Olá, amigos do FlatOut! Meu nome é Rafael (ou Rah para os íntimos) e essa é a primeira vez que participo de um Project Cars, e provavelmente a primeira vez que desafio meus dotes de escritor desde a época da faculdade.
Minha novela com o Subaru começou em 2010. Estava cansado do meu carro na época (que ainda não era um Subaru). Era um carro bem novo, apenas um ano de uso, ainda na garantia, mas já tinha tido tantos problemas que o pessoal da oficina já me chamava pelo nome. Com a infância regada a muito Hot Wheels e Gran Turismo (a gama de carros JDM no jogo era animal), sempre sonhei com os Skyline, Evo e STI. Obviamente não podia comprar nenhum dos três, mas por que não começar de baixo? Por que não um Subaru? Foi quando comecei a navegar pelas interwebs e vi esse anúncio…
O primeiro Subaru
Essa era a foto que abria o anúncio do WRX
Foi amor à primeira vista. O carro estava lindo nas fotos, pouquíssimo rodado, novíssimo… Pelo menos pra mim. Meus pais não aprovaram quando descobriram o que eu queria comprar. “Vai trocar carro novo por usado”, “seu carro tem metade da KM”, “como vai vender isso depois?” e coisas do tipo. Não os culpo, afinal, eles estavam certos.
Se você leu até aqui e acha que esse foi o carro que eu comprei, então te desapontei. Ouvindo a voz da razão (provavelmente vinda dos meus pais), decidi postergar a compra e partir pra algo mais civil. Então, com isso em mente… Comprei um Subaru!
RÁ! Não era um WRX, mas ainda era um carro muito legal
Era um Impreza 2.0R (aspirado). Não conseguiria comprar um WRX naquela época, então tive que me contentar com o hatch aspirado. Eu digo “contentar”, mas na verdade era um P#TA carro. O famoso sistema S-AWD de tração integral, 8 airbags, motor 2.0 16v em alumínio, 160hp, 20kgfm. É verdade que não tinha entrada USB, Bluetooth, GPS, bancos de couro, teto solar e esse monte de coisa bacana que tem hoje… Mas era ótimo de dirigir. Única coisa que fiz no carro foi colocar um jogo de rodas aro 18 Enkei. Na época meu irmão gostou do carro, e como eu não tinha planos de vender o meu naquela hora, também comprou um.
O meu era o cinza escuro, o dele era o branco
Um ano depois, tudo estava lindo maravilhoso, quando numa bela manhã de sol, me deu um baque: “olha o WebMotors AGORA”. Para minha surpresa, adivinha quem estava anunciado? Sim: ele.
O segundo Subaru
Exatamente 1 ano havia se passado e ele estava lá anunciado de novo. E para minha (outra) surpresa, a quilometragem do carro era a mesma. Como assim?
Fotos usadas para o anúncio já tinham mais de 1 ano
Acontece que, esse carro, mais especificamente esse ano (somente 2008 e alguns 2009), sofria de um problema crônico nas bronzinas. Elas simplesmente esfarelavam e o motor começava a bater pino. Aliás, era relativamente simples diagnosticar: se havia presença de limalha de ferro na troca do óleo, era sinal que as bronzinas estavam abrindo o bico. A CAOA (rede de concessionárias monopolizada da Subaru, pra quem ainda não sabe) trocava os motores que apresentassem o problema. E, adivinha só, o carro que eu queria comprar estava com esse problema. Isso justifica a quilometragem inalterada no período de 1 ano: o carro ainda era do mesmo (único) dono e estava parado, aguardando a chegada do motor.
Mais uma vez estava lá, eu, querendo trocar o certo pelo duvidoso. Tive que ouvir a mesma história dos meus pais, só que agora com um agravante: estava com o motor bichado. De qualquer forma eu ainda queria ver o carro, já que estava aqui em SP, e o máximo que aconteceria era eu não fechar negócio e voltar pra casa.
O carro estava num estado bom e relativamente raro, já que estava original (Evo, WRX e STI originais são tão raros quanto o fim de ano na Globo sem o especial do Roberto Carlos). Bem, “quase” original: o carro já tinha voltado da CAOA com o motor trocado (pelo problema nas bronzinas), portanto o bloco já não era o mesmo e ainda não constava no documento o novo número do motor (eu teria que fazer toda a parte burocrática de legalização no DETRAN). Além disso, todos os WRX dessa geração tem um lacre de segurança na turbina. Se o lacre é rompido, é porque turbina, downpipe, câmbio ou motor já saíram do lugar. E esse exemplar obviamente já não tinha mais. Pra piorar um pouquinho, o vendedor não tirava um centavo do preço…
Mas cara, que carro lindo. Será que o serviço da troca do motor me traria problemas? Será que eu sofreria com o DETRAN pra alterar o número do motor? E o seguro, será que conseguiria fazer? Afinal, não podemos esquecer que esse seria meu daily drive. Quanto menos bucha (e menos tempo o carro ficar parado), melhor. Foi nessa hora que decidi seguir uma das maiores filosofias já ditadas pelo mundo moderno, cujas palavras foram profanadas pela primeira vez por alguém muito sábio que desconheço: o famoso “f#da-se”. Fechei negócio e voltei pra casa de WRX.
Fotos que tirei no dia que cheguei com ele em casa
Era meu primeiro carro turbo – na verdade, era o primeiro carro turbo da minha família – e, voltando pra casa, pegando a via de acesso para a Rodovia Castelo Branco, pisei no acelerador com vontade pela primeira vez, esticando a segunda marcha. Eu já imaginava que seria legal, afinal era um carro com tração integral de 230cv e 32kgfm. Mas puta merda, que tesão. Minhas pernas tremiam, eu ria sozinho… Mas eu não queria abusar, o motor era (literalmente) novo, ainda não tinha a cobertura do seguro. Controlei-me até o final da viagem de volta. Chegando em casa, foi muito fácil notar o contraste de emoções: meu irmão gritava “C****** QUE ANIMAL”, enquanto meus pais faziam uma cara de “não adiantou nada eu ter falado, né?”.
O WRX de 2008 tem a fama de ser o “patinho feio” da linhagem, segundo os puristas e os manjadores. A Toyota acabara de se tornar acionista majoritária da Fuji Heavy Industries (detentora da marca Subaru) e dizem que o processo de toyotização foi aplicado para a concepção do “esportivo” japonês. Aliado ao estopim da crise imobiliária que começara na gringolândia, o novo WRX perdia para o da geração anterior em vários aspectos: coletor de admissão em plástico (antes de cerâmica), pneus mais finos (205 contra 225), amortecedores de concepção mais simples (antes eram invertidos), molas macias demais (a carga das molas do WRX 2008 se manteve inalterada em relação ao Impreza aspirado, que prezava pelo conforto – algo inédito na história dos WRX, até então), pinças de freio de 2 pistões na frente e 1 atrás (contra 4 e 2, respectivamente) e perdia as carrocerias sedan e wagon para ser produzido apenas em hatchback, que, para muitos, era heresia. E não podemos nos esquecer das bronzinas suicidas, que também era exclusividade dessa safra.
O início do projeto
Apesar disso, eu já sabia de todos esses problemas, e esse era o principal combustível dos meus planos para ele: montar um projeto usando peças originais de outras versões (mais novas e/ou melhores), evitando adaptações, valorizando as peças plug and play e tentando devolver o status merecido que lhe faltava. No papel parecia lindo. Juntando todo o conhecimento que adquiri no ClubeSubaru naquele último ano (enquanto andava com o Impreza aspirado), já conhecia as oficinas especializadas, aonde comprar as peças e quais delas se encaixariam no meu projeto. Porém, colocando tudo na ponta do lápis (donos de Subaru também fazem contas, às vezes!), cheguei a uma conclusão: só conseguiria tocar a “preparação” do carro assim que terminasse de pagá-lo. Até lá, ficaria restrito às mods DIY e estéticas. Imagino que boa parte dos leitores deve simpatizar: minha receita não acompanha minhas ideias pro carro…
Bom, então chega de somebody love. Comecei pelo mais simples, logo na primeira semana: adesivos vermelhos para as lanternas e a régua traseira cromada (aquela em cima da placa) substituída por uma na cor do carro, tentando dar um ar menos xuning à traseira. Desmontar o acabamento do porta-malas e a régua traseira é tão fácil quanto chamar o carro de Imprensa, pois nada além de presilhas de plástico seguram as peças (com exceção das lanternas, que tem um parafuso cada).
Antes e depois
Não demorou muito para ser convencido (por mim mesmo) a colocar um escape, só para o descontento do meu vizinho (desculpe sr. Milton!), mas acho que isso já é assunto para o próximo post…
Por Rafael Ferreira, Project Cars #407