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Project Cars Project Cars #421

Project Cars #421: a história da minha Variant Rat AP

Fala, galera! Tudo beleza por aí? Me chamo Diego Dries, tenho 26 anos, sou mecânico e moro em Medianeira/PR, onde sou presidente e fundador de um clube de carros antigos, a MedBugz e estou aqui pra contar a minha historia com a Variant 1975, que chegou a mim por um acaso do destino.

Antes de contar sobre ela vou falar um pouco sobre mim e sobre minha historia com esses bebedores de suco de dinossauro (ou suco de cana) e como me tornei mecânico. Voltando um pouco na historia, eu já nasci no meio automotivo — meu pai é mecânico há mais de 40 anos, então eu já nasci no meio automotivo.

Desde que me entendo por gente meu pai sempre teve um oficina nos fundos de casa — mais para uso pessoal e para alguns amigos, já que ele é concursado como mecânico na prefeitura da cidade onde nasci — então meus primeiros passos já foram dentro de uma oficina e foi algo inevitável me tornar mecânico (mesmo com minha mãe sempre sendo contra).

Contudo, para me tornar mecânico precisei de um leve empurrão da vida e do meu pai. Primeiro porque o primeiro carro do meu pai que tenho lembrança foi um Fusca 1961 roxo com rodas 15” tala larga, calotas e pneus largos, levemente rebaixado e com motor 1600 de dois carburadores. É um carro que sempre foi minha paixão e tento comprá-lo de volta até hoje (reencontrei ele uns seis meses atrás e desde então tento convencer a mulher que está com ele a me vendê-lo). Depois desse Fusca meu pai teve muitos outros carros mais interessantes, mas aquele fusca me marcou e essa paixão por aircooleds segue até hoje.

Depois de um certo tempo teve uma febre de gaiola cross aqui na região e meu pai montou uma com chassi e motor de Fusca. Como eu já era apaixonado por carros motores e corridas foi inevitável: aprendi a dirigir dentro de uma pista e logo fui puxando a barra da calca de um amigo de meu pai que era piloto antigo a me ensinar a pilotar. Ele se prontificou e me ensinou todos os macetes pra correr com um carro leve (cerca de 600kg) e tração traseira na terra. Meu pai vendo que a minha sede de correr estava diretamente relacionada com as frequentes quebras da gaiola me deu um ultimato: “Quer correr pode correr, eu te ajudo e te dou apoio, mas vai ter que se virar com a manutenção. Quebrou arruma. Se não sabe, pede que te ensino. Mas vai ter que fazer sozinho”. Estava ali o início da minha carreira mecânico.

Foram uns cinco anos desta forma até que acabei entrando em um oficina grande e virei mecânico profissional. Nisso já se passaram uns bons 10 anos. Hoje sou proprietário de uma mecânica junto à minha casa, e nela tenho focado em fabricar suspensões pra Fuscas e derivados, mecânica em geral de antigos e preparação em geral.

Voltando aos carros o meu primeiro foi uma Belina I 1977. Fiz de tudo um pouco nela, foi baixa, teve som, foi aspirada, foi turbo, explodi uns cinco motores dela, arranjei uma namorada (não graças a ela claro) que hoje é minha esposa e apoia (quase) todas as minhas loucuras. Depois dessa Belina passaram alguns Fuscas, um deles 1700 turbo razoavelmente forte, Opala cupê 78 2.5 turbo que depois virou seis-cilindros aspirado, Opala 89 Comodoro SL/E 4.1, Mazda MX3, Toyota Camry V6, Gol G3 1.0 16v Turbo, Saveiro 86 1.8 aspirada, algumas Saveiro G3, Ranger V6, Audi A3, Gol original BX que foi montado um AP 1.9 turbo com pressão deusmelivre, e chega se não vamos ficar até amanhã.

Entrando no Project cars #421 que, como já disse, chegou a mim por um acaso, eu sempre via essa Variant jogada em uma oficina praticamente todos os dias e nunca dei moral pra ela. Um dia depois de comentar com um cliente e amigo sobre a intenção de montar um carro diferente para ser uma espécie de show car da oficina ele me falou que um amigo tinha comprado uma Variant pra tirar o motor e montar na Variant dele que estava sendo restaurada e iria sobrar todo o resto — sim: o carro inteiro — e ele iria vender pro ferro velho. Fui olhar a tal Variant na mesma hora, e para minha surpresa era a Variant que eu via jogada naquela oficina. Ao analisá-la melhor tive uma agradável surpresa, ela estava com a estrutura intacta, assoalho e caixas de ar novas e toda a estrutura zerada, que é o que realmente importa nesses carros. Visto isso não tive duvidas: era ela a escolhida. Fiz proposta pro dono e comprei a joia.

Mesmo estando parada havia mais de um ano foi só colocar uma bateria e bater partida nela que ela funcionou perfeitamente, ainda com o motor que iria para a outra Variant — o qual ficou rodando nela até que a receptora do coração viesse da chapeação para receber o motor. O motor foi completamente revisado depois de retirado da minha Variant e montado na nova dona, mas nesse meio tempo, algo em torno de seis meses, muita coisa aconteceu.

Quando levei ela pra oficina, a primeira coisa que fiz foi analisar o que seria feito nela e qual era a gravidade de uma batida que ela tinha no canto esquerdo dianteiro, nada grave, mais era algo que eu queria deixar razoavelmente alinhado, mesmo que de forma rústica, já que o estilo que seguiria seria o ratlook ou, no caso dos VW, hoodride. Isso, aliás, é uma coisa que já vi gente discutindo feito, chamando de ignorante quem chama VW de rat sendo que o certo é hoodride e  que no final das contas são a mesma coisa. Eu particularmente curto chamar minha Variant de rat, e se alguém vier reclamar e falar que o certo é hoodride eu vou responder educadamente que a Variant é minha e se eu quiser chamar ela de Alfredina eu chamo!

Voltando ao início do projeto, peguei as ferramentas de latoaria que me estavam disponíveis, uma marreta grande e alguns martelos, e voltei a frente o máximo que pude pro lugar original dela. Sim, da forma mais arcaica possível, sem me importar com o resultado estético disso. Uma coisa que não consigo curtir em alguns rats que vejo por ai é o estilo forçado. Cada um faz o que quer com seu carro, mas as raízes da cultura remetem a pegar um carro que está abandonado e fazer apenas o básico para rodar com ele. O que dá o charme é a pintura desgastada pelo tempo e não a ausência da pintura. Como costumo dizer: um ratlook não é feito, ele já vem pronto, você só dar o seu toque pessoal nele.

Voltando novamente à minha Variant, consertei a dianteira, lavei toda por dentro e por baixo, tirei os bancos de Astra que alguém tinha enfiado nela e comecei a trabalhar na suspensão, que era o foco principal do projeto no início.

Iniciei o trabalho de suspensão tirando o eixo dela, algo que foi muito trabalhoso por que algum gênio da área automotiva resolveu soldar o eixo no lugar, já que um dos quatro parafusos que o prendem no chassi tinha quebrado. Depois de muita briga com o eixo, vários discos de lixadeira destruídos, inúmeras marretadas (irão perceber que essa é uma ferramenta muito usada em carros antigos) e várias horas de briga o eixo saiu. Com o eixo fora foi hora de decidir o que fazer com ele e depois de muito analisar resolvi encurtá-lo, montar catracas e fazer mangas deslocadas.

Foi encurtado 10cm cada lado do eixo. O único detalhe de encurtar tanto é que não é possível usar amortecedores, mas já que era um showcar para ser esporadicamente em eventos de antigos e para dar algumas voltas na cidade isso não seria um problema (veremos mais para frente que se isso se tornaria um problema) aliado ao eixo encurtado foi montado um par de catracas e as mangas foram deslocadas em 9cm, esse conjunto possibilitou ter um carro muito baixo e uma suspensão que tivesse um curso razoável.

Feito tudo isso chegamos ao ponto que uma Variant não é igual um Fusca e a parte interna do para-lama dianteiro é um grande empecilho para rebaixar ela, sem nenhum tipo de dó ou remorso meti a lixadeira e cortei os para-lamas dianteiros até o ponto onde pudesse deixá-la na altura que eu quero sem pegar em nada, por falta de tempo ainda não fiz as caixas de roda novas mais é uma das coisas que estão nos planos.

A suspensão traseira é um pouco mais simples de baixar mais também pega na parte interna do para-lama traseiro, algo que teve que ser cortado para acomodar as novas rodas de “tala larga” com 6” e off-set negativo e poder andar na mesma altura da dianteira, nessa primeira fase apenas tirei a pressão do facão para poder baixar e coloquei amortecedores de menor curso.

Vou deixar uma foto do atual motor só pra atiçar a curiosidade e nos próximos textos irei detalhar as outras fases dela e como chegamos até o atual setup dela, tanto de suspensão e rodas quanto de motor.

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Obrigado e até a próxima! Aquele abraço!

Por Diego Dries, Project Cars #421

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