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Project Cars Project Cars #322

Project Cars #322: como rebaixei o teto do meu Volksrod

Olá a todos. Vamos continuar a construção do Volksrod, mas antes, se você perdeu a introdução do projeto, confira o primeiro post aqui. Vou dedicar esta segunda parte a explicar da melhor maneira possível, como rebaixei o teto do Fusca, com algumas dicas, e também a descrição do “beam extender”.

DIY (Do it yourself), na tradução livre, “faça você mesmo”. Para preparar a carroceria, que teria seu teto rebaixado em ~10 cm, eu precisava saber um pouco sobre o que estava fazendo. Então importei alguns livros técnicos, entre eles “How to chop tops”; SMITH, Leroi Tex e “Chopping Tops: Practical Hot Rodder’s Guide”, O’TOOLE, Larry. A falta de livros com esse teor técnico no Brasil é assustadora, além de que o alcance é limitado a quem tem um nível intermediário de inglês, afinal não há traduções. Já ouvi comentários de preparadores, que é besteira investir em livros, que hoje em dia está tudo na internet.

Eu duvido muito disso, a riqueza de informações, representada com gráficos e exemplos situacionais é absurda e supera as “dicas de fórum” em qualquer instância (não que a troca de informações seja ruim, pelo contrário, mas sempre tem quem comente e teime sem argumentos concretos, vide artigo do FlatOut! a respeito). Recomendo a quem possa comprar livros desse porte, para fazê-lo. Via Amazon, você não terá problemas com taxas de importação e fretes exorbitantes.

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Estes dois são leituras imprescindíveis.

Recapitulando, lembram que no primeiro post comentei do encontro Sul Brasileiro? Pois é, ele acontece no mês de dezembro de cada ano. Participei da edição no final de 2014 com meu Fusca Bege. Estacionei o carro e fui cumprimentar alguns amigos, quando voltei, me deparei com um Fusca verde metálico estacionado ao lado do meu. Para minha surpresa notei que ele tinha o entre-eixos encurtado, assim como a altura das colunas do teto reduzida, logo fui falar com o dono, afinal mesmo lendo os livros não estava totalmente seguro para fazer a esmerilhadeira cantar e gostaria de algum suporte. Antes disso, não tinha noção nenhuma de funilaria, solda e afins, não queria acabar jogando uma carroceria fora.

Ao abordar o dono, descobri que ele era funileiro e tinha feito o carro por sua conta, e ele concordou em me dar algumas dicas e orientações.

O primeiro passo é cortar o teto fora, literalmente. Mas há critérios; são necessários alguns pontos de fixação, para manter o resto da carroceria no lugar, afinal a consistência estrutural pós corte, pode ser comparada a uma caixa de sapatos sem tampa. Você pode travar o ponto inicial da coluna A e B, caso não confie na integridade das suas caixas de ar, ou irá aproveitar para fazer reparos nas mesmas. Pode ser acompanhado de uma pequena solda para manter as portas fechadas no lugar.

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Outra opção, a que eu utilizei, foi soldar superficialmente um reforço ao longo da caixa de ar que era nova, além de travar as portas, obrigatório neste caso.

Tudo firme, hora de cortar. Mas onde?

Defini que removeria cerca de 9~10 cm, então cortei um pequeno retalho de chapa com está medida, e fui medindo intervalos até encontrar a menor variação nas colunas. Na prática, os pontos onde será mais fácil emendar tudo de volta depois.

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Neste exemplo, vemos o mesmo intervalo, disposto de dois modos ao longo de uma coluna. Os cortes hipotéticos em verde ilustram uma medida próxima, enquanto a diferença é clara nas linhas vermelhas, o que dificulta a posterior união das duas partes.

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Veja na última foto o maior obstáculo do processo. Além de a chapa ser estampada em duas frentes, é necessária esta manobra, descendo o corte através do vinco superior até próximo o fim do vigia.

Com o teto em mãos, cortei onde já havia marcado. Uma dica, não jogar fora os restos, as vezes são necessários em alguma emenda.

Após o teto estar sem 9 cms em cada extremidade, a próxima etapa foi retalhar o mesmo em 4 partes simétricas, e posicioná-las em seus respectivos lugares, com soldas provisórias e da maneira mais alinhada possível. Mas, do mesmo jeito que ao cortar uma esfera ao meio, tirar um intervalo de uma das metades e coloca-las juntas novamente geram um problema, eu também tinha um. Como no exemplo da esfera, precisei recortar e soldar chapas ao longo do teto para preencher os espaços que surgiram entre as partes.

 

O resultado é a foto que ilustra o último post.

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Agora sobre o beam extender, front beam.

O quadro da suspensão dianteira do Fusca é um conjunto inteiriço; com apenas quatro parafusos você pode destacar tudo do chassi.

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Com este “espaçador” o entre eixos é aumentado em 30 cm. Essa modificação requer a adição de uma cruzeta e um prolongador na coluna de direção. Utilizei uma articulação de Lada Niva, encontrada nova na internet por cerca de R$ 40,00, praticamente plug and play, basta usar mais um acoplamento de direção próprio do Fusca.

Até o momento ainda não consegui fixar novamente a carroceria no chassis, o visualmente remendado em fundo PU não estava me agradando, mesmo sendo o que eu poderia pagar. Claro que todos temos amigos do diabo, e que fazem comentários como:

– Por que você simplesmente não remove esse caminhão de massa e tinta, deixa a lata polida e enverniza? O custo é somente o teu tempo e o verniz PU.

Ai começou a novela, como dá para notar em algumas fotos, estou deixando na lata nua, e é muito mais trabalhoso do que pensei, mas o resultado está me deixando bem mais satisfeito.

Para fechar o conjunto, adquiri uma tampa de motor do modelo mais antigo, conhecido como W. É uma réplica em fibra, pois os modelos em metal estão custando o mesmo valor de um pulmão no mercado negro.

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Também chegaram os faróis dianteiros, são de uma marca nacional, mas de excelente qualidade, corpo em inox e lentes raiadas amarelas.

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Ao lado, as sinaleiras também em inox, cópias importadas do Ford 1930 Model A.

Para completar a farra (falência), caiu um motor oriundo de uma Kombi 2001 nos meus braços por um preço ótimo. Já está desmontado, estou fazendo o polimento dos dutos nos cabeçotes, que tem até mesmo alocação de fábrica para um sensor de temperatura (cabeçotes superaquecidos, além de deficiência de lubrificação no virabrequim são as maiores causas de problemas em motores preparados).

 

O próximo post vou dedicar à mecânica, aguardem!

Obrigado pela leitura! Desde já agradeço todos os comentários!

Por Leonardo Muller, Project Cars #322

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