Olá a todos novamente. Meu nome é Leandro Amorim Corrêa, e inicio este post dizendo que é uma enorme satisfação ter dois Project Cars escolhidos pelo FlatOut!
Como já realizei minha apresentação neste post dando algum incentivo para novos gearheads que sonham com seus projetos, irei dedicar este aqui para descrever fatores que moldaram meu perfil gearhead de hoje.
Acredito que como a maioria, eu também tive “minha parcela genética” de óleo misturado ao sangue. Pelo fato de estar sempre em contato com os carros da familia, seja realizando viajens, seja assistindo meu avô ou a minha mãe fazendo a manutenção deles.
Esta herança, na minha opinião, insere a pessoa neste mundo de forma genérica porém são outros fatores externos que definem o seu perfil e a sua preferência pelos diferentes estilos de carros que existem. Nossa cultura automotiva é tão fascinante em decorrência deste fator, e por isso o fato de você ter o carro mais caro, mais potente ou mais sofisiticado possível, não é mais importante do que você ter o carro que mais se encaixe no seu perfil.
O prazer está nos detalhes! Acredite, você pode ser colocado diante de dois veículos aparentemente identicos, com pequenos detalhes diferentes entre eles e dizer que ama um e que odeia o outro.
A Definição do Perfil
O primeiro carro que eu gostei de verdade foi o Eclipse, porém não foi o único. Na época (e talvez ainda hoje) ele tinha um design arrasador e que chamava atenção por onde passava. Porém o tempo passa e você vai começando a ter uma relação mais visceral com as máquinas e também é submetido a novas fontes de informação e a influências, e descobre do que gosta e do que não gosta. Quem nunca disse que não gostava de determinado tipo de carro e mudou de ideia logo após fazer um test drive?
Uma dessas influencias para mim, foi o fato de eu também gostar muito de desenho animado, especialmente aqueles de corrida, como a corrida maluca e speed racer, com o advento da internet e a possibilidade de baixar conteúdo pelo MIRC já no final do milênio, as coisas começaram a ficar mais sérias nesse sentido, já da pra imaginar onde tudo isso vai chegar né?
Initial D:
O anime teve forte impacto no meu perfil de gearhead, pois ele demonstra além das técnicas de direção fantásticas do DRIFT demonstra também como é a vida pessoal de uma boa parcela dos gearheads. Com certeza, quem não assistiu e for assistir vai se identificar com diversas passagens na história desse anime. Destaco ainda a trilha sonora do anime que, na minha opinião é fantástica e combina perfeitamente com o tema automotivo!
Wangam Midnight:
Tal anime é mais recente que o Initial D (anime, não mangá) e foca mais o lado da preparação. Também contribuiu para meu perfil gearhead, pois mais tarde definiu o que eu curto na preparação de um carro. Também trouxe à tona modelos de carros europeus e outros carros mais exóticos, como esse magnífico Porsche 911 do video e uma Ferrari Testarrossa que aparece em um dos episódios.
Viagens
Não como viajar com seus amigos
Além das tradicionais viagens todos os finais de semana durante cinco anos (cerca de 400 km de ida e volta), adquiri um gosto por dirigir, acredito que na minha faixa de idade, pelo menos entre meus amigos, eu tenho uma “alta quilometragem”. Já fiz outras viagens longas, no Brasil e fora dele também, como nos EUA, França, Espanha, e sempre no volante. Com o tempo percebi que o ato de dirigir é prazeroso, seja noite ou dia. E foi numa dessas viagens que cheguei ao primeiro contato mais íntimo com um BMW.
Uma Viagem para a Alemanha
A terra do chucrute é também o lar de magníficas máquinas, que por sua vez ostentam uma engenharia desenvolvida por um povo dedicado e trabalhador. Há razões óbvias pelo qual os carros Alemães rapidamente se tornaram o foco das minhas atenções.
O ano era 2011, por volta do mês de setembro, eu estava realizando a Viagem de Instrução de Guardas-Marinha pela corporação e nosso navio parou no porto de Hamburgo. Como de costume, era minha responsabilidade reservar o carro na locadora como fizemos em outras viagens. Apesar de na Europa existir uma excelente malha ferroviária, consideramos o aluguel de um carro uma experiência igualmente interessante pois isso nos permitiria fazer paradas curtas em diversos povoados pelo caminho e conhecer a vida local.
Então eu simplesmente abri o computador dias antes de chegar no porto e fui efetuar a reserva. Só que eu me lembrei da existência das autobahnen…
O que eu desejava fazer para me divertir na Alemanha
Portanto, para mim, não bastava simplesmente alugar um carro — eu queria alugar algum carro capaz de imprimir uma velocidade bem alta, a máxima possivel dentre as opções da locadora. Como nessa época eu ainda tinha o costume (ruim e repreensível) de acelerar que nem um louco com meu recém adquirido Eclipse, no qual comumente passava dos 200km/h, eu decidi ir além disso e quem sabe colocar 300km/h. Por que não? Numa autobahn seria fácil.
Procurei, procurei e encontrei: BMW 335i geração E90 a um preço aceitável de aluguel, considerando uma divisão por quatro pessoas. São 306 cv, velocidade máxima de 250km/h, quatro ocupantes com conforto. Até ai tudo bem…
… porém, logicamente meus amigos não concordaram com a escolha, pois o preço era quase duas vezes superior ao aluguel do carro básico disponivel na loja, um Ford Focus hatch 2.0.
Meus amigos não queriam pagar, mas eu me dispus a compensar a diferença se eles concordassem. Além disso, eles se recusaram a andar no carro comigo nessa velocidade por medo de algum acidente, então eu teria que arrumar tempo para fazer isso sozinho. Tranquilo, eu arrumaria esse tempo.
Dias depois ao chegar no porto com o papel impresso da reserva nas mãos veio a frustração: era necessário ter, no mínimo, 25 anos de idade e cinco anos de habilitação para alugar BMW ou Mercedes, e na época eu tinha 24 anos…
Um de meus amigos tinha os pré requisitos, mas ele não tinha carro e não pegava no volante desde que encerrou os testes da auto escola. Ainda tentei convencê-lo a fazer um esquema, alegando que ele seria o motorista só para pegarmos carro e depois eu assumiria o volante, mas a possibilidade de arranjarmos encrenca por uma infração desse tipo era um fator desestimulante.
No fim, fiquei a pé, para a comemoração de alguns, e para minha frustração: no pais das autobahnen, nós andamos de trem! Ao menos recuperei meu bom humor visitando o museu da BMW em Munique.
A compra do M3
Depois desse primeiro contato com a BMW em sua melhor forma, passei a pesquisar sobre os diferentes modelos e séries de carros produzidos, defini que a série mais adequada ao meu perfil seria a Série 3, no caso dos mais antigos (hoje provavelmente Série 1 ou 2). Já em 2012, novamente, estava eu a procura de carros em classificados eletrônicos.
Definitivamente, os E36 me chamavam mais atenção e eu estava decidido a comprar um 318ti ou 323ti, primeiramente por terem duas portas e pela possibilidade de ser um “daily driver” no lugar do meu Santana.
Nesta época meu Eclipse estava em São Paulo, na Oficina Tecnobox fazendo alguns upgrades. Portanto uni o útil ao agradável e combinei com alguns donos de E36 Compact uma visita, porém meu coração falou mais alto e também combinei com um proprietario de M3 E36, a única a venda em São Paulo, e uma das três a venda naquele momento.
Dessa vez ao fazer o test drive, após o compromisso na Tecnobox, posso lhes dizer que fiquei totalmente apaixonado pelo carro. Gostei tanto dele (apesar de alguns detalhes que mereciam uma atenção mais urgente) que ignorei completamente os outros carros que eu tinha combinado de ver. Liguei para os outros proprietários e disse a eles que eu havia desistido da compra… pois eu iria voltar de M3 pra casa!
Uma paixão amadurecida
O que me deixou apaixonado pelo M3, foi sem dúvida a qualidade da construção deste veículo. Eu já tinha ideia de que BMW seria uma marca de luxo e qualidade, porém olhando de perto e sentindo o material de que o carro é feito dá para se notar que ele praticamente transpira: qualidade, tecnologia e robustez
Já ao dirigir o veiculo, você nota rapidamente que ele foi concebido praticamente com uma finalidade: prazer ao dirigir
A conclusão que eu tirei foi a seguinte: se existe paixão por um carro, minha paixão pelo Eclipse é uma “paixão de adolescente” pois logo de cara você se apaixona pelo visual. Já a paixão que eu tenho pelo M3 é uma paixão de “meia idade” é uma paixão de gente madura, que vai ficando mais intensa à medida em que você se envolve cada vez mais.
E é muito facil de se perceber isso. Quando eu saio na rua de Eclipse as pessoas logo olham para o carro e ficam admiradas com o visual. Porém com o M3 sou capaz de passar na rua despercebido pela maioria das pessoas, mas ele chama a atenção daquelas pessoas que adimiram máquinas bem concebidas pela capacidade de construção e qualidade do carro.
Não considerem isso um exagero, por favor! Mas para saber o que é um M3 é preciso sentar-se no banco do motorista, sentir o volante em suas mãos, sentir o cheiro afrodisíaco do couro que reveste seu interior, ouvir o barulho metálico de seu motor seis-em-linha passando das 5.000 rpm e pedindo mais e mais.
Características do meu carro
Existem diversas variações do M3 para a geração E36, a minha é a mais simples. Trata-se de um modelo americano com motor S50B30 de 240 cv, equipado com rodas M Double Spoke II e câmbio manual de cinco marchas da ZF.
Comprei o carro com alguns problemas estéticos, como borrachas de vidro bastante ressecadas, para-choque dianteiro um pouco desalinhado (apesar do dono anterior me garantir que o carro não sofreu nenhum tipo de colisão, coisa comum nos BMW), tampa do porta luvas com problema na tranca, e duas rodas precisavam de usinagem para ficar perfeita. Os pneus também estavam um pouco gastos, principalmente os pneus traseiros.
Porém o problema mais grave ocorreu tempos depois de eu comprar o carro. tratava-se de um incômodo e perigoso problema de marcha lenta irregular. O giro do motor travava em 5.000rpm com o carro parado!
Felizmente isso foi fácil de resolver e é um problema relativamente comum e simples de resolver: a mola do corpo da borboleta perde a pressão. Trocados esses componentes, foi só alegria.
A preparação
Como já tenho o Eclipse para buscar números altos de potência, para o M3 eu desejo um conjunto mais equilibrado e confiável, algo que possa encarar uma rotina mais próxima de um daily driver e que seja confortável o suficiente para ir ao trabalho pela manhã, e depois me divertir acelerando em alguma estradinha após o trabalho ao voltar para casa à noite… antes passar no mercado para fazer compras.
Além disso eu quero deixar o carro com um número de potência semelhantes aos de um BMW atual: algo em torno dos 450 a 500 cv.
Para tal, primeiramente preciso fazer uma revisão geral na mecânica do carro e trocar todos os componentes que sofreram desgaste depois de todos esses anos. Em seguida terei que encontrar um câmbio que suporte o torque — que será elevado — e só depois pensar em um supercharger. Externamente não quero mudar nada nesse carro.
Já dentro do cofre do motor. Quero algo que se aproxime disso
Agora, me despeço novamente, esperando que meu post tenha deixados os senhores suficientemente curiosos pelo que está por vir! Até a próxima!
Por Leandro Amorim Corrêa, Project Cars #138