Olá, meus amigos flatouters! Meu nome é Henrique, sou estudante de Engenharia Mecânica e trabalho como consultor técnico automotivo numa distribuidora de auto peças de SP. Não tenho memórias de alguma época da vida em que eu não fosse aficionado por carros. Meu pai por quase toda a vida foi motorista, dirigiu ônibus de turismo e por muitos anos teve caminhões, mas nunca teve essa paixão como eu. Será que é culpa do volantinho de brinquedo que eu tinha preso no meu berço? Vá saber…
Minha memória mais antiga (com data definida) foi o nascimento do meu irmão. Era dezembro de 1992, eu e meu pai buscamos minha mãe com o meu irmão recém nascido no hospital com o Opala 1969 que ele tinha na época. Eu achava aquele carro o máximo! Era gigantesco na minha visão de três anos de idade. Eu escorregava naquele banco de couro inteiriço pra lá e pra cá, ficava tentando mudar a marcha naquela alavanca na coluna do volante. Pirava! Nessa época meu pai passava dias longe de casa, e o Opalão ficava na empresa até ele voltar e trazer o carro para casa.
Voltando à chegada do bebê, ao chegar em casa meu pai desceu, minha mãe desceu com meu irmão no colo, e eu… só mudei de lado no banco! Fui brincar de fingir que dirigia o Opala! Foi aí que tomei um esporro do meu pai por não querer ficar com meu irmão para ficar no carro. Já passaram 25 anos, mas não esqueci. Eu devo ter pensado: “Esse bebê eu vou ver toda hora pro resto da vida, deixa eu aproveitar um pouco esse momento com o carro”.
Acho que com três anos eu já dava indícios que não seria uma pessoa normal quando o assunto são carros! Quando saia a pé com a minha mãe pra ir em algum lugar eu ficava de olho no velocímetro de todos os carros estacionados perto da calçada. Eu acreditava que aquela era a velocidade real que aqueles carros alcançavam. Qual criança não pensava assim?
Um pouco mais velho, eu olhava as medidas dos pneus de todos! Já achava ridículo os carros que usavam pneus 145/70/13 ou 155/70/13. Pra mim carro de verdade tinha que ter pneu largo! Guardava minhas moedas e troquinhos pra comprar revistas de carro. Se não era nova era usada nos sebos. Pra mim não tinha importância, a revista velha tbm tinha novidade pra mim! Devorava fichas técnicas, comparativos. Meu quarto tinha as paredes lotadas de pôsteres e recortes de revistas de carro. Meus desenhos favoritos eram os que tinham carros: Corrida Maluca, Speed Racer, Pole Position, até episódios de ursinhos carinhosos que apareciam os carros de nuvenzinha eu gostava. O caso é grave.
Quando ia no locadora com meus pais pra alugar aluma fita VHS eu não queria ver desenhos, queria filmes em que o tema ou a capa tivesse um carro. Aluguei todas fitas da coleção Havoc, que mostrava cenas de corrida de moto GP, Motocross, Rally de velocidade, Top fuel, arrancada de caminhões, acidentes, manobras radicais… e todo mundo tinha que assistir comigo, eu já queria discutir o assunto com alguém.
Filmes com o Herbie, Christine o carro assassino, aquele caminhão de “Encurralado”, carros do Mad Max… tudo o que tinha carro não saia da tela da Tv da minha casa… muito antes da onda velozes e furiosos eu já estava ai!
Brinquedos? Carrinhos! Vai brincar de Lego? Sou o primeiro a pegar as rodinhas! Brincar com aqueles bloquinhos de madeira? Vou fazer garagens para os carrinhos! Desenho livre no jardim de infância? Carros! Vinha algum tio/primo em casa de carro? Vamos Lavar!
Todos os meus empregos tiveram algo relacionado a carro mas vou pular essa parte, vamos para os carros! Carros originais, exatamente iguais ao que seu vizinho tem e que podem ser confundidos no trânsito nunca foram minha cara. Tem que ter algo pra deixar a minha cara.
Meu primeiro carro foi o Chevette. Foi rebaixado e tinha um sonzinho que eu mesmo instalei.
Pintei bloco e cabeçote do motor de cinza e tampa da correia e filtro de ar de laranja, mas as fotos se perderam com o Orkut.
O segundo foi o Gol 16v. Nesse coloquei suspensão de rosca, teve dois setups de rodas 15 e 17” em três anos, tinha filtro e escape esportivo e quando retifiquei o motor eu também pintei o motor de vermelho e fiz um polimento na tampa de válvulas pra ela ficar com aparência de cromada. Nesse eu instalei mais som.
O terceiro foi o que tenho saudades até hj, um Polo 9N 1.6. Só me deu alegrias com a suspensão fixa. Fiz as máscaras negras nos faróis, focos do farol alto amarelos, milhas amarelos, retrovisores prata, maçanetas e frisos pintados na cor do carro, filtro esportivo, rodas TSW Nurburgring 17” sonzinho básico com subwoofer de 12 polegadas. Pena que estava complicado manter ele com o Hondinha.
O quarto (e atual) é o Honda Fit CVT, comprado para ser dividido com a minha esposa (sabe como é, né?) mas após a venda do Polo tive que fazer algumas coisinhas pra deixar ele um tiquinho minha cara.
Emblemas Honda vermelhos na dianteira e traseira, milhas amarelos com xênon 3000k, molas encolhidas, adesivos VTEC, emblema Mugen na traseira rodas pretas. O que não pode é passar despercebido!
A compra da Van
Eu precisava de um carro para fins profissionais. Rodar com ele no dia-a-dia e fazer uma propaganda da marca da distribuidora. O que melhor do que um outdoor ambulante?? Decidi que precisava eu um carro furgão para adesivar a traseira!
As opções comuns que vemos em toda esquina seriam Fiorino, Doblò, Kangoo, Berlingo e Partner, ou eu teria que comprar uma pick-up e comprar aqueles baús de fibra removíveis.
VAGzeiro que sou, puxei a sardinha para o grupo VAG, queria uma VW Van ou Seat Inca, que a meu ver era um VW Polo Classic utilitário com peças fáceis de encontrar e com motor AP. Esses carros nos dias de hoje não têm muito valor comercial. Vendidos entre 99 e 02 por aqui foram em sua grande maioria muito judiados pelo tempo, e encontrar uma VW ou Seat em bom estado é como achar agulha no palheiro. Após marcar varias visitas e ver vários carros em lojas desisti de encontrar uma zerada e apelei para os carros com coisas a fazer pois assim eu teria certeza de que estava tudo zerado de verdade! E é claro, do meu jeito.
A escolhida foi essa VW Van 99/00. Com 119.000km rodados (de acordo com o painel), poucas coisas de funilaria pra fazer, para-choques desalinhados, interior estava razoável apesar de os bancos estarem “redondos” parecendo uma almofada de sofá. Do motor não vazava óleo, tinha um filtro de ar esportivo podre, faltava um farol de milha e a moldura. O carro precisava de um dono, e eu fui salvá-lo.
Depois do trabalho busquei o carro à noite e já levei direto para a oficina de um amigo que iria fazer a maior parte das modificações nela.
Minha intenção é leva-la ao Bubble Gun Treffen desse ano, portanto eu tinha muitas coisas a fazer pra deixar apresentável, afinal o maior evento VAG da América Latina não merece carro porco.
Antes da compra do carro eu já tinha comprado as rodas. Um jogo original de BMW M3 17×7,5”. Sempre vi um monte de VW com rodas de BMW dos anos 90 então não deve ser um bicho de sete cabeças. Lá vou eu contente compra os adaptadores 4X100 para 5X120 e “três parafusos no cubo e cinco na roda?” não, isso não vai rolar não. Tenho medo dessas coisas.
Lá vou eu pesquisar quais peças eu poderia combinar pra deixar o serviço mais perto do original. Aproveitando o estoque de onde eu trabalho, fui medindo vários cubos até encontrar uma solução: Cubos de roda de Fox na dianteira e Cubos de Golf MK4 na traseira!
Assim que poderia usar cinco parafusos no cubo e cinco na roda, que a meu ver é melhor parafusos a mais do que a menos. Nesse monta e desmonta de rodas já troquei discos, pastilhas, pivôs, terminais, flexíveis de freio… tudo zero!
Como o carro será usado no dia a dia e para ir nos encontros da vida, eu precisava de uma suspensão regulável na dianteira (Rosca) pra não passar tanto aperto, e na traseira que o bicho pega para o meu lado… Não tenho experiência nenhuma com feixes de mola rebaixados.
VW Caddy (que é o nome da Van no exterior) rebaixada praticamente não existe por aqui. Tive que recorrer aos fóruns gringos pra ver o que eles fazem nesses carros. Eles costumam inverter a montagem do eixo, prendendo ele por cima do feixe de molas ou usam suportes de ponta de eixo. Achei mais rápido a segunda opção, que além de manter o curso da suspensão, permite usar amortecedores originais, mas ai mais uma vez fui enganado pelo “peças fáceis de encontrar”.
Como ninguém tem Van/Inca, muito menos rebaixa elas, tive que estudar mais uma vez catálogos online pra tentar achar algo que sirva lá. Não tem nada pronto pra modificar esses carros. Descobri que a ponta de eixo usada na Van é a mesma das Saveiro G5 com tambor e sem ABS. Lá vou eu caçar uma parada dessas com regulagens para acompanhar a rosca dianteira.
Após a montagem da suspensão dianteira, levei o carro a outra oficina para troca de correia dentada, ajuste de marcha lenta que estava oscilando e fazer limpeza de bico pois ela estava com a marcha lenta oscilando.
Na primeira tentativa de montar o suporte da ponta de eixo o mecânico não conseguiu. Como eu não estava presente, e meu tempo está muito curto, disse pra ele deixar quieto que eu mesmo tentava depois pois o carro precisava iniciar uma nova fase que é a funilaria e pintura. Mas essa parte vai ficar para o próximo post.
Por Henrique Miranda, Project Cars #455