Fala, galera! Depois de contar minha história e como foi a compra do meu GTI, aqui vai a segunda parte desta saga, que envolve o reparo do motor e a pintura completa da carroceria.
Depois de desmontar o interior era hora de partir para a mecânica, resolver os “probleminhas”. No princípio seria apenas uma revisão geral (óleo, filtros, mangueiras, correias e até a troca da turbina), pois quando comprei o carro o proprietério anterior me informou que o motor, embreagem eram novos e chegou a me entregar uma nota onde constava todo o serviço, e me informou que o carro estava fumando pela turbina por ainda ser original do carro.
Então começamos o processo da troca: retiramos a turbina antiga, limpamos o cofre, trocamos correias e acertamos uns detalhes que estavam me incomodando (plugues quebrados, gambiarras etc…). Depois de umas três semanas resolvendo esses detalhes, foi a hora de ligar o carro e ….
Decepcionante.
Depois disso, fui obrigado a abrir o motor e verificar o que estava errado, retiramos o cabeçote, e visualmente não tínhamos como descobrir o que estava errado. Porém tinha muito óleo na câmara dos cilindros 1 e 2, causando a fumaça. Depois de checar com a retifica conseguimos um parecer: o pistão do cilindro 1 tinha ovalizado por motivos desconhecidos, provavelmente por superaquecimento, e estava deixando escapar óleo para cima do pistão, chegando a trincar a junta, que é de alumínio, contaminando a câmara do cilindro 2.
Retiramos o cabeçote e mandamos verificar tudo, como tinha sido feito há pouco tempo, só revisamos, troquei as vedações de válvulas, guias, e foi feito um trabalho de solda nas galerias de agua, como o carro só usava agua no radiador, estava começando a ter corrosão).
Voltando ao bloco, retiramos os pistões e constatamos que eles eram originais de fabrica, embora uma das notas de manutenção do antigo dono constasse um novo jogo de pistões. Provavelmente o antigo mecânico não trocou, e ainda cobrou a troca do cara. Bielas ainda originais, sem nenhum sinal de fadiga do metal, bronzinas eram originais e não estavam riscadas, virabrequim standard.
Aí começou a caça às peças. Mandei o bloco para a retífica, comprei um jogo de pistões com medidas 0.50, fiz apenas o polimento do virabrequim, pois não estava ovalizado nem riscado, comprei um jogo de bronzinas novas, e mantive as bielas originais.
Enquanto o motor era montado, o carro foi pra funilaria, que ficava no mesmo espaço. Até o momento do desmonte estava decidido que o carro seria prata, devido ao trabalho de se trocar a cor de um carro. Mas como o motor tinha sido sacado, olhei para ele e não pensei duas vezes. “Vou mudar a cor”.
Enquanto o pessoal tirava as imperfeições da carroceria, fui pesquisar cores. Olhei diversos sites e cores da linha VW. Queria uma cor que não fugisse do catálogo original Volkswagen. Depois de mais ou menos um mês, tive a certeza do que seria a cor Deep Blue Pearl, oriunda dos R32.
A cor é linda — e pessoalmente mais ainda. É perolizada e metálica, e usa azul, prata e roxo em sua composição. Consegui o código da tinta e fui atrás da empresa que iria fornecê-la. Depois de uma série de ligações, não consegui nada, absolutamente nada! Cinco casas de tintas renomadas da região nunca ouviram falar nessa cor e muito menos no código.
Depois de duas semanas encontrei uma empresa que forneceu a cor. Pedi uma amostra “por sorte”, e infelizmente a tinta não tinha nada a ver com azul — veio uma cor roxa, puxado para bordô, lembrava muito o vermelho Colorado dos GTS. Depois de quase perder as esperanças, lembrei de uma pequena empresa de tinta automotivas aqui na região, era uma filial da PPG, e lá fui eu, procurando uma tinta da VW que não existia no Brasil. Mas vejam só, que surpresa: o rapaz que me atendeu falou “tenho a tinta sim”. Então pedi uma amostra meio que já sem esperanças, e por sorte ncontrei a bendita cor da VW Deep Blue Pearl.
Depois de aprovar a amostra pintando uma peça metálica, solicitei a tinta e corri para a funilaria. Deixei as tintas lá e parti atrás de detalhes do carro, faltando muita coisa de interior.
Virei do avesso alguns ferros-velhos da região (pra não dizer todos) e, como previa, 90% dos Golf que encontrei já não tinham mais o interior. Quando tinha não prestava, e quando achava algo interessante, o cara pedia uma pequena fortuna.
Alguma coisa eu teria que achar. Mais algumas semanas na busca, achei dois Golf duas portas zero-km. Isso mesmo: novos, zero-km. Quando a VW produzia esses carros para exportação, alguns tiveram duplicidade de chassis, e não poderiam rodar, então foram leiloados para desmanches e afins. Esses eram dois deles — um champanhe, e um preto. Comprei uma parte do chicote da tampa traseira que cortaram do meu carro, e o emblema traseiro original.
Logo depois consegui comprar mais algumas peças, acabamentos do interior, tampão e forrações do porta-malas, consoles centrais, e acabamentos do painel.
Enquanto estava nesse vai-e-vem de peças, o motor estava sendo montado com bombas de água e óleo novas, originais. Tambémsubstituímos vários canos e mangueiras d’água, que ainda eram originais, além do cárter e muitos outros componentes.
E o carro estava na estufa recebendo as primeiras demãos de tinta.
O carro foi pintado por inteiro, cofre do motor, porta malas, entradas de portas etc. Depois disso tudo, começamos a montar o carro. Enquanto o motor estava aguardando para o “casamento” com o câmbio instalamos chicote, portas, para-choques, e o que fosse necessário antes de instalar o motor para não precisar desmontar mais nada. Depois de umas seis horas de trabalho ele já estava assim começando a ser lixado para o polimento:
Foram passadas 10 camadas de tinta e três de verniz, por isso a tinta estava bem grossa e precisava dar uma quebrada. Após o carro ser lixado completamente chegou a hora de encaixar o motor nele novamente, em três pessoas foram mais ou menos duas horas de serviço e aí está: o 1.8 Turbo no lugar que nasceu pra ficar.
Depois de ficar alguns meses desmontado, chegou a hora de voltar para casa, por pouco tempo, pois ainda precisava montar o interior completo, assim que liberou espaço no estofador eu o levei para terminar a montagem.
O resto contarei no próximo post, até mais!
Por Rafael Nazário, Project Cars #201