Estamos de volta com a história do meu Chevette Hatch com projeto voltado para as pistas. No último post falei sobre a instalação dos fender flares, banco concha, cinto de quatro pontos e a instalação da tow bar no carro para facilitar a ida e vinda para as pistas. Retornei a arrancada e track day e finalizei contando o problema que tive no motor do carro e a retirada do mesmo.
Pois é, muita gente deu vários palpites e a maioria deles acertou. Eu já tinha dois motores 2.0 8v Familia 2 (121cv) guardados para colocar no futuro. Além disso, também possuia uma IE Programável, Pandoo Pro Inject, e o que me faltava para colocar tudo no cofre após essa quebra? Pois é, amigos… foi o mesmo que oferecer doce a criança! O projeto era para ser feito num futuro, mas aproveitei a quebra e a retirada do motor original para colocar o 2.0 e fazer algumas modificações.
Desmontei os dois motores para aproveitar as melhores peças de cada e deixar algumas coisas de reserva para alguma possível substituição no futuro. Mandei o cabeçote para a limpeza na retífica (sem cortes) e troca de retentores, assim como limpeza do virabrequim. O bloco era standard e parti para o corte em 0,50 e pistões novos de Kadett a álcool, o que me trouxe uma taxa de 12,5:1 e bielas originais.
Bomba de óleo nova, bomba d’água nova, correias, além de uma bela limpeza no coletor de admissão que estava muito sujo. Todo o serviço foi feito com minha supervisão diária, já que o mecânico trabalha para a loja da família, então tenho total liberdade de fazer do jeito que eu quero. Motor de partida coloquei de um Vectra 2012, assim como o alternador, já que os que vinheram no motor estavam bem acabadinhos.
Com relação as bases do motor, conversei com Joemil Nene, que já realizado a adaptação no carro dele, e me recomendou as bases da S10 2.2, consegui encontrar em uma sucata da cidade e levei para adaptar. Não tenho fotos do processo, mas é bem fácil de fazer, apenas alguns cortes e soldas no meio da base para mudar sua angulação e tudo ja se encaixa perfeitamente.
Hora de colocar o motor no lugar, praticamente nas pressas pois ainda teria que montar a injeção, toda a linha de combustível e fazer uma reestreia a menos de um mês numa arrancada que o Garagem 83 estava organizando pela primeira vez fora de Caruaru, e seria justamente no meu Estado, e eu queria estrear lá de qualquer forma.
Tive um problema no carter, pois o mesmo batia na barra de direção, o que resolvi tendo que dar algumas pancadas para que ele parasse de encostar. Com relação ao conjunto de embreagem, utilizei embreagem de chevette com pastilhas de cerâmica que encaixam no platô e volante GM Família II, e a união com a caixa de marcha é possibilitada através da urna de Chevectra que comprei pronta de Joemil, fazendo tudo ser plug and play.
Motor no lugar, agora poderiamos partir para a colocação dos sensores utilizados na injeção programável, instalação da linha de combustível, bomba e toda a elétrica necessária para a injeção controlar tudo isso.
Aqui na cidade não temos preparadoras para fazer esse serviço e apenas algumas pessoas que já possuem conhecimento na área, por meio de pesquisas e por terem em seus carros. Decidi que faria tudo por conta própria e tentaria até o final fazer com que o carro ligasse e deixasse tudo ok. Seria uma realização pessoal fazer tudo no meu carro, e até como forma de economizar. Sabia que teria a ajuda dos amigos pra realizar essa empreitada. Mãos a obra!
Fios, fios e mais fios. A paciência muitas vezes acabou, as piadas e brincadeiras dos amigos me tiraram um sorriso, mas sabia que todo o trabalho seria gratificante quando aquele motor desse a primeira partida. Foi assim durante duas semanas, no pouco tempo que tinhamos para montar o carro e sabendo que faltava uma semana para a arrancada. Tive problemas com o Pandoo PowerSpark 2ch, que utilizei com bobina de Vectra, e onde a instalação estava toda correta e mesmo assim perdi três bobinas do carro. No fim das contas, o PowerSpark veio da Pandoo queimado, e solucionei o problema utilizando a bobina Magnetti Marelli dos Corsa modelo B, com ignição interna.
Com relação a linha de combustível, instalei um niple na parte mais baixa do tanque, de onde sairia o combustível para a bomba da Dinâmica Bombas de Mercedes 12 bar, com mangueira de 3/8 até a dosadora que jogava o combustível para a flauta com bicos de Astra Flex (29lbs). Utilizei um filtro cilíndrico da Inflow, assim como o coletor de escapamento que foi utilizado um adaptado, já que o motor fica de forma longitudinal, todo o escapamento era direto, apenas com um abafador no final.
A ventoinha utilizada foi uma universal comprada na Crestana, porém no futuro tive problemas e acabei adaptando a de um New Civic, que ventila muito mais forte e acabou solucionando o problema de arrefecimento. A sonda utilizada foi um LSU 4.9 da Bosch ligada a um condicionador ODG X2, que me traria a informação de mistura estequiométrica direto na tela da Pro Inject.
Motor no lugar e instalação feita nas pressas, linha de combustível conectada. Chegava a hora de fazer aquele carro voltar a vida! E meus amigos, que emoção ver que tudo deu certo. O motor girava certinho, aquele cheiro de alcool tomando conta do ambiente, e mesmo com o acerto basico feito pela injeção a lenta já se mostrava bem acertada, já podendo ver a correção por sonda ativa na tela. Deixei o carro ligado por uns 30 minutos, onde pude verificar o acionamento da ventoinha via IE, assim como todos os sensores em funcionamento pleno e fui para o posto abastecer pela primeira vez.
Pois é, a emoção foi tanta que fui sem capô mesmo! Estava animado, mas sabia que ainda não podia extrair toda a potência do carro, já que ainda precisaria acertar todo o mapa de injeção. A paciência em esperar o momento correto, era fundamental para não danificar nada por pressa. E essa paciência valeu muito a pena. Faltavam quatro dias para a arrancada e tive a ajuda mais uma vez do Joemil Nene (Project Cars – Chevette C20XE) para o acerto do mapa. Fomos para um local seguro e fizemos todo o acerto, já que aqui não disponibilizamos de dinamômetro para tal fim.
Depois de muito trabalho, estresses, brigas e achar várias vezes que não iria dar tempo de finalizar tudo, eu consegui! Não sozinho, mas com a ajuda de inúmeras pessoas que seria até chato colocar apenas o nome de algumas e esquecer de outras. Apenas agradeço a todos que contribuiram pra esse swap dar certo. Mas, ainda não acabamos!
Nessa arrancada tive a oportunidade de correr com os amigos, brincar e me divertir! Também tive alguns problemas, como um pequeno vazamneto na linha de combustível, que logo foi visto e reparado. Além disso, a terceira marcha algumas vezes engrenou, o que me fez perder algumas puxadas, e sabia que só resolveria aquilo quando voltasse a cidade.
Alinhei com o Nene e seu Chevette com C20XE, onde andamos muito próximos e ele até se surpreendeu com o rendimento do meu carro, que ainda tinha mais potência para extrair quando afinasse o mapa. A pista não era muito boa, foi realizada em um campo de pouso na cidade de Guarabira, e tinha muita brita solta, o que fazia vários carros, assim como o meu, destracionar a primeira e segunda marcha inteiras. Mas, para o recomeço estava ótimo e eu não queria saber de tempo dessa vez. Com todos os problemas, fiquei em 7º Lugar e o melhor tempo do dia foi ainda nos treinos onde virei 10,5s mesmo com a pista sem condições de virar tempos bons.
No fim das contas, o que valeu foi a diversão, ver o carro andando, verificar as falhas que apareceram durante o uso, e voltar para casa sabendo em que melhorar!
Acabei trocando a caixa de marcha por uma Clark, melhorando bastante os engates e sabendo que teria uma caixa mais confiável para pista e dia a dia.
Ok, mas e os Track Days? Quando seria o retorno? Pois é amigos, na Parte 4 deste projeto eu vou detalhar pra vocês a volta para os track days no Circuito de Caruaru, a evolução do carro e mais uma série de upgrades feitos no veículo, tanto de performance, como de estética!
Gostaria de agradecer também aos patrocinadores – Rodar Acessórios, Dantas Veículos e CarangosPB, além do apoio da ÓleoExpress.
Fiquem ligados, e confiram 10% do que ainda vem por aí na imagem abaixo.
Por Diego Matias, Project Cars #244