Fala, galera! Meu nome é Otávio Nelle e quero agradecer pela oportunidade de compartilhar com vocês a história desse carro que me conquistou desde o primeiro dia. Trata-se de um Golf ano 1995, modelo GL (feito na Alemanha), adquirido no início de setembro de 2012.
Como não vi nenhum outro Project Car desse modelo, vou fazer uma breve descrição do veículo. Mesmo sendo este um modelo mais básico, ele vem de fábrica bem recheado de acessórios, como por exemplo, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas, travas do porta-malas, portas e portinhola do tanque a vácuo, e desembaçador traseiro e dos retrovisores. O motor é um 1.8 8v com injeção monoponto e 89 cv a 5.500 rpm e 15 mkgf a 2.500 — é um carro bem esperto em baixa rotação, ideal para a cidade.
Vamos a minha história. Quando comprei o meu Golf, eu era apenas um moleque de 19 anos que pensava em todo tipo de loucura pro carro. Ele já veio um tanto detonado. Faltava spoiler dianteiro, o motor estava com um carburador 2E no lugar da injeção original, as travas a vácuo haviam sido substituídas por um kit elétrico e ele precisava de freios melhores.
Depois de algum tempo curtindo o carro, sofri meu primeiro acidente de trânsito. Saindo do semáforo, a menos de 20km/h, o veículo que estava na minha frente morreu na saída e não tive tempo de frear. Lá se foram o farol e o para-lama do lado direito. Apenas desamassei o paralama, coloquei outro farol no lugar e continuei usando o carro. Comecei a fazer as modificações: bancos de Golf GTI 95, freio ventilado na dianteira com pinças de GTI, rodas de A3 de 15 polegadas, suspensão nova e revisão no freio traseiro.
Um belo dia deixei o carro estacionado na rua por uns cinco minutos e quando voltei, mais uma batida, dessa vez na traseira. Dessa vez machucou mesmo. Continuei usando o carro.
Cerca de um mês depois, numa noite chuvosa, um motorista me deu uma bela fechada e para não atropelar várias pessoas que estavam no ponto de ônibus à frente, dei uma freada brusca. As rodas travaram em cima das faixas brancas de sinalização e o carro foi deslizando até bater a roda dianteira esquerda na guia. Por sorte não bati em outros carros, mas devido à pancada, a bandeja entortou e a roda ficava pegando no paralama. Pra mim a história com aquele carro havia acabado. Fiquei tão desanimado que a vontade era vender o carro.
Mas eu sempre fui muito teimoso. Corri pra oficina, coloquei uma bandeja nova no lugar, e logo voltei a circular. Até que um dia, sem saber que seria esse o dia que mudaria a história triste do carro, saí da garagem, o motor morreu e simplesmente não queria ligar. Problemas na parte elétrica. Como eu não tinha experiência com parte elétrica e decidi não arriscar. Toca pra dentro da garagem empurrando mesmo e bora resolver os problemas. Acabei desmontando o carro inteiro para poder fazer uma reforma leve. No fim, ele ficou mais de um ano parado enquanto eu juntava as peças novas.
Nesse meio tempo aproveitei pra fazer o curso técnico em Automobilística no SENAI Ipiranga, para conhecer mais sobre carros. Enquanto isso fui usando o carro do meu pai, um Subaru Legacy 93. Por ser um carro mais robusto, com tração integral, é gostoso pra brincar tanto no asfalto quanto na terra. Talvez eu ainda faça um Project Cars dele também, quem sabe?
Depois de ficar um tempo com o carro totalmente desmontado na garagem, achei um funileiro que topava fazer a loucura que eu tinha em mente. Restauração completa com direito a troca da folha de teto por uma com teto solar que eu tinha encostada em casa. Demorei pra decidir a cor do carro, pensei no marrom Marrakesh das BMW, marrom Macadâmia dos Porsche, no verde dos Colour Concept… mas nada me animava a ponto de ligar pro funileiro e aprovar a cor. Depois de alguns dias pesquisando, decidi que o carro continuaria na cor preta, mais especificamente Black Magic, código LC9Z. Nesse tempo que o carro ficou parado, eu fazia projetos de como queria o resultado final e comprava peças para dar andamento aos trabalhos.
Primeiros reparos, portas dianteiras trocadas, removendo toda a tinta pra poder refazer do zero.
Depois de removida toda a tinta, aplicado primer de enchimento para verificar se ainda havia defeitos.
Folha do teto já trocada, infelizmente não temos fotos do processo. Mas não é tão complicado, só precisa de um funileiro paciente.
Depois de realizadas todas as correções na lataria, foi aplicada uma base preta para dar mais brilho e profundidade no resultado final. Nessa foto, lixamento da base para aplicação do Black Magic.
Carro pintado e aguardando verniz.
De volta pra garagem. Começa a montagem (e novas desmontagens)
Peças e mais peças
Essa é a parte que eu mais gosto. Horas e mais horas passeando pelos eBay do mundo inteiro, garimpando peças, imaginando como ficaria o resultado final. Pra iniciar, trouxemos um volante de Passat B4 VR6 da Polônia, comprado pelo eBay. É um volante raro, por ter o aro todo em madeira e airbag, e eu nunca imaginava encontrar um desse 0 km por apenas R$ 600.
A minha ideia sempre foi montar o carro na cor preta ou marrom com interior claro. Não deu muito certo trocar a cor porque a maioria dos itens que eu encontrava para o interior, não eram bege, mas cinza. E foi quando decidi manter o carro preto e comecei a correr atrás do interior cinza.
Pois bem, um belo dia, navegando nos eBay (quem gosta de mexer no carro vai se identificar com isso) encontramos um Jetta mk3 na Alemanha que o dono estava vendendo o interior cinza! O problema é que o cara não tinha tempo para desmontar tudo e embalar. Alguns aqui devem conhecer o Dante Olivares, camarada que montou um mk3 Harlequim e um mk3 20th Jahre.
Pois bem, ele tem um amigo em uma cidade próxima, que se colocou à disposição para desmontar tudo, embalar e mandar pra cá. Ele negociou tudo, comprou o interior, trouxe pra cá e tudo isso sem que eu soubesse. Um belo dia fui na casa dele buscar outras peças que estavam lá e encontro uma caixa enorme. Ele disse que era minha, imaginem minha surpresa quando vi o interior que eu pensava em montar no meu carro ali na minha frente. Quase fui parar no hospital de tanta alegria.
Seguindo a saga, um amigo anunciou um tempo depois, um par de bancos dianteiros de A3 na cor cinza, eu tinha um jogo completo desses mesmos bancos, mas em tecido. Acabei comprando pra montar junto com o interior. Comecei a estudar as adaptações necessárias, pois o banco de A3 não encaixa no trilho do MK3. Com a ajuda do Arved, consegui os suportes frontais e os trilhos de um Golf MK4 (mesma plataforma das A3 8L) pra poder encaixar os bancos. A adaptação não foi tão difícil, só cortei o suporte dianteiro, e fiz um trabalho nas roldanas externas dos bancos pra encaixar nos trilhos, bem mais fácil e rápido.
Quando os bancos chegaram em casa
Adaptação pra entrar no trilho do mk3. É necessário diminuir a espessura da roldana do lado esquerdo no banco do motorista e a roldana direita no banco do passageiro. A travessa dianteira deve ser substituída pela dos MK4, pois o sistema de fixação é diferente.
Esse é o suporte dianteiro do banco das A3, foi preciso recortar e soldar no lugar do suporte do MK3. Não tenho fotos do trabalho de solda porque estava sozinho quando fiz essa adaptação.
Bancos montados.
Algumas peças que eu vinha reunindo com calma.
Essa foi a situação do meu quarto por um bom tempo. Rodas embaixo da cama, peças dentro do guarda roupa, em cima, pra todo lado na casa (minha mãe me ameaçou colocar tudo pra fora de casa umas vezes)
Painel do Climatronic em madeira pra combinar com volante e manopla.
Manopla original de mk3, a maioria das manoplas de madeira encontradas eram seis marchas, originais de mk4. Essa deu trabalho, o Correio perdeu outras duas unidades antes dessa chegar aqui. Até a coifa tem part number.
Colocando as peças no carro, eu sabia que seria necessário algumas adaptações, no fim das contas não foi tão difícil.
Peças montadas, falta nessa foto os milhas no lugar, estava fazendo testes pra ver se tudo encaixa corretamente
No próximo post, falarei sobre o clean que estamos fazendo no cofre, a montagem do motor, parte elétrica, suspensão, rodas e etc.