Salvem, gearheads de plantão! Tudo tranquilo? Primeiramente deixo aqui meu agradecimento pelos votos da galera que apoiaram meu projeto, o Logus com motor 2.5 cinco cilindros.
Vamos começar: sou o Nildo, moro no ABC paulista e, no momento, estou terminando minha graduação em tecnologia da soldagem pela FATEC-SP. Como muitos aqui (ou todos, sei lá), sou apaixonado por tudo que tenha rodas. Minha história com os mancos começou na verdade com uma manca: uma bela e sucateada mobilete Monark azul sinistra.
A coitada andava mais pedalando do que acelerando. Era gambiarra em cima de gambiarra, desde naftalina no tanque até correia de tanquinho de lava roupa — tudo pra andar defumado por aí. Afinal o que um cara de 15 anos quer mais do que acelerar pelas ruas da quebrada? Assim passei um bom tempo. Depois peguei uma scooter e fui subindo de moto em moto até chegar a uma Teneré 600.
Com ela tive muitas alegrias e tristezas em forma de ralados. Vamos pular umas páginas aqui nessa breve história, vamos por mais duas rodas na salada e bem meu primeiro carro foi, uma Caravan preta seis-cilindros com cano reto e muito apetite pra consumir álcool. Bebia mais que todos os pingaiados do meu bairro juntos — e como eles, ela bebia de tudo, até álcool Zulu! Acabava com o estoque de álcool da cesta básica da família, sei que muitos vão me falar cara você é doido? Bem ainda não provaram nada, mas creio que sim.
Fato é que andei muito com ela e comecei a aprender sobre mecânica e afins. Com ela rodei na pista pela primeira vez, com aquela sensação de “fiz merda” das pernas tremendo a mão formigando e um sorriso de coringa no rosto. Bem da mesma forma que veio ela se foi: pátio. Eu ainda era menor de idade na época (crianças não façam isso, por favor!).
Depois da negona tive outros mancos e nessa lista, um belo Fusca azul, um TL marrom e um Voyage verde. Tudo ratoeira: andavam mais empurrados do que carrinho de catador de sucata.
O Logus entrou na família pelas mãos da minha mãe. Foi o segundo carro dela e o primeiro zero-quilômetro. Ele foi comprado em dezembro de 1996 e originalmente é um CLi 1.6 basicão — um belo carro para a época e muito justo no que prometia. Sei que tem muita gente que detona esse carro, mas vou abrir aqui um parênteses para falar disso.
Vamos lá: sim, o carro tem defeitos crônicos. Sim ele deu problemas na sua época de novo. Mesmo assim vou defender o carro.
Uso o carro ao longo desses 19 anos e ele nunca nos deixou na mão. Sempre rodou sem grandes problemas e já fui para a Bahia três vezes com ele. Então quais os defeitos?
Ele dá muito problema nas bandejas, mas hoje temos no mercado várias opções reforçadas que, na minha mão, andando com o motor turbo duraram mais de um ano. Parece pouco, mas para o Logus é muito. A suspensão traseira está original, não é ruim, mas ela é subdimensionada para a capacidade do porta-malas. A solução é usar molas para GNV ou molas e amortecedores do Santana. Fica um pouco alto, mas resolve. A barra estabilizadora soltou uma vez em 19 anos. Acho que é aceitável, não? O problema do Logus é aquele dono que compra o carro detonado, corta molas, enche a mala de som, coloca cinco amigos dentro do carro e, quando tudo quebra (porque vai quebrar), conserta com gambiarra.
O Project Cars
Mas agora vamos ao projeto em si. O Logus veio para as minhas mãos em 2009, quando compramos um Fox (esse sim, já deu mais problemas do que uma loira numa festa da NBA).De lá pra cá o Logus foi meu companheiro de dia-a-dia e com ele tive bons momentos, me ajudando muito nas necessidades diárias e no trajeto casa-trabalho-estudo-casa. Como todo maluco por preparação não demorou muito para eu comprar um kit da alegria. Sim: uma preparação turbo.
Rodei um bom tempo turbinado, até fritar uma turbina. Então tirei tudo e voltei para o manco 1.6 e assim fui seguindo.
O projeto começa depois de uma derrapada e um capotamento que resultou em alguns amassados. Com o carro quebrado e o ego ferido levei o manco para uma funilaria e três meses depois o carro estava pronto. Continuei a usar ele por mais um ano até sofrer mais um acidente, dessa vez não por culpa minha, mas sim de um bêbado que acertou a lateral do carro. Nada grave, mas suficiente para me deixar muito chateado — a ponto de dar um novo rumo ao manco.
Sentei de frente para o carro e fiquei alguns minutos decidindo o que fazer. Decidi montar um carro para pista. Como? Conversando com meu camarada Lucas Lima, pensamos em forjar o AP e continuar com mais do mesmo. Mas as lombrigas não deixaram e decidi partir para um swap: colocar um 1.8 turbo 20 válvulas. É plug and play! Parti em busca do motor mas, depois de encontrá-lo, decidi que queria algo diferente. Um cinco-cilindros. Um cinco-cilindros? Pô, mas não vai caber! Vai sim! Mede daqui, mede de lá… vai caber! Por que o cinco-cilindros? Bem acho que um vídeo vai explicar bem.
Com a mecânica decidida, vamos desmontar tudo.
Neste processo de desmontar o carro o que mais ouvi foi “cara você é doido, vai estragar o carro” ou “seu carro tá da hora, você nunca mais vai montar ele”. Mas querem saber? Sou doido mesmo e gosto de fazer minhas coisas. Sempre fui adepto do faça você mesmo, e faço um pouco de tudo quando me interesso por algo vou lá estudo, converso até aprender, deixo aqui umas fotos das minhas ultimas empreitadas.
Sim! Isso é uma bicicleta feita de madeira. Mas por que você fez uma bike de madeira? Porque dá para fazer. E ela não desmontou! Hoje ela enfeita a sala de casa. Nessas últimas semanas estou aprendendo sobre cutelaria, então aí estão minhas primeiras obras:
Voltemos.
Carro todo desmontado partimos para a cirurgia. Cortar o que podemos, cortar o que deve ser cortado. Lá vamos nós! O carro recebeu reforços na parte de baixo a fim de evitar torção e combinar o máximo de resistência com o mínimo peso possível. Tudo calculado considerando os pontos fracos.
Daí foi só soltar tudo. O agregado original era uma bela c*gada, torcia demais e por isso fiz uns reforços. Pode parecer frescura mas fiz alguns testes de torção na peça antes e depois e o resultado foi bem satisfatório: saí de uma torção de 7 cm fora do eixo de simetria com 80kg de carga para cerca de 2,2cm frente à mesma carga.
Com a parte de baixo pronta vamos desvirar o que sobrou do manco pra começar a reforma por cima, e definir os novos pontos de fixação para o novo motor. Isso acabou me segurando um tempo, pois não estava achando o motor. Demorou um pouco até encontrar um exemplar que eu pudesse comprar.
Mas isso é história para o próximo post, quando faremos a gaiola de proteção e mais alguns detalhes antes da pintura.
Até o próximo!
Por Nildo Souza, Project Cars #336