acerto com a Garage Work. O motor B18 entrega 275 cv e é um dos mais potentes já feitos pela G. Work, com 275 cv. Pode não parecer muito mas, levando em conta que o carro pesa cerca de 750 kg, é potência suficente para ser o mais rápido em Tsukuba. A suspensão recebeu braços de alumínio, os freios têm discos ventilados e o monobloco foi todo depenado, assim como o interior. Tudo para aliviar peso e afiar a dinâmica.
Os pneus são Advan A050 nos quatro cantos. As rodas da frente são maiores e calçam pneus mais largos: 18” com pneus 265/35, enquanto a traseira tem rodas de 16” com pneus 205/50. O splitter frontal ajuda na tarefa de grudar a frente no chão, enquanto a asa traseira melhora a performance em frenagens e também equilibra o downforce com a dianteira.
Não é à toa que a G. Work investe bastante nesta receita. Este outro EK4 preparado pela G Works é capaz de dar uma volta em Tsukuba em 58 segundos:
Tração dianteira, meus amigos, combinada a um motor bem preparado, dinâmica bem resolvida e um excelente piloto. No fim das contas, é o conjunto todo que faz a diferença.
Fotos: Narita Dogfight