FlatOut!
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Project Cars Project Cars #410

Project Cars #410: meu Volksrod está pronto – e rodando nos encontros

Após concluído o Volksrod, Aberração, Barata, dentre outros nomes, e com seu motor 1.300 instalado fiquei olhando para aquela frente e aquela traseira que não estavam do meu gosto…

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Resolvi colocar meu olhar clínico, estilo Doctor Hollywood, afinal nunca esta do jeito que queremos, e iniciei as alterações cortando a parte da frente rente ao capô dianteiro, tirando aquele queixo do carro, que lembrava um limpa-trilhos de trem. Ainda para tirar o aspecto de olho de grilo, inverti os faróis dianteiros e os piscas, como se verifica na foto.

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Saiu a cara de grilo e o “face lift” o deixou com cara de nervoso, com a suspensão a mostra e a caixa de direção, deixando um carro mais rústico.

Fui para a parte traseira onde foi feita uma lipo-aspiração, como se verifica nas fotos, tirando a lataria rente ao capô e efetuando cortes nos paralamas traseiros, entendo que ficou mais sexy assim. “La bellezza si sente”.

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Mas o escapamento, não era bem o que eu queria, portanto coloquei escapamentos de buggy, com dois canos apontando para trás como espingardas, afinal tinha que ficar uma coisa harmoniosa, a traseira desse carro será muito observada por seus concorrentes.

Tais modificações foram realizadas visando obviamente o efeito solo, para que a traseira ficasse como um extrator de ar estilo Mclaren MP4-5, e o calor dos gases provenientes do escapamento fossem utilizados (a exemplo do Alfa Romeo 155 da DTM), gerando o efeito desejado ocasionando maior aderência que juntamente com a aerodinâmica da dianteira remodelada, faria com que os fluxos de ar em torno do carro fossem lambendo as laterais, pairando placidamente sobre o assoalho e dirigindo-se à traseira. (tudo mentira, é pra ficar mais bonito mesmo)

Pronto a “carrozzeria” estava finalizada, era isso mesmo.

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Tudo pronto, caixa de direção nova, fui dar uma volta de apresentação com o veiculo por aí, ou melhor, desfilar. A verdadeira áaquina de entortar pescoço por onde passo todos olham, os homens curiosos e as mulheres, bom as mulheres não olham muito não, algumas acham engraçadinho.

É um veículo versátil, eu diria. É bem recebido em encontro de muscle cars, Track Days, encontro de motos, grupos de proprietários de Harley Davidson, encontro de VW Aircoled, enfim, e bem recebido onde chega.

Fui ao Detran, peguei a autorização para as alterações e a nota fiscal de serviço, mas como o motor não é o original dele (o original 1.600 estava abandonado precisando de uma revisão e ficou parado lá), ainda não regularizei todas as modificações que devem passar pelo Inmetro, mas a documentação tá em dia.

Então, agora tenho um Fusca pra fazer companhia para o Maverick e para a Vespa, olha a garagem dos sonhos como ficou.

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Então o grupo FACEFUKY resolve ir ao evento DNF (dia nacional do Fusca), na cidade de Curitiba/PR, a cerca de 300 km distante dos boxes de casa.

Pensei, “harleiros” viajam com suas Harley’s até o Atacama, o que é ir com esse Fusca modificado até Curitiba? Tranquilo.

Sistema de partida do Volksrod acionado por presença (coisa chic), afinal segurança é importante.

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Sistema de som instalado para ouvir “Deep Purple Highway Star”, dirija seu antigo por uma rodovia ouvindo essa música uma vez por semana. (com todo o respeito mas o Volksrod foi construído ouvindo apenas Rock, Blues e um pouco de Jazz, se colocar outra coisa perto dele tenho medo de eventuais quebras, fusível, relê, chicote, platinado existem para isso.

E marcamos a saída próximo as cinco da manhã de Itapema. Obviamente em um grupo de amigos nunca ninguém chega na hora né.

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Tudo revisado, cinto da “varig” afivelado, estaciono para o “splash n’ go”, e se iniciam os questionamentos por parte do frentista e de um bêbado que estava passando por ali na madrugada.

Por parte do frentista:

“Que carro é esse?”

“É um Fusca?”

“Saiu assim de fábrica?”

“É um protótipo?” (essa é a melhor e ainda escuto por ai)

“Motor AP?”

Por parte do bêbado:

“Me leva pra dar uma volta?”

“Eu tive um igual a esse?”

“Tem um dinheiro pra me ajudar na passagem do ônibus, preciso voltar para minha cidade?”

“Você viu a Camila por aí?”

Após a breve coletiva de imprensa, chega a tropa, Fuscas, brasilia, variant, karmann ghia, TL,  Kombi e lá vamos nós.

La foi o Volksrod, sem vidro lateral, sem limpador de parabrisa, com o documento em dia e com o acelerador roller, no comboio.

O motor 1.300 pedindo para ser acelerado, e como é forte esse motor.

Tocamos até chegar a cidade de Joinville, onde um café da manhã nos esperava, após comer um pão de queijo e tomar um choco leite, seguimos para Curitiba, coisa linda e nós se aproximando para subir a serra, o dia amanhecendo, o Volksrod mostrando sua vocação para aventura, que sensação boa.

Se inicia uma garoa, e na subida da serra para Curitiba a garoa vira chuva.

Apesar, da chuva e de estar sem limpador (é o que incomoda e algo a se providenciar), nada de água entrando pelas janelas laterais, carro internamente seco. Deve ser pelos estudos realizados no túnel de vento do Sidão com seu circulador de ar Arno monocromático (marrom e bege) quando da construção, por isso não tiramos as calhas de chuva, e esse efeito “hidrodinâmico”.

Subindo a serra, o motor 1.300 mostrando sua força (ou a leveza da carroceria “superleggera”), fui ultrapassando um a um os membros do comboio, não fazia sentido ficar tomando spray de chuva sem limpador de parabrisa.

Após passar todos ainda fui mais rápido para me antecipar ao comboio e assim poder parar para atender um chamado da natureza e descarregar o liquido ingerido anteriormente.

Se o carro por si já chama atenção imagina o quanto de buzina levei, por estar ali aliviando.

Tocando em frente o numero de pessoas filmando ou fotografando meu carro me deixava orgulhoso, os acenos os cumprimentos, tudo mais, me senti um Pininfarina, ou um Giugiaro.  Curiosamente chama mais atenção que o Maverick, as crianças dos outros carros ficam locas tirando fotos com seus celulares (crianças com celulares que coisa moderna).

Pegamos a BR-116 e depois uma estrada se é que podemos chamar de estrada, conhecida por linha verde. Sinceramente, aquilo não é uma estrada asfaltada, foi o pior asfalto que andei na minha vida, qualquer estrada de barro é melhor que aquilo, cada remendo é uma montanha.

Não consigo entender a cabeça do cara que executou quaisquer dos remendos ali, será que não percebia que estava fazendo algo errado?  Não tem pista só remendos, e cada remendo é do tamanho de um quebra-molas.

Chegamos ao evento, estacionamos e aquele gosto de metade da missão cumprida, o carro chamando a atenção de um grande numero de pessoas, tinha sempre alguém em volta fotografando, elogiando, contemplando.

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Ficava em volta não me identificando como dono para ouvir o depoimento sincero das pessoas, e como um pai coruja, posso dizer que ninguém emitiu uma opinião ruim do projeto.

Também notei que esse site é bem conhecido, muitos comentavam sobre o “Fusca do Flat Out”, um salve pro pessoal que estava lá e viu de perto o carro.

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Algumas fotos do veículo que encontrei no Facebook fazendo referência.

Pensei, sabe que com tanta gente gostando eu tô gostando mais ainda, esse motor 1.300 deu conta do recado, não incomodou, nada aconteceu na subida da serra. Tô até achando ele forte.

Ficamos mais um pouco no evento e resolvemos levantar acampamento, almoçar em uma churrascaria e seguir viagem.

Após almoçar, lá fomos nós de volta a Bela & Santa Catarina, tinha ainda uma serra para descer, e particularmente aquele trecho de descida acho um dos mais perigosos.

O céu começou a escurecer, iniciou uma chuva, e da chuva veio um temporal, parei no pedágio que antecede a serra, e vi o meu comboio me esquecendo no meio daquele temporal, inicia o desespero…

Lá se foram, e a moça do pedágio contando as moedinhas que dei, demorou tanto que imaginei que estava conferindo contra a luz para ver se a moeda não era falsa. Ao ser liberado sozinho, e sair da cobertura do pedágio, vi que não se tratava de um temporal e sim do dilúvio.

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Iniciei a descida da serra sem limpador e sem um carro a minha frente para servir como referência, tentei manter os 80 km/h para ver se alcançava o meu pelotão mas fui vencido.  Nisso verdadeiros rios surgiram sob a rodovia, onde ao passar por cima comecei a ficar assustado, e aliviar o acelerador.

Nisso eu na pista do meio começo a ser ultrapassado por ambos os lados me sentindo em um sanduiche, do lado direito caminhões jogando água dentro do carro e em mim, do lado esquerdo camionetes fazendo o mesmo serviço.

Como existiam verdadeiras lagoas e rios na descida da serra os veículos ao passarem por eles arremessavam baldes de água no parabrisa que me deixavam alguns segundos sem enxergar nada.

Não bastasse tudo isso começou a esfriar, na descida não havia um lugar para parar, um acostamento ou coisa do tipo, momento em que comecei a passar por veículos acidentados, capotados por conta do diluvio que estava ocorrendo, tudo isso passava uma sensação pouco agradável.

Repentinamente sinto a traseira do veiculo escapar de leve, não vou dizer que tirei o pé, fiz um punta taco, corrigi e reduzi, pois na verdade não sei o que fiz ali pra manter o carro naquela situação cercado por caminhões.

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Me lembrei de Gilles Villeneuve nessa foto aí, GP do Canadá 1981, mantive a calma e não tinha o que fazer a não ser encarar a situação, a chuva e o frio,  que até para carros modernos era difícil.

Nada é tão ruim que não possa piorar, apesar de estar sem vidros laterais o parabrisa começou a embaçar, meu celular começa a tocar no bolso (o comboio deu por minha falta e sabendo da minha situação me ligavam preocupados).

Conclui a serra e ao chegar ao seu final a chuva diminui, e lá estava mais um pedágio, ao parar, vejo outros Fuscas que estavam vindo do evento me cumprimentarem e fotografarem o carro. “Nois é zika mano”

Um até me disse que eu era louco de encarar aquilo sem vidros laterais (ele não percebeu que não tinha limpador, que realmente é o que mais faz falta).

Seguimos e quilômetros a frente estava o comboio que deu por minha falta e parou ao longo da BR-101 para me esperar, seguimos até um posto de combustíveis onde todos reclamaram da condição climática anterior e se mostraram preocupados comigo, pois sabiam da minha situação.

Logo a chuva parou e vamos cumprir o objetivo, pessoas fotografando, filmando elogiando e após a aventura nós felizes da vida, cheguei são e salvo em casa, com seu motor 1.300 forte (o que tem esse motor?).

Passado uns dias, como me mudei e moro em apartamento agora, tive de fazer uma escolha entre meus filhos — afinal não há espaço para todos — e resolvi guardar o VolksRod na casa de um amigo, uns quatro quilômetros distante de minha casa, pois não tenho tantas vagas de garagem no condomínio onde moro.

Lá estou eu na BR-101, chamando atenção de todos, quando o motor começa a perder potência e chega a morrer (logo o mais potente motor 1.300 do mundo).

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Reduzo para terceira, dou um leve tranco e ele volta a funcionar perdendo potencia e o motor morre novamente.

Reduzo então para segunda, e o mesmo acontece (me caiu os butiá do bolso).

Fico eu no acostamento esperando um guincho da concessionaria local para me tirar dali, ter uma quebra na estrada não é algo dos mais legais, amigos passam, param, se solidarizam, grupo de ciclistas passam mandam eu vender e comprar uma bicicleta, enfim….

Chega o guincho da concessionária guiado por uma mulher que mostrou que sabia bem o que estava fazendo, não é comum mulheres nesse serviço, e posso dizer que trabalham com muito esmero.

Ao olhar o VolksRod disse:

“-Eu já tinha visto esse Fusca, e pensei, será que um dia guincho ele?”

Agradeci o rogar de praga realizado, e o seu atendimento (tanto dela quanto da praga que pediu). E rebocamos o veículo.

No outro dia o veredito, aquele 1.300, forte, guerreiro, uma usina apenas para teste, que eu tanto havia gostado, travooooooooou.

Já era a usina, Volksrod agora precisa de um transplante, e agora, o que fazer Porca Miséria.

Me lembrei do 1600, abandonado, precisando de uma revisão, retifica, e tudo mais,  o que está sendo realizado no momento em que escrevo essas lindas palavras.

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Contudo não tem jeito após todos esses percursos, estou me vendo obrigado a vender o VolksRod, na verdade estou procurando um dono pra ele, ele merece, e assim termino a saga do inigualável, do “The One and Only”, Aberração.

Obrigado pessoal pelos votos, por poder compartilhar dessa história. “Grazie Mille!”

Por Italo D’Anniballe, Project Cars #410

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Uma mensagem do FlatOut!

Italo, che bella macchina tu ha fatto. Quem diria que de um Fusca pela metade seria possível fazer um hot rod de entortar o pescoço da galera nas ruas e ser tão bem aceito em grupos tão diferentes. Uma pena o problema com o motor e a necessidade da venda, mas temos certeza de que um dono encontrará seu carro para cuidar dele e curtir como ele merece. Parabéns pelo projeto!