Olá, FlatOuters! Hoje irei compartilhei com vocês a terceira parte desta incrível jornada que envolve o meu entusiasmo pelo VW SP2. Para quem está chegando agora, basta clicar aqui para conhecer o início desta história, vale a pena!
Então vamos começar 2016 com muita positividade e muita gasolina para queimar, bora?
Caros leitores, vocês não têm ideia da importância motivacional dos feedbacks que vocês escrevem nos comentários… Mais uma vez agradeço a todos pelas palavras de carinho e os incentivos deixados na área dos comentários, espero que nessa postagem não seja diferente, tentei caprichar nesse texto. Desejo uma boa leitura para todos!
Inicialmente, gostaria de esclarecer que essa postagem é voltada principalmente ao processo de restauração do Robert (VW SP2 1974). Fiz isso para que o texto não ficasse muito longo, mas já tranquilizo a todos informando que o Dionísio (VW SP2 1975) voltará nas próximas postagens.
1º passo: conhecer o carro e a escolha do projeto a ser realizado
Como já mencionei no post 2, eu tive a oportunidade de conhecer o Robert antes de adquiri-lo, inclusive testando-o na estrada. Mesmo assim, antes de iniciar qualquer projeto, é fundamental conhecer realmente o carro para se ter uma ideia do trabalho a ser realizado.
Por sorte, o Robert apresentava uma estrutura excelente, com poucos pontos de ferrugem (concentrados principalmente na região das caixas de ar, algo super comum em carros antigos…).
Ao ter aquela conversa tridimensional com o Robert (Sim! Meus carros são serem animados, simpáticos e tagarelas!), percebi que o melhor projeto que atenderia a nós dois seria de uma restauração original. Contudo, o Robert também implorava por um apelo único, ele queria se diferenciar e se destacar nas festas de gala em que estivesse presente.
A realização de qualquer tipo de restauração ao padrão original possui uma louvável justificativa, pois ali não está acontecendo somente a recuperação de um veículo, mas sim o resgate de um todo histórico dentro do automobilismo. Então, esse é um dos meus compromissos!
Vejam o VW SP2 recebendo o devido tratamento no galpão da Karmann Guia.
Por outro lado, o carro necessitava de itens exclusivos para diferenciá-lo dos demais. O grande problema estava em determinar o que fazer sem criar qualquer conflito com a originalidade. É justamente nesse ponto que estava o principal desafio de estudo e de pesquisa do carro.
Logo, o projeto do Robert necessitaria de muita investigação histórica e a escolha cirúrgica de profissionais especializados para realizar o projeto com a qualidade pretendida.
2º passo: a escolha dos profissionais para a funilaria e a pintura
Apesar do Dionísio e do Robert serem o mesmo modelo, são dois carros completamente diferentes em TUDO!! Logo, sempre tive em mente que o tipo de trabalho e objetivo final de cada um seria por meio de trajetos e adversidades distintas.
O trabalho a ser executado no Robert merecia a escolha de um funileiro especialista em detalhes, retoques e na utilização de estanho… Diferentemente no Dionísio que carecia de um funileiro apto no desenvolvimento de peças de latas artesanais, considerando a necessidade da substituição quase que integral de sua carroceria.
Especificadamente ao Robert, após uma longa e minuciosa pesquisa, para a funilaria, a pintura e a montagem do Robert a oficina eleita foi a AutoPadrão que fica localizada na cidade de Franca/SP…
O motivo da escolha foi, além de buscar e conhecer trabalhos anteriores, saber que o carro estaria entregue em boas mãos, pois os sócios Magal (funileiro) e Valdemi (pintor) trabalharam na década de 80 na “Souza Ramos” revelando a devida competência e experiência para meu projeto.
Depois de aprender da maneira mais dolorosa possível a importância de se acompanhar de perto uma restauração (conforme relatei no post 2). Encontrar uma oficina de qualidade na minha cidade natal foi estratégico, pois o acompanhamento do serviço seria bem mais fácil.
Antes de fechar o acordo eu deixei claro que minha presença na oficina seria constante e que o meu objetivo era fazer um acompanhamento pari passu para evitar qualquer tipo de aborrecimento no desenvolvimento do projeto. E mais, eu conseguiria a devida segurança de que tudo seria desenvolvido conforme o meu interesse.
Após a apresentação detalhada de todo o projeto, formalizamos o contrato, algo importantíssimo e que nunca deve ser esquecido, pois a época da “palavra firmada no fio do bigode” já passou! Ficou acordado o prazo de 15 meses para eu ver o Robert “novo”, da mesma maneira que saiu da fábrica.
3º passo: desmontando o carro
Dando início a restauração, o primeiro passo foi desmontar o veículo… Começando pelas peças internas. Esse trabalho deve ser feito de maneira bem cuidadosa para não estragar nada. Para facilitar a montagem eu recomendo que tirem diversas fotos de como estava anteriormente e separem as peças em saquinhos (com identificação) de cada item desmontado.
Após a retirada das peças, é o momento de desmontar a lataria do carro, retirando o chassi, as portas, tampas da mala e do motor e tudo mais… A carcaça precisa ficar “limpa” para o início da funilaria.
4º passo: lixamento do carro
Com o carro “pelado”, inicia-se uma importante etapa da restauração, o lixamento do veículo. Nesta fase deve ser retirado todo o material do carro deixando-o na lata pura.
Esse processo é importantíssimo, pois ele permite avaliar a dimensão real de todos os problemas estruturais e de lataria do carro.
Após lixar o Robert e realizar uma avaliação precisa do serviço a ser realizado, ficamos felizes e tranquilos, pois os problemas não se mostraram maiores do que imaginávamos e ainda por cima percebemos que o carro estava com o assoalho original em excelente estado (uhuuu!)…
Um ponto relevante que deve ser lembrado é sobre a preservação da lata, pois após o lixamento ela fica totalmente exposta as reações decorrentes do contato do metal com o ar úmido… Considerando que o processo de restauração leva alguns meses, para não sofrer oxidação (ferrugem), deve-se tomar algumas providências para proteger a carroceria nua. No caso do Robert foi utilizado o wash-primer como medida de vedação e proteção dos intempéries do clima. Vejam o resultado nesse vídeo:
Na execução de cada serviço a peça a ser trabalhada era limpada (retirando o wash-primer) antes de começar o processo de reparação e ao final pintada novamente, tudo isso justificado na necessidade de sua preservação e integralidade.
Esse cuidado ao longo da restauração do Robert foi um dos compromissos fielmente cumprido pelos restauradores demonstrando a qualidade do serviço realizado.
5º passo: recuperação da lataria
Finalmente, após o lixamento, foi possível dar início à restauração da lataria do carro. Esse processo foi realizado por partes e de maneira cuidadosa para evitar problemas futuros.
Na parte traseira do Robert não existiam muitos problemas, mesmo assim, todos os pontos de corrosão e imperfeições na lataria foram corrigidos. Inclusive na tampa traseira, permitindo o perfeito alinhamento das peças.
Uma coisa extremamente desagradável no VW SP2 é um erro de engenharia que permite o acúmulo de água próximo da entrada de ar traseira. Isso causa a corrosão do paralama traseiro do carro.
Esse problema acontece em todos os VW SP2 que eu conheço e o Robert não era diferente. A solução foi realizar uma bela cirurgia no carro, com a troca do pedaço de lata afetado por outro novo.
Foi nessa etapa da restauração que eu pude confirmar a escolha certeira do funileiro, pois além de “corrigir” a curvatura da lata interna, o acabamento da solda foi todo realizado com estanho.
Na atualidade é muito difícil encontrar um especialista que trabalho com estanho, pois ele é mais difícil de moldar, muito mais caro e causa maior lentidão ao trabalho. Contudo, é o material a ser utilizado!
Sabem aquelas bolhas que surgem após uma restauração mal feita? Então, elas são causadas por soldas sem capricho e o uso em excesso de massa de poliéster.
No caso do Robert, o tratamento da lataria foi correto, como vocês podem acompanhar nas fotos a seguir do lado direito.
E do lado esquerdo também… Inclusive na parte interna das caixas de roda de ambos os lados!
Uma parte do carro que exigia grande atenção eram as caixas de ar externas. Elas não estavam legais e ambas as peças precisavam ser inteiramente trocadas.
Um ponto positivo nessa etapa é que a empresa Estribex (localizada na região da Barra Funda em São Paulo) fornece essa peça em chapa nova (em material melhor e mais resistente do que a original). Mesmo assim, isso não diminuiu a complexidade do trabalho de restauração na hora de retirar as peças antigas; bem como na limpeza e proteção da parte interna e soldagem da peça nova (novamente utilizando estanho para dar o devido acabamento).
O resultado final ficou muito bom dos dois lados:
Outro local no carro afetado pela corrosão foi a área do “facão”. Assim sendo, essa parte do veículo também foi objeto de recuperação.
O lado do passageiro estava um pouquinho pior, mas o serviço de reparou foi de grande excelência, vejam:
As portas também precisaram de uma atenção especial, exigindo a troca da parte inferior da lataria externa. A porta do motorista ficou assim:
O mesmo processo foi repetido do lado do passageiro:
As peças novas foram feitas de maneira artesanal e ficavam perfeitas. Ainda sobre as portas, a corrosão afetou além da parte inferior da lataria externa e estragou parte da estrutura de baixo, demonstrando a necessidade de troca destas peças também.
Passando para a frente do carro, percebemos que o Robert sofreu uma pequena batida do lado do motorista, mas o serviço feito na época foi de ótima qualidade, não atrapalhando o andamento da restauração…
Na foto que coloquei no início da postagem sobre a fábrica da Karmann Guia e possível ver a utilização de estanho na carroceria de fábrica… Oras, aqui não seria diferente!
O uso correto do estanho permitiu o alinhamento perfeito das peças da frente do Robert. Logo, caprichosamente, foi feito os devidos reparos nos aros de farol do carro, conforme pode-se perceber o reparo no lado do motorista
Ao chegar no teto um grande alívio! O teto do carro não apresentou grande problemas, sendo relativamente fácil o processo de restauração (ganhando um pouco de tempo no calendário da restauração).
Outro ponto positivo para ao funileiro escolhido para o projeto era o cuidado e precisão no alinhamento da lataria (mais uma vez demonstrando preocupação em não utilizar massa poliéster de maneira indevida no carro) para meu alívio e segurança!
Nesse vídeo o mestre Magal explica um pouquinho de como deve ser realizado o alinhamento da lataria:
Registro eterno do FlatOut
Eu me sinto muito honrado pela oportunidade de poder compartilhar um pouco da minha paixão nesse importante canal automobilístico. Logo, eu não poderia deixar o “FlatOut” fora do registro oficial desta história.
Então tive a ideia de criar um “selo” do meu Project e deixá-lo a vista ao longo de todo o processo de restauração. Com isso, a participação no ProjectCars ficará registrada para sempre no acervo fotográfico da restauração dos meus carros. Já pensaram que legal eu explicando para meus netinhos (daqui algumas décadas!) o porquê desta marca no carro?
Mas e como o Robert vai se tornar um carro único? Isso será matéria da próxima postagem! Um grande abraço para todos e até breve!
Por Fred Martos, Project Cars #151