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Project Cars Project Cars #391

Project Cars #391 concluído: minha Chevrolet Montana ficou pronta!

Olá, arranhadores de calotas, aqui estou novamente com o último episódio da Capotana. Primeiramente peço desculpas a todos por não ter postado esse texto anteriormente. Infelizmente fui assaltado e levaram meu notebook, assim impossibilitando de escrever um texto como este.

 

Ok, vamos falar de funilaria?

Sim, passado o acidente e a “pré-recuperação” da Montana consegui levantar uma grana coincidentemente trabalhando em uma “seguradora” para os leigos, mas o nome correto é “associação de proteção automotiva”. Melhor não entrarmos em detalhes.

Escolhi então a oficina de um dos nossos parceiros que arrumavam os carros dos associados, quando fui fazer o pagamento de 50% do valor conforme combinado, eis que recebo uma ligação do meu ex patrão.

– Heitor?

– Sim, sou eu . O que manda chefe?

– Pode passar aqui no escritório para nós conversarmos?

– Chefe, estou na oficina com meu carro para arrumar, pode ser depois?

– Não, venha cá agora!”

O diálogo curto e grosso foi me angustiando até o escritório, que era relativamente perto da oficina. Chegando lá estava o dono da oficina e meu ex-patrão. Recebi a notícia em que eu tinha ganhado uma premiação por ser o melhor vendedor de cotas dos últimos três meses, e que como eles tinham visto que eu me dediquei para arrumar o carro, eu havia ganhado a reforma do carro 100% gratuita.

Poxa! Sério isso? Eu que nunca ganhei nem um frango com farofa no bingo de uma quermesse vou ganhar logo o conserto do meu carro… nem acreditei.

Pois bem amigos, como nem tudo na vida são flores, tudo começou a dar errado!

Deixei o carro na oficina e comecei a trabalhar com o carro do meu pai, o prazo para devolução do carro pronto era de 20 dias. Passei na primeira semana e o carro estava todo desmontado, e só, ainda por cima deixaram ele na rua. Isso mesmo: na rua!

Após perguntar ao dono da oficina ele disse que estava dentro do prazo. Ok, dei as costas para a oficina e fui embora, mas meu coração ficava apertado toda vez que passava por lá e via o carro na rua, até que duas semanas depois eu não me aguentei, chamei o dono da oficina e disse para ele começar a agir pois o prazo já estava se esgotando e eu não gostei do meu carro na rua, tomando chuva e sol todo dia, se fosse para estragar eu deixaria como estava.

Depois do esporro no dono da oficina, ele começou a mexer no carro, colocou para dentro do pátio dele, lixou o carro todo e começou a dar a massa de acabamento. Pensei comigo “Agora vai” mas não foi.

Deixaram meu carro lá, parado, com vidro aberto, parecendo que estava abandonado ali naquela oficina há anos. Ninguém mexia no carro, toda vez que ia lá o dono dizia que na sexta-feira o carro estaria pronto, mas se passaram umas 10 sexta-feiras e nada de mexerem no carro.

Até que um dia perdi a paciência, liguei para o patrão e agendei uma reunião com os três.

Na reunião descobri que meu ex-patrão e o dono da oficina desistiram do acordo que eles haviam firmado, e com isso meu ex-patrão não quis pagar para arrumar meu carro e o dono da oficina sem o pagamento não quis continuar a mexer no carro.

Pensei “Putz e agora?” conversei com o dono da oficina para que eu pagasse aquilo que havia combinado com ele, mas para minha surpresa ele queria aumentar o valor que havíamos combinado antes, diz ele que o orçamento aumentou de valor pois ele não sabia que o carro iria dar esse trabalho todo e blá blá blá.

Enfim… disse a ele o seguinte: Já que tu não é homem de cumprir sua palavra, então monte as peças do meu carro que eu vou retirar ele da oficina amanhã as 17 horas.

Voltei no outro dia as 17hs e adivinhem? O carro estava do mesmo jeito, nem tinham movido um centímetro e nem colocado um parafuso, fiquei com tanta raiva que peguei a mangueira do compressor da oficina, enchi os pneus e comecei a empurrar o carro para a rua dizendo que iria sair com o carro dali de qualquer forma. Sendo assim retiraram os carros da frente e eu desci com o carro para a rua, dando tranco pois a bateria estava quase morrendo já.

Consegui ligar o carro no tranco e parei com ele em uma casa de um amigo que mora a alguns quarteirões da oficina, para que eu fizesse um inventário das peças conferindo se estavam todas lá.

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Ali montei os faróis, parafusei as placas na lata mesmo, coloquei o circuito das lanternas traseiras com as lâmpadas, os retrovisores peguei a rodovia que contorna a cidade para escapar de eventuais blitz e fui para casa com o carro.

Chegando em casa com o carro meu pai parecia não acreditar que eu realmente tinha tacado o F#D4-se e tirei o carro de lá, aí então lavamos o carro para não infestar a casa de poeira branca de massa. (Mal sabia o que me esperava mais tarde)

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E o carro ficou ali na garagem parado por cerca de três meses, porque eu desanimei do carro, desanimei de oficina e já não tinha a grana toda para bancar tudo visto que com a discussão da responsabilidade do meu ex-patrão de não arrumar o carro eu mandei ele ir para outro lugar e pedi as contas da empresa.

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Contando novamente com a sorte um primo meu que é funileiro e pintor de Ji-Paraná – RO, teve que fazer alguns tratamentos de saúde em São José do Rio Preto/SP, e a casa do parente mais próximo da cidade era a minha em Uberlândia/MG, visto que ele iria fazer o tratamento de saúde e ficar uns 3 meses aqui em casa, ele se dispôs a me ajudar com meu carro falando para mim comprar apenas os materiais, e que arrumasse um compressor que ele levaria a pistola de tinta na mala para nós terminássemos de arrumar o carro.

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Pois bem, ele chegou, e eu nem me preocupei em procurar um novo emprego, visto que eu teria que ajudar ele no carro. E nesse dia eu aprendi a ser um funileiro.

 

Vamos lá! Para a aula de funilaria com o Heitor Arantes

1º – Você e a lata do carro tem que conversar. É sério isso! Você tem que perceber o que a lata do carro tem a dizer para você e para entender a linguagem dela passe a mão suavemente nela inteira, note as ondulações, as falhas, tudo o que precisa ser corrigido pelo seu tato, se sinta acariciando a mulher amada, sinta da mesma forma em que você acaricia o corpo da pessoa amada, vá com calma, paciência, carinho e ela te dirá tudo o que precisa ser feito para que volte ao seu estado original. Por que o que uma lata mais quer é ser consertada, pintada e sair arrancando olhares por aí.

2º – Tente voltar ao máximo a lata para o lugar. Ele me disse uma coisa muito especial “Não leve massa para passear”, enfim, depois da carícia, a brutalidade.

3º – Se você não tem paciência, desista. Para um funileiro de primeira viagem, fazendo um carro no fundo de um quintal, paciência é a grande virtude, Por que eu tenho certeza que você vai errar na hora de catalisar a massa e endurecer a porra toda antes de ser aplicada, você vai errar na hora de aplicar a massa, e depois de tudo isso você vai ter que lixar tudo, e passando a mão carinhosamente para ver se está liso, ah… e buraquinhos na massa vão aparecer e você vai querer morrer

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Primeiro passo: massa

4º – Quando você achar que terminou, você apenas começou, confira 2, 3, 5, 10 vezes se for necessário para que nada dê errado, para que aquele cunhado chato seu ou seu vizinho olho gordo não venha falar depois “nossa essa parte aqui ficou ondulada”.

5º – Se prepare para a pintura. A pintura é uma merda! Na pintura primeiramente se aplica o fundo (primer, ou outro nome que preferir chamar). Após aplicar o fundo o que faremos? LIXA! Isso mesmo lixa a porra toda de novo. Depois de lixar, vamos para a “empoeirada”, na empoeirada você já começa a se animar pois vai estar vendo a cor da tinta, vai ver seu monstro tomando forma novamente, e aí vai começar a se animar até que… Vai dar merda de novo, vai aparecer defeito que você não tinha visto e vai ter que lixar sim! E vamos para a segunda camada, aquela camada que vai preencher o carro todo, aquilo vai ficar uma beleza, seu carro finalmente vai ficar da cor que você quer, e quando você espera para secar, para e olha… O que? Tá fosco essa parada aqui!?!. Mas calma, depois da segunda camada de tinta, vamos para a terceira camada, onde as falhas de tintas irão sumir e seu carro estará 100% pintado de novo.Depois de algumas horas: ainda tá fosco essa P#R4! Calma, meu amigo, para isso existe o verniz.

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Segundo passo: fundo ou primer

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Terceiro passo: tinta

6º – O verniz. Na boa, se está lendo até aqui parabéns, por que chegamos na parte mais complicada de todas… O verniz! Pense em uma coisa trabalhosa… Pense em uma coisa chata… é o verniz, além de você praticamente não saber onde passou verniz, você tem que tomar cuidado para ele não escorrer, e ainda tem os insetos, fios de cabelo e sujeira que grudam nele, é serio gente, os insetos são atraídos pelo cheiro do verniz e pousam nele.

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Quarta etapa: verniz

7º – Após a aplicação do verniz, quando estiver seco, você verá quantos insetos grudaram no seu carro, quantos pelo de cachorro e flocos de areia estão no seu carro, e para tirar isso tudo nada melhor que um polimento, então voltemos para a lixa, corre ela no carro inteirinho e depois vem com a politriz e manda bala no polimento, até que se atinja o resultado final!

Depois das aulas de Funilaria, vamos montar o carro, para ver como fica.

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E pronto, o carro ficou lindo, perfeito, brilhando e agora pode voltar as ruas com sua honra e glória.

Sem mais delongas quero agradecer a todos os que leram meus posts, mesmo que meu carro não seja turbo, fuçado, dicurrida, ele está ai com seu espaço no nosso querido site Flatout, quero agradecer a toda a equipe do Flatout por todo o suporte necessário e muito obrigado a todos, desejo sucesso à vocês nessa caminhada de carros, lasanhas, motores etc.

Segue uma seção de fotos do carro pronto, e usos dele até hoje!

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As fotos com os presentes, foi uma campanha desse natal de 2016 que ajudei minha tia a fazer agradecendo a Deus pela sorte que tive de arrumar meu carro. Apesar dos pesares, estou vivo e com o carro pronto, então gentileza gera gentileza, a gentileza do meu primo por ter me ajudado se transformou em um natal feliz para milhares de crianças que sequer iriam ganhar algum presente. Obrigado e até mais!

Por Heitor Arantes, Project Cars #391

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Uma mensagem do FlatOut!

Heitor, que saga essa sua. Do inferno do acidente ao presente pela metade e às aulas de funilaria seu projeto foi uma aventura e tanto. Bom saber que você conseguiu terminar o projeto e ainda o usou para fazer coisas boas como esta do Natal. Parabéns!