Por Fabiano Silva, Project Cars #248
Salve, povo gearhead! Terminamos o capítulo anterior com a fabricação e montagem da caixa de subwoofer, e com a aparição de um Corrado VR6 verde, lembram? Para matar a curiosidade da turma, vamos falar sobre ele.
Certo dia recebo um email de uma pessoa perguntado se eu teria ou conseguiria peças para Corrado. A conversa foi fluindo e essa pessoa tinha uma oficina de funilaria e um amigo/cliente dele o entregou um Corrado com uma batida na frente e precisaria de capô, para-lamas, para-choque, faróis e mais um punhado de miudezas. Eu disse que não tinha as peças mas que poderia importar para ele, me enviou fotos da batida, eu fiz uma lista de peças, encontrei todas nos EUA e fiz um orçamento.
Passado orçamento das peças, o rapaz me disse que iria conversar com o dono do carro e me daria a resposta. Passaram-se algumas semanas e o rapaz me retorna “na lata” perguntando se eu queria comprar o carro. É o mesmo que perguntar ao macaco se ele quer banana! Ele então me passou o contato do dono do carro e começamos a negociação.
O dono do carro me passou todas as informações que eu precisava. O carro tem apenas 7.500 milhas rodadas, documentação em dia, interior impecável, cheirando a novo. Fora a batida frontal o carro estava impecável! Ele sofreu essa colisão dois anos antes, e desde então ficou guardado em garagem coberta. O dono me garantiu que o motor funcionava e que a colisão não afetou em nada no motor.
Isso aconteceu em meados de dezembro de 2017, e com o fim de ano muito corrido, nossa negociação foi bem lenta e acabou que fechamos o negócio em fevereiro de 2018. Carro embarcado no caminhão, rumo a Belo Horizonte! Quando o recebi, realmente o carro era tão novo como descrito.
omo na semana que recebi o carro eu estava muito atarefado aqui na oficina, praticamente não mexi no carro, não desmontei a frente, nada, a única coisa que fiz foi ( após remover a bomba de combustível e lavar a gosma que se formou da gasolina velha e trocar o óleo) funcionar o motor!! E não é que bateu na chave e pegou de imediato?
Fechei /guardei tudo e deixei o carro no canto , quietinho, enquanto isso, “minhocas” iam passando pela minha cabeça… Ficar com os dois eu não posso, quando comprei esse verde a intenção era consertar e vender, mas confesso que fiquei na tentação de ficar com ele e vender o vermelho. Passado alguns dias, por acaso, veio aqui um amigo ( gearhead também) e quando bateu o olho no Corrado, apaixonou!!! Entrou, cheirou, alisou, lambeu, perguntou toda a historia do carro , etc.. e na hora de ir embora fez a pergunta mágica…. “quer vender ???”…
Isso foi numa sexta feira e no sábado tinha um encontro de antigos e nós nos encontramos lá ( eu fui no Corrado vermelho e ele em um Kadett GSI cabrio), novamente a pergunta mágica.. “quer vender o Corrado verde?”… o cara me aporrinhou o fim de semana inteiro pelo whatsapp !!! Na segunda feira cedo ele aparece na empresa , eu dei preço….. Ele enfiou a mão no bolso e pagou!!! Pô..fiquei frustrado…kkkk ele pagou, porem na condição de que eu fizesse o “sacrifício” de ajuda-lo a conseguir as peças para consertar o Corrado.
Então meus amigos geardeads, o PC#248 do Saga do Corrado G60 vermelho ganha um novo integrante.
Desde as primeiras fotos que recebi da colisão do verde, eu já suspeitava que a aparência estivesse pior do que a realidade, e para comprovar isso, só desmontando… e não é que a minha suspeita se confirmou?
Ou seja, as pontas das longarinas onde vão ancorados o para-choque e travessa inferior do radiador torceram para o lado, mas nada que um ciborgue não volte, para o carro ficar “novo de novo”, teríamos de importar capô, para-lamas direito, mini-frente, para-choque, faróis, grade, lanternas, faróis auxiliares e outras miudezas.
Radiador e evaporador do A/C pode-se fabricar por aqui.. peças miúdas como faróis, grades, lanternas são fáceis, pois são leves e pouco volume, o frete internacional não fica absurdo, mas capô, para-lamas e mini-frente são o problema.
Essas peças, além de serem caras mesmo nos EUA (um capô de VR6 — sim, ele é diferente do capô do G60) dificilmente se encontra por menos de U$300. Mais o frete e mais imposto, ficaria uma paulada! Meu amigo então decidiu tentar recuperar a lataria. Se o resultado não ficar no mínimo muito bom, então importaremos as peças grandes, pois o objetivo dele é que o carro fique excelente!
O carro foi para oficina de funilaria onde já voltou a ter aparência de carro novamente, e antes que alguém questione se ele é VR6 ou G60, ele é VR6, essa grade G60 e faróis são meus reserva, emprestei para o funileiro alinhar a frente enquanto os faróis e grades que importamos não chegam.
Funilaria, creio que a maioria dos gearheads aqui sabem como é… haja paciência, inúmeras idas e vindas a oficina acompanhar e cobrar andamento do serviço, e depois de muitas semanas, o resultado tem se mostrando adentro das possibilidades:
O para-choque dianteiro foi praticamente um “milagre”, assim como os faróis de neblina e as setas, que foram recuperados ficando de razoáveis para ruins, no máximo. Apenas aptos para uso enquanto garimpamos outros em perfeitas condições no exterior. Enquanto isso, chegando os dias dos Pais, minha esposa me presenteia com uma camiseta. Tem como não gostar?
Com a funilaria e pintura do Corrado verde aprontadas, era hora de andar com o carro e verificar todo o funcionamento. Meu amigo Guilherme (que atualmente é o feliz proprietário deste Corrado) ficou usando o carro durante a semana e numa quinta-feira de noite, chovendo, ele me liga falando que o Corrado começou a engasgar, parou na rua e não quer mais funcionar. Perguntas triviais nesse tipo se situação: Tem combustível? Tem. Conferiu fusíveis? Conferi. Colocou a orelha no bocal do tanque para ouvir se a bomba faz barulho? Não faz.
Lá se foi a bomba de combustível. Não tem como resolver na rua, chama o caminhão e manda para a minha casa. Como já estou “vacinado” contra bombas de combustível de Corrado, fiz a mesma adaptação do meu vermelho para usar bomba flex de carro nacional. Então, até aqui, tudo dominado.
No sábado de manhã, terminei a montagem da bomba e fui dar aquele role básico para testar e monitorar a pressão com um manômetro, e qual a melhor maneira de testar? Dando aquela “sapecada” no acelerador. Subida longa, asfalto novinho, estiquei a primeira marcha até a redline, puxei a segunda e… TRACK!!!TRECK!!! TRUNK!!! PLEIN!!
Pé na embreagem, jogo para o canto… segundos de tensão. O motor continua funcionando normal, olho pelo retrovisor e não vejo poça de óleo e nem pedaços pelo chão. Menos mal. Engato a primeira e tento arrancar e TREC-TREC-TREC-TREC e não sai do lugar.. Câmbio ou homocinética.
Abri o capô e vi a maldita homocinética toda deformada. Como estava perto de casa, busquei meu jipe, chamei outro motorista e fomos rebocando o Corrado.
Pois bem, compramos outra homocinética nova, montamos e tudo perfeito. Será? Que nada, o radiador havia sido recuperado das avarias da batida. Pois é. O serviço ficou péssimo e começou a vazar p/ tudo quanto é canto. E dessa vez não tem outra saída a não ser conseguir outro radiador novo, sendo duas alternativas — as duas caríssimas: importar ou mandar fazer aqui. O dono do carro encontrou uma terceira alternativa e optou por remanufaturar o radiador, colocaram uma colmeia nova aproveitando somente as caixas laterais do original.
Abaixo o felizardo amigo Guilherme fazendo um carinho no seu Corrado SLC.
Enquanto o novo radiador não fica pronto, vamos prosseguir os trabalhos no vermelho. Terminei o capítulo passado com a fabricação da caixa de subwoofer modelada para o espaço lateral do porta malas.
Nesse meio tempo consegui comprar um amplificador de cinco canais. Com ele em mãos preciso desenvolver um suporte/case para embutir o amplificador de modo que os cabos fiquem totalmente ocultos. Como não gosto de usar MDF em carros (em minha opinião, madeira não se usa em carros, só em carroças) decidi fazer uma caixa de alumínio.
Como o meu objetivo é deixar tudo o mais discreto possível no porta-malas, teria de pintar o case de preto, então usei o spray VHT wrinkle que promete deixar a pintura texturizada/enrugada. Após ler as instruções na embalagem, apliquei algumas demãos de tinta e a mesma ficou lisinha e brilhante, será que isso vai enrugar mesmo?
E não é que após algumas horas a mágica acontece e a tinta enruga mesmo? O resultado final ficou como eu queria, tudo bem discreto, quase invisível no porta malas.
Hora também de instalar dos alto falantes que trouxe dos EUA, os traseiros são 4×6, exatamente do tamanho dos originais, então deve ser plug´n play certo? Errado. Como o alto-falante que comprei é mais potente que o original, obviamente seu imã e profundidade da carcaça são maiores. Não coube no suporte. Lá vem a dremel comendo de novo.
Chegamos ao final de mais um capítulo dessa saga que parece nunca ter fim…. creio que esse seja um dos mais longos PCs publicados aqui no FlatOut e quando você acha que está quase acabando… SURPRESA!