Olá pessoal! No capítulo de hoje, vou escrever sobre as intervenções que vou fazer para deixar a Guria no melhor estado possível, lembrando que a intenção é preservar a originalidade e também mostrar um pouco da convivência e impressões do carro.
A primeira providência prática após a compra foi dar ao carro uma boa lavagem e enceramento. Pude constatar que a pintura estava muito boa, com poucos riscos e pequenos amassados — ainda mais pela idade da macchina, os para-choques precisam ser repintados e as rodas necessitam de restauração da pintura.
No interior, só foi necessário fazer a hidratação do couro dos bancos e aspirar o carpete. Fiquei admirado com o estado de conservação da parte interna, sem peças quebradas ou com desgaste acentuado, foi só passar o silicone e elas voltaram a ter aparência de nova.
A parte mecânica, também estava quase perfeita, fruto da manutenção correta que o carro recebeu ao longo dos anos. Na parte preventiva, será necessária a troca dos óleos, fluídos, filtros, correias e tensores.
Na corretiva, terei que trocar a válvula termostática e sanar um pequeno vazamento de óleo no bujão do cárter. Felizmente nada disso demandava atenção imediata, então tratei de conhecer e curtir o carro nos primeiros dias, com direito a uma rápida viagem até Maringá (PR).
Como disse pretendo manter o carro basicamente original, num futuro distante quero fazer pequenas melhorias para aprimorar a dinâmica e a segurança. Entre os aprimoramentos, estão a instalação de uma barra anti-torção, diferencial de deslizamento limitado Alfa Romeo Q2 e linhas de freio e combustível aeroquip.
Agora com acesso total ao carro pude observar os detalhes mais de perto, o acabamento mescla couro e plástico de bom aspecto visual e agradável ao toque. A ergonomia é muito boa com a maioria dos comandos a mão, o único deslize fica por conta dos comandos do ar condicionado e do rádio, que ficam distantes, mas não chegam a atrapalhar.
No mais o 155 recebe bem os ocupantes, que contam com encosto de cabeça, cinto de três pontos e descansa braço central para os ocupantes da frente e de trás, se for necessário levar um quinto passageiro, este deverá se contentar com o cinto subabdominal.
O ar-condicionado automático tem saída para os ocupantes traseiros, que também têm luzes de cortesia, os comandos são elétricos para janelas, retrovisores, travas, teto solar e porta-malas, que tem 403 litros de capacidade. O motorista ainda pode regular a altura do banco e do volante.
Os quadro de instrumentos é completo e de fácil leitura, o volante tem excelente empunhadura, o câmbio possui engates curtos e precisos que somados ao motor girador, a suspensão firme e a direção de respostas diretas revelam o aspecto que mais me atrai no 155, que é a dirigibilidade.
O motor é um quatro cilindros de 1969 cm³ com bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio com 16 válvulas, com duplo comando no cabeçote sendo que o de admissão tem variador de fase, a potência é de 150 cv a 6.200 rpm, com torque de 18,9 mkgf rpm, que considero adequados ao porte do carro (mas uns 20 cv de potência e 1 ou 2 kgfm de torque a mais não fariam mal).
Como um bom motor italiano, o Twin Spark gosta de giros altos e tem um ronco instigante que fica melhor conforme as rotações aumentam, costumo dizer que depois que o conta-giros passa das 4.000 rpm é um pecado não esticar até as 7.000 rpm. O câmbio tem cinco marchas de relações curtas, que contribui para deixar o carro ágil, sobretudo na estrada.
O vídeo não é meu, jamais colocaria esse adorno cromado nos instrumentos
Uma característica que me agrada, é que entre 2.000 e 3.000 rpm, o carro é relativamente silencioso e esperto, adequado ao trânsito urbano. Entre 3.000 e 4.000 rpm, o som do motor se torna mais presente e é bastante agradável, sendo a faixa ideal para usar na estrada. Não posso reclamar do consumo, andando civilizadamente e com o ar-condicionado ligado, ele faz uma média de 8 km/l.
Acima das quatro mil rotações, o passado esportivo da marca é evocado. O som do Cuore invade a cabine e o carro ganha velocidade rapidamente. O comportamento fica mais arisco e qualquer pisada no acelerador é prontamente respondida. Na estrada, é possível manter uma velocidade de 140 km/h com tranquilidade e chegar nos 170 km/h sem maior esforço (é o que me disseram).
Não gosto de usar a Guria na cidade, primeiro porque sempre fico com o receio de batidas e encostadas, por mais que eu tome cuidado, outro motivo é que o ar-condicionado rouba uma potência considerável do motor nas rotações mais baixas, com isso o carro não fica tão esperto nas arrancadas. Para finalizar, a direção não esterça muito, dificultando as manobras.
Mas na estrada a situação se inverte, com o motor podendo trabalhar mais próximo da faixa de torque ideal, o 155 está sempre pronto para acelerar, bem como manter altas velocidades de cruzeiro e fazer curvas com maestria. A suspensão firme que na cidade incomoda um pouco, principalmente pela qualidade das ruas, mostra as suas vantagens.
Antes de acabar, aqui vai uma dica: na hora de comprar um carro, vale muito pesquisar por um que tenha o histórico das manutenções que foram feitas. Não é uma garantia de que estará livre de problemas, mas afasta bastante o risco de uma surpresa desagradável.
Por hoje vou ficando por aqui, espero que tenham gostado do texto e fiquem ligados. No próximo capítulo vou abordar como é a manutenção do 155. Até lá!
Por Delfino Mattos, Project Cars #117