Carro pronto e nenhum Track Day previsto para Brasília, a empresa que organizava os eventos não peitava fazer mais nenhum e a gestão da FADF não comprava a idéia.
Eis que ficamos sabendo de um Track Day que seria realizado em Cascavel pelo pessoal do Ford Friends, o Friends Track Day, aberto a qualquer amigo e apaixonado pela modalidade, juntamos alguns apaixonados de Brasília, seis carros na cegonha e outros dois levando o pessoal pelos 1.500 km de estrada.
Uma aventura épica protagonizada por quatro pilotos amadores, dois pilotos profissionais, dois fotógrafos, um mecânico e um videomaker.
Ficamos maravilhados com a beleza do Autódromo Internacional de Cascavel, vou explicar o porquê: o Autódromo de Brasília era bem plano, sem grandes diferenças de relevos, mal cuidado, de boxes às ruinas e com mato alto.
O Autódromo de Cascavel parecia uma montanha russa, com subidas, descidas e o famoso “Bacião”, além de um show de cores na pista e no verde da mata que o margeia, o contraste com o nosso amado, porém abandonado autódromo era incrível!
Como sempre me dou mal, o primeiro dia foi de chuva do começo ao fim, e eu, como tinha apenas um jogo de rodas, estava apenas com os slicks montados… Teria que sair pra cidade, num sábado de feriado de Carnaval para procurar quem trocasse pelos pneus de chuva que eu trouxe desmontados. Nisso acabei perdendo o o dia inteiro e quando o carro ficou pronto pra rodar acabou o Track Day.
No segundo dia eu estaria preparado, deixei montados os pneus de chuva e adivinhe, fez sol o dia inteiro, mas não importa, eu andaria assim mesmo, não perderia mais tempo procurando borracheiro.
Foi um dia perfeito, cheiro de álcool e borracha queimada no ar, todos se ajudando, aquela tensão ao acompanhar os tempos online, tentando deixar Brasília em destaque no top 10 do dia, e quem dirá, bem vista aos olhos dos praticantes de Track Day de todo o Brasil. Fiz o tempo de 1:20.86, numa tocada tímida, feia e bem receosa.
Pra ser sincero, eu morria de medo do carro, muito forte na aceleração, muito bom na frenagem, uma fera prestes a ferir quem se arriscasse a tentar doma-la sem o devido preparo. Decidi então curtir de fora o carro, ver ele acelerando, escutar o berro daquele aspirado com escape aberto, então entreguei o volante para meu amigo Thiago Azalini, um dos melhores pilotos que conheço e que viajou conosco, proporcionando o seguinte show:
Repare no vídeo que logo atrás do meu Corsa vem pra cima um Nissan GT-R, e pra minha surpresa e de todos, meu Corsa não foi facilmente ultrapassado, dando trabalho por umas duas voltas na minha contagem:
Vou desde já eliminar um monte de discussões que este post poderá gerar:
1) Não, meu carro não é e nunca será melhor que um GT-R;
2) Sim, o GT-R foi bem mais rápido que meu carro no circuito.
Mas, sem dúvida, este valente carrinho proporcionou aquilo que todo amante de Track Day adora, mesmo que por poucas voltas, um carro nacional, preparado, conseguiu dar trabalho para um super esportivo bem mais forte.
Foi um show único para quem estava lá, ver que um pequeno aspirado, porém bem montado, e uma pilotagem de primeira, bem combinados, podem realizar este tipo de feito. Me orgulho muito do meu carro e do meu amigo por terem realizado isso. É como disse o ator e gearhead Erick Bana: “Um carro é uma fogueira rodeada de amigos”
O carro foi o motivo de ir para Cascavel, mas os amigos que foram e que encontrei lá foram o motivo de ficar, motivo das risadas e da saudade. Saudade também de uma época mais simples, sem tantas rivalidades, sem tanto ego, sem tantas futilidades que percebo hoje em dia…
Um abraço para todos os amigos que me deram a honra de compartilhar tais momentos:
Suor masculino desce dos olhos ao ver esses vídeos…
Até a próxima!
Por Leonardo Perez, Project Cars #12