Fala, galera! Meu nome é Davi Ribeiro, tenho 29 anos e sou da capital do Ceará. A partir de hoje vou contar os detalhes da preparação do meu Project Car, um Fiat Uno Turbo com alguns upgrades. Vamos nessa?
Minha paixão por carros começou muuuuuito cedo. Em 1993 (aos sete anos), ganhei minha primeira revista de carro e eu já era atração na família e amigos da família porque já sabia o nome de todos os carros na rua. Logo logo meus pais viram que eu jamais seguiria a carreira deles (ambos são dentistas). Meu negócio era óleo, graxa e motor.
E com o tempo passando, nada mais óbvio que o vício em carros aumentar e juntamente o sonho em ser Engenheiro Mecânico se tornar cada vez mais presente no meu cotidiano. Em 2003 entrei na Universidade Federal do Ceará e em 2009 tive o início à minha primeira e até agora única experiência no ramo automotivo. Entrei como estagiário na Troller, subsidiária Ford em Horizonte/CE, a 50km da minha casa. Até então meu vício era todo em carros baixos, performance, turbo, ciclo Otto.. e aprendi que todo tipo de carro é viciante, inclusive os do mundo off-road.
Me formei em 2010, fui contratado e logo fui engajado no projeto do Novo Troller, definindo os planos de testes, montagem de protótipos e… testando carros! Caras, vocês não sabem o que é ver na rua um carro que você acompanhou, montou e testou até o lançamento!
Not so bad.. Trabalhando na praia
Com meus “bebês” nas praias cearenses
Eu e minhas máquinas
Bom, vou contar um histórico breve sobre os carros que já tive, upgrades e tudo mais que possa interessar. Começando pelos Daily Cars até chegar aos Pocket Rockets (Uno inclusive).
Ford Ka Action 1.6 2003
Aos 18 anos (em 2004) ganhei dos meus pais meu primeiro carro, um Kazinho 1.6 0km, um brinquedinho divertidíssimo, que eu adorava, mas infelizmente, em 2005, voltando de outra cidade, 2 carros bateram nele e foi dado PT. Não deu tempo de curtir o tanto que eu queria com este carrinho. Até hoje sinto saudades…
Coitadinho do Ka.. merecia um final melhor…
De ups ele tinha um som legal, um head Pioneer, kit 2 vias Bravox CS-60D, um módulo Fosgate 400×4 e um sub Bravox Premium de 12″, mais do que suficientes para este carro. No motor apenas um filtro cônico para dar um barulhinho legal.
Fiesta 1.6 Flex “Fifi Negão” 2005
Com o dinheiro do seguro do Ka, adquiri um Fiesta 1.6 Flex 0km, bem basicão.. só ar e dh… aos poucos fui equipando-o: rodas 17″, depois 16″, depois 15″, alarme, trava, DVD JVC KW AVX800 (dois din, na época era top!), filtro esportivo inbox, escape 2″ dimensionado sem catalisador, máscara negra DIY.
Fiestinha com 17″
Fiestinha com 16″
GM Vectra Elegance 2006
Em 2008 troquei o Fiesta no Vectra, logo cuidei de deixá-lo com minha cara:
- Rodas OZ Superleggera 18″ com pneus 225/40 e molas H&R
- DVD JVC KW AVX 800 com kit 2 vias, módulos Wharf Audio , 2 subs UXP 12” e porta malas todo personalizado, com caixa band pass.
- Coletor 4×1, filtro esportivo com CAI e Escape de 2,5” e ponteira de 4”. Potência medida no dinamômetro: de 127 para 140cv e 20,5 kgfm de torque
Foto do Vectra limpinho na frente do Fiesta do João Paulo Falcão, do Project Cars fo Focus Turbo.
Vídeo do Vectra no dinamômetro
E foi no Vectra que fiz minha debutada na arte dos Track Days. Em 2012, participei do meu primeiro Track Day, e logo nele tive meu primeiro susto…
No autódromo do Eusébio – me empolguei na curva e acabei rodando.. porém jamais desisti.
Após o susto tive o prejuízo de um para-brisa quebrado e a pintura toda marcada de pedras, mas nada muito sério, amém. Naquele exato momento, senti-me oficialmente batizado para as pistas e resolvi levar meu sonho adiante, já que em 2010 estava me formando e estava empregado. Eu decidi comprar um carro para preparar e andar nas pistas.
O início da contaminação pela bactéria velocicocus rapidus – VW Gol Furgão 1.9 Turbo 1992
Em 2011 vendi o Vectra e comprei um Focus 2.0 GLX zero, daí em diante resolvi deixá-lo exclusivamente para uso diário, já que preciso andar 50km por dia para ir ao trabalho. Comecei freneticamente minha busca por um carro para preparar sem gastar tanto. Logo fui atrás dos VW com motor AP, conhecidos por serem bons e baratos. Após muita busca, acabei abraçando um Gol 1.9 furgão, que já corria arrancada aqui no Ceará mas estava parado fazia um ano, mais pelas condições de pagamento que pela qualidade do carro em si: foram R$ 7.500 em seis vezes sem juros… acabei abraçando.
A primeira configuração do Golzim “Tomate” foi um 1.9 aspirado, com comando 49g, cabeçote trabalhado e carburação Solex H34 e câmbio PQ quatro-marchas — uma configuração bem feijão-com-arroz, mas ficou bem esperto.
Vídeo do Gol aspro na fase de acerto.. 140 cv, motor com pistões de GTI 16v bem taxado e queimando álcool
Com poucos dias de curtição, muito acelera adoidado, apareceu uma belíssima oportunidade de um kit turbo. Por R$. 1.300 parcelados em dez vezes um amigo me ofereceu um kit turbo com APL 525, carburador 3E trabalhado, bomba elétrica, etc e tudo mais que eu precisava para finalmente realizar meu sonho.
Agora eu tinha um carro turbo.
Mas… nem tudo são flores. Na verdade quase nada foram flores neste carro.
Como não mexi no miolo, eu havia turbinado um motor a álcool taxadão, e por isso mesmo ele era divertidíssimo com apenas 0,9 bar. Mas, porém, entretanto, todavia, contudo, em coisa de uma semana tive minha primeira quebra: a junta havia ido para o espaço. Quando abriu o motor, o estrago havia sido muito maior.. um pistão teve a saia quebrada. Resumindo.. mais uma oportunidade surgiu e acabei montando pistões e bielas forjadas. Nessa hora me senti o “dono do Gol quadrado mais inquebrável do mundo” — título que durou só até o primeiro Racha Noturno, no autódromo do Eusébio/CE
Na estréia na arrancada com meu primeiro carro turbo, lá estava eu felizão no autódromo, depois de quase uma hora de viagem no desconforto (sem ar, direção hidráulica, sem escape e com alternador de 30Ah (não podia ligar faróis por muito tempo) e sem isolamento termo-acústico (haviam sido removidos pelo dono anterior). Quando fui acelerar a primeira vez, meu adversário era um Fiat Uno Turbo azul de um amigo, um carrinho pelo qual, na época, eu já babava mas achava um sonho distante…
Resumo da ópera: eu, com meu Gol 1.9 Furgão turbo, carburado e forjado, andando com 1,5 bar de pressão, e depenado para chegar aos 790 kg, com seus, sei lá, 250 cv, levei pau de um Uno Turbo com 0,9 bar e 178cv (medidos no dinamômetro), injeção Fueltech, ar-condicionado, direção hidráulica e bancos confortáveis.
E pra piorar nesse mesmo dia o Gol quebrou uma homocinética, ou seja: meu amigo do Uno foi embora andando no carro, com ar-condicionaod, e eu na boléia de um reboque e extremamente decepcionado com o Gol.
Foi nesse momento que decidi deixar meu brinquedo mais confiável, mas como? Eu não tinha muito dinheiro. Mas naquele momento eu estabeleci uma meta: queria um carro turbo confortável e confiável, exatamente como o Uno Turbo azul — que originalmente era o feioso Amarelo Exploit, porém eu ja o conheci pintado nessa cor.
O Uno com o antigo proprietário
Quando vi essa cena pensei: que belo carro de pista
O sonho virou meta
Depois de aproximadamente seis meses gastando tudo que eu tinha, virando chacota com meus amigos, meus pais e família pelo fato de o carro passar mais tempo na oficina que comigo — e depois de mais duas homocinéticas quebradas (mais tarde descobri que elas eram peças do Gol 1000), muitos passeios interrompidos pela metade pelo carburador desregulando (afogava pelo excesso de álcool), pela bateria descarregando (alternador minúsculo), pela falta de disposição que eu tinha de andar no carro (era muito quente) etc., percebi que aquele Gol “fogão” não dava mais pra mim. A partir daquele momento eu tentei literalmente me livrar daquele carro e comecei a juntar grana todo mês até que me aparecesse outro carro top como o Uno Azul.
A meta virou realidade
Em agosto de 2012 eu ainda estava procurando o meu tão sonhado carro turbo confiável. O Uno azul ex-amarelo estava com outro amigo, e certo dia ele resolveu vende-lo para comprar um carro mais usável no dia-a-dia. Logo de cara ele usou um golpe baixíssimo contra minha pessoa: chegou na minha casa com o carro e deixou o Uno Turbo comigo para que eu pudesse ter a certeza de que o carro podia levar espanco que não quebrava. Dito e feito: rodei o fim de semana inteiro e o motorzinho 1.4 esbanjando saúde, a direção hidráulica bem leve, apesar de estar roncando um pouco, os bancos muito novos, estofamentos ok, teto solar abrindo e fechando normalmente, enfim, eu fiquei completamente apaixonado e alucinado pelo carro. No domingo à noite eu fiquei de ligar para conversar com ele, já que ele levou o Gol para avaliar a possibilidade de ficar com ele e revendê-lo. Quando liguei foi um grande baque:
— Alô, Rômulo? Cara vamos fechar negócio?
— Ih… Davizão, se eu te disser que teu Gol tem muita coisa pra fazer, inclusive estrutural e não vai dar para pagar o preço que achávamos que ia valer?
— Pqp, cara. Vou ver o que posso fazer aqui.
Na mesma hora me bateu um frio na espinha misturado com ansiedade, desespero e mais uma ruma de sentimentos ruins. E agora? O “desgraçado” me deixou apaixonado pelo carro e “saiu fora”. E eu, um coitado apaixonado coloquei na minha cabeça que teria que dar um jeito de comprar aquele carro, porém o valor que ele pagaria no meu Gol impediria o negócio.
Esperei mais uns dias, sem conseguir dormir direito, sonhando com esse penico atômico… até que meu telefone toca: “Davi, cara, estou precisando da grana. Vou facilitar o negócio”.
E assim o fez.. apesar de o valor não ter caído muito, ele parcelou em algumas vezes a diferença e em uma tacada só eu resolvi dois problemas: me livrei do Gol e comprei finalmente o meu carro turbo da maneira que idealizava: confiável para o dia-a-dia, bonito, confortável e equipado.
Assim que fechamos o negócio eu havia combinado com o Rômulo de no sábado seguinte à compra de irmos à Clinicar, uma oficina conhecida país afora em preparação de Fiat que fica em um bairro bem distante de onde eu moro, e ele sabia como chegar lá.
No sábado acordei cedo e, como prometido, às nove da manhã meu amigo estava em minha casa me esperando para irmos à oficina para a revisão. Mas no caminho algo inesperado aconteceu.. e que só vou contar no próximo post. Até lá!
Por Davi Ribeiro, Project Cars #280