E aí, galera do Flatout! Meu nome é Denis Garcia Schiavon, sou de Londrina (PR), tenho 20 anos e atualmente curso Administração de Empresas. Assim como a maioria do pessoal aqui, sempre fui ligado ao universo automobilístico, desde criança amava carros, mas minha paixão maior sempre foi motos. Mentira! Pra dizer a verdade eu tinha até uma rixa com o mundo das duas rodas.
Meu gosto pela coisa começou quando meu irmão comprou uma Kasinski Comet GT-250R e a trouxe para casa. Até hoje me lembro daquela moto e aquele vermelho lindo. O tempo passou um pouco, e meu irmão se casou e passou esta moto pro meu pai, que ficou com ela certo tempo, até colocá-la à venda.
Sabe aquele momento em que você faz uma pergunta, sabendo da resposta negativa? Perguntei ao meu pai se ele aceitaria se eu o pagasse em “suaves prestações” para ficar com a moto, a resposta no momento foi “não”. Apenas “não”. Ok, então.
Àquela altura já estava pensando em como poderia arrumar dinheiro para conseguir pegar uma moto pra mim, até que um belo dia ele me vê dando aquele trato na moto e me diz: “Esta moto agora é sua, para você ir com ela na faculdade”. A surpresa foi tanta que na hora mal tinha palavras pra agradecer, me senti como uma criança.
Curti muito esta moto com o meu pai, que já havia pegado uma Kawasaki Z750. Viajar com ele é sempre muito bom, mas depois de um ano já sentia cada vez mais a diferença de potência entre as duas motos e isso era algo que incomodava muito. “Preciso de uma moto mais potente” pensei. Fiquei à procura de vários tipos de moto para fazer negócio, até que deparei com isto:
Uma Honda CBR 600F ano 1998. Este modelo, nomeado F3, foi a última das CBR com quadro em aço, e o modelo 1998 recebeu várias atualizações apesar de já ser a mais dominante das motos de média cilindrada da época. Dentre estas atualizações está o Direct Air Induction (DAI) que tem o mesmo princípio de funcionamento do sistema SRAD, e RAM AIR, um duto na frente da moto que faz com que se puxe mais ar para dentro do motor.
O motor é o mesmo da Honda CB600 Hornet (até a chegada do modelo injetado), porém com um comando de válvulas mais agressivo. Trata-se de um quatro-cilindros DOHC com 105 cv a 12.000 rpm e torque de 66 Nm a 10.500 rpm — números bons até mesmo para os dias de hoje se levarmos em conta que não é uma moto com pretensão racer.
Com 186kg a seco a moto manobra muito bem, claro que não é um primor de leveza, mas é um peso aceitável se levar em consideração o quadro em aço.
Os freios de pistões duplos na dianteira com discos de 296 mm e pistão simples com disco de 220mm na traseira conseguem dar conta do recado, a suspensão é ajustável tanto a dianteira quanto a traseira, o que garante uma versatilidade quanto ao propósito de se pilotar — eu mesmo tenho uma regulagem “gravada” para quando quero apenas passear na cidade ou pegar uma estrada.
No começo, vendo ela, me veio mil coisas à cabeça, (infelizmente não tirei fotos dela quando a peguei, estava bem detonada, fico devendo essa) pensei que se a pegasse iria fazer uma streetfighter, ou então colocar outra carenagem. E a cabeça sempre viajava.
“Está louco, uma moto velha dessa? Só vai te dar dor de cabeça” todos me diziam, e minha resposta era sempre “Que nada, qualquer coisa que precisar é fácil, 80% das peças são da Hornet, mercado tem de monte!
Sabe de nada inocente…
As panes elétricas e problemas na linha de combustível começaram, e eu me toquei que eu realmente tinha comprado algo que iria dar trabalho, mas qual seria a graça se não desse? Aproveitei para fazer tudo que deveria ser feito, de suspensão (e como me deu trabalho!), motor, parte elétrica e até estética.
Ganhei de aniversário um kit de ferramentas da Mahle bem completo, e foi o suficiente para poder continuar com meu projeto. Eu poderia tê-la internada em um mecânico, mas como sempre dizem, se você quer algo bem feito, faça você mesmo, e assim foi começando a trabalheira.
Decidi mantê-la do jeito que a encontrei, apenas com algumas modificações a meu gosto, e na parte de performance apenas o “kit básico” (velas e filtro). O escape não irei trocar pois mesmo não sendo o original, tem um ronco espetacular.
Por enquanto é isso, pessoal. Na próxima parte irei contar detalhes sobre tudo o que tive que fazer nela. E a propósito, não desistam de seus carangos e motocas, mesmo que eles causem dor de cabeça de vez em quando. Depois de senti-la rodando, vi que tudo valeu a pena. O sentimento pelas máquinas e o companheirismo que temos com elas é algo que talvez nunca vamos explicar.
Por Denis Schiavon, Project Cars #143