Olá, galera. No meu último post falei dos diversos problemas que atrasaram o projeto do meu Track Car. Com tantos contratempos as vezes chego a pensar que “Se der uma chuva de Xuxa no meu colo cai Pelé”.
Um dos Track Days mais desanimadores que tive foi o terceiro em que participei, Track Day de dois dias, meu preparador finalmente poderia acompanhar o carro e eu teria a oportunidade de detectar diversos defeitos e saná-los ao vivo, teria sido top se o volante do meu motor não tivesse quebrado na terceira volta.
O detalhe é que não uso um volante qualquer da linha GM, meu carro usa embreagem de Fórmula 3 e um volante de Fórmula feito de alumínio e adaptado para o meu carro, que ao quebrar levou com ele minha roda fônica e sensor de rotação. Como resultado levaria meses (seis, pra ser exato) até fabricar um novo volante, roda fônica e fazer um novo acerto do carro.
Todos os amigos andando e eu somente olhando e passando vontade. Fora aquela sensação de ficar para trás, afinal, todos estavam melhorando com a prática e eu sem carro para andar, definitivamente ficaria prejudicado. Amadores como nós, que caem de paraquedas no Track Day sem antes passar por outras categorias ou pelo kart só melhoram de uma maneira: andando no autódromo e treinando muito!
Eis que tive uma idéia para poder andar enquanto meu carro não ficasse pronto e poder praticar: montar um carro mais simples e barato que meu Project Car, somente para não ficar parado, treinar e participar dos Track Days. Então surgiu o “Horácio”, apelido dado pelos amigos a este simpático Corsinha, que montei eu mesmo, somente para andar enquanto o meu outro não ficasse pronto.
Um amigo de São Paulo anunciou no fórum do NDA Racing um Corsa 99 com motor 1.8 8v de Meriva já adaptado no carro, totalmente legalizado e funcionando, por um preço bem atrativo, e o carrinho veio parar em minha garagem. Minha atenção agora era para não montar um outro super carro, como o que estava empacado na oficina, afinal demandaria muito mais dinheiro, tempo e dor de cabeça. Meu Track Car substituto teria de ser simples, barato e teria que estrear logo no próximo Track Day em Brasília.
Decidi usar tudo que havia sobrado do meu Project Car: Freios do Astra, câmbio 1.0, volante Lotse, encomendei amortecedores baratos da Fênix com um pouco mais de carga e comprei um jogo de molas cortadas pela internet pela bagatela de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e um coletor de escape dimensionado que era usado no campeonato de Marcas, era só juntar tudo isso no Horácio e mal estaria feito.
Para não tirar a atenção do meu preparador do meu Project Car, busquei a ajuda de Phelipe Lima e Thiago Azalini da PH Motorsports para dar o devido talento no carrinho. De cara tivemos um ótimo resultado, andamos mais rápido que vários carros bem mais fortes, fazendo o ótimo tempo de 2:38, logo abaixo de um Vectra Turbo e mais rápido que um Ford Mustang, com o bônus de dar fuga em um Jetta TSi, sendo que o Horácio contava apenas com seus modestos 110 hps com motor de miolo original.
Acontece que tenho uma incrível habilidade para fazer o mal e decidi botar um pouco mais de pimenta na receita do Horácio, então comprei um cabeçote 16v pra botar nele, junto com um corpo de borboletas da R1 que ganhei de presente do meu amigo Buxim.
Dei várias voltas, fazendo algumas curvas de lado, muito divertido! Somente o cabeçote e borboletas me fizeram baixar 6 segundos, fazendo o excelente tempo de 2:32 em Brasília, sendo o segundo melhor aspirado do fim de semana, perdendo apenas para uma Corvette Stingray e dando essa que considero uma de minhas primeiras voltas aceitáveis:
Com meu Project Car pronto o Horácio acabou virando carro de dia a dia e reserva em pista, como as zangas do carro de pista são frequentes, hora ou outra lanço mão de andar nesse robusto carrinho, chegando até a levar os dois carros para andar em Cascavel e Curitiba, em agosto deste ano.
O Horácio tem uma receita ideal para quem quer começar, juntando simplicidade, baixo custo e doses altas de diversão. Foi essencial para me preparar para pilotar meu Corsa, bem mais forte e arisco nas curvas, que faz questão de não perdoar erros. Também foi o carro que afastou de mim o estigma de ser um piloto ruim e medroso para começar a me destacar entre os mais experientes e velozes do Track Day de Brasília e Goiânia.
Lembro das palavras de um piloto e preparador que admiro, com o qual me identifico bastante:
“Eu nunca fui um cara que monta carros gigantes, com muitos cavalos. Prefiro motores menores que te fazem dirigir mais forte, tentar aproveitar o máximo do motor, dirigindo o carro e não com papo furado e números de cavalos” – Magnus Walker
Sempre fui assim, sempre gostei de ganhar de caras com carros mais fortes que arrotam cavalaria pra todos os lados, nunca gostei de acelerar contra carros mais fracos, ou jogo no modo Hard ou a brincadeira perde a graça. Você não precisa de um motor de Fórmula 3 no seu carro para andar bem e rápido, com algo bem mais simples dá pra ser muito feliz. Já dizia uma lenda da Fórmula 1:
“O motor não é a razão do sucesso de um carro, o piloto sim” – Niki Lauda
Seja lá qual for seu projeto, faça-o bem, com empenho e carinho, não importa a cavalaria, e pilote melhor ainda, assim se orgulhará do que fez na oficina e ainda mais na pista.
Se me perguntarem qual melhor Corsa, digo que é o Azul, mas qual mais divertido e de tocada mais gostosa? Definitivamente o Horácio!
Até o próximo post!
Por Leonardo Perez, Project Cars #12