Seguindo nossa história, após um belo de um banho eu e meu namorado Jonathan acabamos pintando vários detalhes (possíveis de se pintar) do Fusquinha — inclusive as rodas —, o que já melhorou muito a sua aparência.
Mas ainda havia algumas dores de cabeça a serem resolvidas, a principal, a caixa, persistia em em escapar a terceira marcha, ainda tínhamos o freio que estava freando apenas na frente, mas por incrível que pareça o freio de mão estava zero, novinho, recém trocado antes de ser encostado, então a diversão era freiar puxando o freio de mão e sair arrastando o Fusquinha na rua, parecíamos dois doidos derrapando com ele.
Para tirarmos as dúvidas e não cairmos na mão de enroladores levei ele ao tio do Jonathan conhecido como “Tio Berê” que é aqueles mecânicos das antigas, que sabe o que faz, que só de escutar o motor já sabe onde mexer, tanto que em sua sala há um quadro “Doutor em motores” Chique não? Mostramos o carro ele nos disse o que fazer acabamos pedindo se ele topava tirar a caixa para tentarmos arrumar, ele aceitou, fiquei super feliz pois sabia que estava em boas mãos!
Enquanto eu trabalhava o Jonathan levou o Fusca no seu tio e o ajudou a tirar o motor e caixa, aproveitou e trocou freios, balacas, e tudo que precisava para ele voltar a freiar, na época eu não fazia ideia do que era balaca, imaginava um balaqueiro (Em gauchês uma pessoa que é marrenta ou meio fantasiada demais). Enfim, a caixa foi levada a um amigo que lidava com elas, e enquanto ela era arrumada o Jonathan aparece em casa com um motor na caçamba da Silverado, eu fiquei pensando “O que? Como? Mas que…” aproveitamos e pintamos alám de dar uma geral no que podíamos dar. A cor? Preto, fosco, barato e bonito.
Motor pintado, caixa arrumada, pensei “ok é só andar agora” no dia que estavam montando fiquei junto, todo aquele trabalho, montando o carro, o Jonathan saiu para testar e…. voltou com uma cara de bunda impagável, acho que ele estava com raiva, desceu e nos contou que o carro parecia um liquidificador, a caixa foi “arrumada” mas as engrenagens eram retificadas, o barulho era engraçado e assustador ao mesmo tempo, fomos embora com um misto de tristeza e raiva pois teríamos que mexer novamente ali naquele problema.
O tempo foi passando o Fusquinha ficou do jeito que era por um tempo, eu já estava meio desanimada, mas então lembrei que meu aniversário de aproximava, aquela alegria e ansiedade veio, eu imaginava o tanto de presentes que ganharia dos entes queridos, imaginava também receber do meu namorado lindos presentes!
O dia chegou e adivinhem, ganhei presentes do meu amado namorado super corretos para dar a uma namorada, um extintor, um macaco, uma chave de rodas, um triângulo e calotinhas cromadas para as rodas do Fusca, fiquei, errrr, super, suuuuuper feliz, quando o desanimo já estava tomando conta ele se redimiu puxando um buquê de flores, mas ainda assim quem mais lucrou foi o Fusquinha não eu! Sacana! Aproveitei tirar uma foto com o Fusquinha e as flores!
Procurei na cidade pneus maiores pois os que estavam estavam super carecas e eram finos de mais, achamos um jogo de pneus usados em bom estado, aproveitamos e colocamos as calotinhas, agora eu tinha um Fusca mais estiloso, podia dizer que era Rat para explicar os enferrujados, não é assim que se faz quando a gente não tem dinheiro para arrumar? Brincadeira!
Eu já amava ele de verdade, do jeito que era, mas faltava algo, então pensei em manter ele do jeito que estava apenas deixando bom para andar, pois ele estava bastante judiadinho, ferrugem, cromados descascados, tortinhos aqui, picados lá, rachados acolá, mas ao mesmo tempo pensava em deixar ele novinho, mas faltava aquela coisa chamada dinheiro para tanto, afinal, era necessário fazer toda a lataria e e pintar, além de trocar tudo que podia já que tudo estava um caco.
O tempo passou eu ia usando do jeito que podia ele, ficando perita em trocar de marchas com a caixa liquidificador, já era quase natal, então o Jonathan me avisou que havia comprado uma ignição eletrônica para por nele de natal (jóia mais um presente para ele e eu provavelmente iria ganhar uma caixa de bombom de R$ 7,00 imaginei), perguntei a ele quanto tempo iria demorar ele falou que não sabia, apenas disse que queria passar o natal com o Fusca já que faltava apenas uma semana, falei que queria fazer fotos com ele, então ele o levou até o “mecânico”, dias passaram, eu perguntava do Fusca e o sacana apenas dizia que o cara tinha muito serviço, que estava complicado que ele iria fazer durante a semana, e então comecei a me preocupar, ele não ficaria pronto até o natal? Começou a me bater um desespero, passava o dia enchendo o saco do Jonathan para ir ver o Fusca para ir la buscar e ele só me enrolava, reclamei, chateei, briguei, e ele sereno apenas dizia que não tinha o que fazer. Então….
O desgramado havia aprontado para mim, que emoção (deu para ver no video né?), ele havia levado o Fusca em um parente dele que é chapeador o “Jorge”, primo da minha sogra, e adivinhem, ele em uma semana sozinho preparou todo o Fusca e o pintou, além de trocar as peças quebradas tortas e com cromados estragados, foram soleiras da porta, parachoques, sinaleiras, borrachas, buracos e podres arrumados, eu não sabia o que fazer, nunca havia ganhado um presente destes, estava preparada para passar o natal reclamando com o Jonathan por levar em um mecânico tão enrolão e me deixar sem o Fusca. Mas aí o sacana me aparece com isso. É… eu fui pega! Caí no Overhauling Baruk (nome da nossa lancheria).
Ficou um espetáculo, agora eu desfilava com ele sorrindo de orelha em orelha, no próximo post teremos mais novidades e e histórias! Ah e muuuuuito obrigado ao “Tio Berê” o melhor mecânico do mundo, ao “Jorge” o melhor chapeador do mundo e todos que ajudaram a cuidar do meu Fusquinha até agora!
Por Luciana Nascimento, Project Cars #360