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Project Cars Project Cars #346 Zero a 300

Project Cars #346: minha picape Chevrolet Boca de Sapo hot rod começa a tomar forma

Olá, pessoal. Vamos à terceira etapa deste ProjectCar, lembrando que o objetivo do projeto é fazer a reforma da minha pick-up Chevrolet “Boca de Sapo” 1950, apelido “The Blue Thunder” (O Trovão Azul), um street rod com visual clássico antigo, mecânica V8 moderna e várias customizações visando dar mais conforto e segurança.

Peço desculpas a todos pela demora no envio desta etapa do PC, mas tive um atraso muito grande na funilaria, que estava inicialmente prevista para 4 meses, porém consumiu quase 15 meses! Uma lição importante que aprendi com aqui é que temos que ter muita paciência com os fornecedores na restauração de antigos, ainda mais considerando que o meu foco é na qualidade do serviço, e não abrirei mão dela para acelerar a conclusão do projeto. Espero que curtam a leitura!

Antes de iniciar este capítulo sobre a funilaria, gostaria de agradecer aos mais de 325 comentários que já recebi e convidar os leitores a conhecer as etapas anteriores:

Post #1: apresentação da minha história gearhead, como foi a compra da pick-up, objetivos do projeto, e início da reforma do chassis e instalação dos novos itens: novo conjunto de rodas/pneus, caixa de direção e suspensão Mustang II na dianteira e fourlink na traseira, etc.

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Se você ainda não leu esta etapa, acesse o link.

Post #2: a saga para procura e compra de motor V8, restauração completa, receita para sua preparação com cerca de 300 cavalos, e novo câmbio automático modelo TH-700R4 com overdrive.

 

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Se você ainda não leu esta etapa, acesse o link.

 

Então vamos à funilaria!

Neste post vou detalhar todo o serviço de funilaria, ou lanternagem, como dizem meus conterrâneos mineiros. Esta parte é crítica porque terá impacto direto na apresentação final da pick-up, por isso acompanhei com muito cuidado cada detalhe, começando pela remoção da tinta, desmontagem completa da lataria, reconstrução e customização da lataria no melhor estilo “na lata”.

Como é um trabalho totalmente manual, na lata mesmo, tomei muito cuidado na pesquisa e escolha dos profissionais “artesãos” que pudessem atender a minha expectativa de qualidade e habilidade para atender os detalhes nas customizações da carroceria. Neste ponto, vai um alerta a todos que querem um projeto legal: para ter alta qualidade tem que ter muita paciência durante a execução do projeto. Ou, se tem pressa, pague o preço e compre pronto! Tive que abrir mão de prazos e orçamentos iniciais para garantir maior qualidade do serviço e alavancar a valorização visual do projeto pois acredito que valerá a pena.

ANTES DO ORÇAMENTO, É IMPORTANTE FAZER A DECAPAGEM DA PINTURA

Voltando ao projeto, para que os funileiros pudessem me dar o orçamento eles pediram para fazer a decapagem total da pintura, deixando tudo na lata. Optamos por usar uma técnica simples e muito eficiente através da aplicação de produtos químicos para a remoção integral da tinta. Alguns minutos após a sua aplicação, a tinta é amolecida e removida com uma espátula. Não optamos por usar o jato de areia pois tínhamos o receio de que pudesse provocar maiores danos à lataria (lembre-se de que ela tem 67 anos!).

 

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De forma geral, é claro que tivemos surpresas após a remoção da pintura, mas a lataria estava em bom estado. Como era uma pick-up de trabalho, é natural que os reparos anteriores tenham sido executados com foco na funcionalidade, e não na beleza, por isso havia muita coisa a fazer…

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Para a substituição das partes muito danificadas pesquisei muito com amigos, contatos nos encontros de antigos e muita pesquisa nos sites especializados, e com isso consegui identificar alguns excelentes fornecedores no país, pois assim ajudaria a desenvolver o nosso mercado local. Só importei dos EUA as peças que eles não fazem, neste aspecto os catálogos americanos são imbatíveis tanto pela riqueza de detalhes e fotos quanto pela diversidade de opções de qualidade a preços competitivos.

Para negociar, contatei três funileiros na região de São Paulo, todos com muita experiência na recuperação de antigos e com ótimas referências, e apresentei todas as fotos da pick-up. Cada um me apresentou o orçamento fechado e a sua janela disponível para o início e conclusão dos trabalhos. Conversei pessoalmente com cada um deles e negociei bastante, e finalmente decidi pela contratação do “Rui Polaco”, um profissional muito experiente e honesto, situado na região de Boituva, a pouco mais de 100km de SP.

A minha dica de ouro é combinar um preço fechado, para evitar reajustes a cada etapa, definição das etapas e de um cronograma, e pagamento após a entrega de cada etapa. Isso aumenta o comprometimento do profissional no cumprimento dos prazos e padrões de qualidade para receber o dinheiro. Eu não fiz nada disso, paguei uma boa parte antecipada, para motivá-lo a fazer o serviço no prazo, porém ele não cumpriu os prazos e isso virou um problema para mim.

Na minha opinião, fazer a decapagem completa realmente valeu muito a pena porque durante a realização da funilaria não tivemos grandes surpresas, e tive a segurança para conversar sobre tudo o que deveria ser feito para atingir o meu objetivo final do projeto. E o orçamento acabou tendo um valor justo para as partes, pois havia clareza do trabalho a fazer e de tudo o que deveria comprar. Se não fosse assim, o funileiro com certeza embutiria uma boa margem de segurança, que aumentaria o meu custo.

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O início dos trabalhos de funilaria

Mandei a pick-up para a oficina do Polaco e em alguns dias ele concluiu a desmontagem completa, não sobrando nenhuma peça montada, cada parte foi reavaliada minuciosamente para uma solução definitiva de qualidade. Com isso, separamos a lataria em 3 grandes grupos de peças: o que seria mantido, reparado ou substituído.

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Avaliando o interior, a estrutura estava boa e o painel em ótimo estado. O assoalho estava com alguns podres e decidimos pela sua substituição. Comprei uma peça nova, réplica com as medidas originais, feita pela empresa “As Picapes Antigas”. O Adalberto e a Vanda são os proprietários e me atenderam muito bem, os serviços foram prestados com excelente qualidade e as peças serviram perfeitamente, o trabalho foi rápido e o preço justo, super recomendo! Atenderam tão bem que comprei todas as outras peças lá.

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Além do assoalho, haviam outras quatro partes que precisavam ser substituídas: os curvões da parte de trás da cabine e os suportes das portas, de ambos os lados, que não eram fabricados por aqui e por isso tive que importá-los dos EUA. Comprei na Classic Industries, um gigantesco fornecedor americano muito usado pelos antigomobilistas de todo o mundo. Se precisa de peças de antigos é bem provável que encontrará lá, para isso pode acessar o site ou baixar o seu catálogo digital específico para cada modelo.

 

Voltando à cabine, aproveitamos para fechar definitivamente a boca do tanque de combustível, pois ele foi transferido para a parte de baixo da caçamba, onde considero mais seguro e espaçoso. Também removi o ridículo teto solar, que em alguma parte da vida da pick-up alguém adaptou e estava horrível. Outra mudança na cabine foi a restauração e fixação das entradas de ar frontal e lateral, que não serão necessárias porque instalaremos o ar condicionado, e com isso passam a ter função puramente estética. Uma curiosidade é que esta entrada lateral era popularmente conhecida por “gela saco” porque quando aberta ventilava as partes baixas do motorista.

 

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As portas tinham, sob a massa plástica, partes podres e reparos mal feitos decorrentes de um erro de projeto nas picapes desta época: a vedação dos vidros das portas não era muito eficiente e, toda vez que chovia, acumulava água no seu interior. Não havia nenhum buraco para “escape” desta água, que lentamente apodrecia a lataria. Para correção definitiva substituímos as partes ruins das folhas das portas, refizemos o seu interior e colocamos um simples furo extra na parte de baixo.

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O capô também tinha várias camadas de pintura, entradas de ar falsas e alguns sinais de reparos mal feitos com muita massa plástica, que foram identificados e corrigidos após a remoção da pintura. Não colocarei o friso no meio do capô, por isso fizemos um acabamento especial para eliminar o seu encaixe.

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A caçamba estava com a lataria desgastada, algumas partes podres e vários amassados pequenos, e o seu visual era original não me agradava, por isso decidi pela sua substituição completa.

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A opção natural seria instalar a caçamba original (abaixo), porém na minha opinião ela é muito “quadrada”, e entendi que esse design não combinaria de forma muito harmoniosa com as várias curvas da pick-up.

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Optei por encomendar um modelo inspirado na Chevrolet Marta Rocha 1955, fabricado pela “As Picapes Antigas”, de Mogi das Cruzes, porém customizado sob medida em vários detalhes visuais. A tampa da caçamba também foi customizada para acompanhar o design. Como não queria alargar os paralamas originais, também fizemos uma alteração importante e funcional, abrindo a caixa de rodas para dentro da caçamba, e assim conseguimos acomodar as rodas traseiras de dimensão 20”x10”. Gostei muito do resultado final!

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E por falar em paralamas, eles eram originais e estavam muito ruins e foram completamente restaurados. Provavelmente foram a parte que estava em pior estado e que decidimos recuperar, até porque não identifiquei réplicas em lata no país. Haviam muitos amassados, remendos mal feitos e muita massa plástica, e foram totalmente refeitos na lata. A sua recuperação consumiu vários dias de trabalho manual mas valeu a pena!

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Com toda a lataria no lugar, iniciamos a montagem e no final vimos que os estribos ficaram curtos, deveriam ser 7 cm mais longos, porque fizemos modificações na caçamba e centralizamos a caixa de rodas, e por isso encomendamos novos estribos também na “As Picapes Antigas”. Ele ainda não havia sido instalado quando tirei estas fotos, mas ficaram muito bons e mostrarei no próximo post!

Estribos

Para finalizar a funilaria, pedi ao Polaco que aplicasse o priming para preservar a lataria e que também fizesse uma pintura provisória na pick-up em azul (qualquer tom desde que fosse azul). Com isso aproveitarei o período de execução da próxima fase (instalação da mecânica V8) para providenciar a nova documentação, alterando a cor predominante para azul (a cor original no documento era preta) e inserindo a numeração do motor V8 (o original era o L6, ou 6 cilindros em linha). Ele me quebrou o galho, e para isso usou a tinta azul que tinha disponível, por isso há dois tons de azul… não foi planejado, acabou a lata e finalizou o serviço com o outro tom de tinta, mas até que ficou legal!

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Ufa, finalmente consegui completar a funilaria, e avalio que esta etapa foi a mais complexa e também a mais longa deste ProjectCar. Estou muito orgulhoso do resultado que conquistamos até aqui!

 

E o projeto segue evoluindo!

Aproveitando para atualizar sobre os freios e regular a altura da pick-up!

No post anterior recebi vários comentários dos leitores, que sugeriram que eu reavaliasse o dimensionamento dos freios a disco que havia instalado e substituísse o conjunto de Opala por outro de melhor performance. Confesso eu já estava preocupado com isso e os comentários foram o empurrão que faltava para substituí-los!

Ouvindo a sugestão dos leitores procurei novas opções e me lembrei que havia lido aqui no FlatOut o post do Barata sobre as melhorias no Dart Games, que incluía uma pinça poderosa! Pesquisei o mesmo modelo e comprei na Summit Racing (EUA) o conjunto de pinças de freio de alta performance da Wilwood, modelo D-8-4, com 4 pistões, feitas em alumínio billet forjado para o Corvette. Também comprei na MercadoCar (SP) os discos de freio Fremax usados no Chrysler 300C, com diâmetro de 345mm.

Eles foram instalados logo após a conclusão da funilaria e ficaram um verdadeiro show!

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Também aproveitamos para fazer a regulagem dos coilovers com amortecedores QA1 e fazer o ajuste final da altura da pick-up.

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Fiquei muito feliz em achar aqui mesmo no FlatOut conteúdos de qualidade que me ajudaram na decisão, e valorizo muito a interação com os leitores através dos comentários.

Bom galera, por hoje é só, e se você gostou do texto ou tem alguma dúvida, crítica ou sugestão não se esqueça de registrar abaixo seu comentário, como viram eles são muito importantes para mim e ficarei muito feliz com a contribuição de todos.

E não percam, no próximo post, a montagem completa da mecânica e todos os ajustes para os primeiros testes de rodagem. Aos poucos o meu sonho está se materializando!

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Um abraço e até o próximo post!

Por Otacílio Santos, Project Cars #346

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