Olá, pessoal do FlatOut! Como tinha escrito antes, sou bem “chato” nos detalhes e quero fazê-lo da forma mais parecida de como ele era construído nos anos 1950. Neste post mostrarei mais detalhes da substituição de partes de fibra por alumínio e um pequeno desabafo sobre a burocracia na hora de fazer um projeto desse.
Os Porsche 550 Spyder foram feitos todos artesanalmente. No total foram fabricadas apenas 90 unidades e hoje existem cerca de 80 carros — todos em coleções particulares. Por isso procuro usar o máximo possível de alumínio, como no original.
Nas fotos vocês podem perceber que toda a parte de assoalho, o “berço” do tanque de combustível, parede corta-fogo do motor e revestimentos laterais da parte interna do cockpit usam chapas de alumínio em vez de fibra.
Todas as peças de alumínio são cortadas e modeladas à mão pelo meu pai. Eu apenas mostro como deve ser feito, usando referências fotográficas dos modelos originais dos 550 e ele faz as peças a mão — tanto corte, quanto aberturas e dobras nas chapas. É uma espécie de terapia para ele, que é ex-piloto, sempre teve oficina e hoje tem 71 anos. Fazemos tudo na garagem de casa, que parece mais uma oficina particular.
Para fixar as chapas estamos usando rebites — exatamente como se fazia nos anos 1950. Já foram mais de 2.000 rebites de vários tamanhos e medidas.
Nos últimos meses meu projeto andou meio devagar por dois motivos: pela alta do tal dólar e pela burocracia dos Correios e da Receita Federal, que estão taxando tudo que compramos no exterior. A última atualização foi a compra da alavanca do freio de mão, uma peça única feita à mão.
Comprei ela há quatro meses de um senhor que a fabrica apenas por encomenda. Ele demorou cerca de um mês para fabricar e enviar a peça. Foi aí que começou minha novela com os Correios.
Foram cerca de dois meses para chegar. Teria sido mais fácil ir de bicicleta buscar na casa do cara, na Califórnia (EUA). Fiquei todo o tempo acompanhando a remessa pelo site dos Correios e depois de tanta espera veio a grande notícia: a peça foi tributada pela Receita em R$ 500,00. Ou seja além de pagar uma bela fortuna pela peça, ainda tive que pagar mais R$ 500,00 para retirá-la. Não tive escolha: ou pagava, ou ficava sem ela. Paguei com dor no coração, pois sei que este dinheiro não vai para boas mãos.
A moral da historia é: se você quer fazer um carro com peças de qualidade você tem que ter muita paciência e também uma boa grana de reserva para quando comprar peças no exterior, pois o governo vai dar sua mordida, infelizmente.
E por isso meu 550 está sendo montado com muito suor, tanto financeiro quanto físico. Mas um dia vai ficar da forma que sempre quis. Então, para finalizar deixo umas fotos da alavanca já instalada no meu 550. Espero que gostem. Abraços e até a próxima!
Por Ricardo Landi, Project Cars #133